Capítulo 61

783 45 23
                                    

São 11:00 hs da manhã e sei que tenho que me levantar da cama, mas não consigo.

A casa está silenciosa, então todos já haviam ido embora. Era o último dia de aulas de Kitty antes do recesso e papai e Trina tinham que trabalhar como todos os dias.

Eu estava sozinha, mais sozinha do que nunca...

Me pergunto se Peter estaria fazendo a sua prova e se eu teria lhe atrapalhado de alguma forma. Esperava que não.

Olho para o teto do meu quarto, pensando que não tinha mais lágrimas para chorar. Em minha cabeça repasso uma centena de vezes a conversa que tive com Peter na noite anterior.

Eu havia planejado contá-lo sobre a viagem hoje após a sua última prova. Iria explicar com calma as minhas razões para tomar aquela decisão e quem sabe ele pudesse compreender. Talvez ele aceitasse esperar até que eu estivesse de volta para decidirmos como as coisas iriam ficar entre nós.

E então tudo havia saído do meu controle. Peter havia descoberto da pior maneira possível e tinha ido embora magoado.

Será que ele tinha razão no que disse, que eu estava com medo e que tinha inventado essa viagem para fugir dele? Com certeza eu não estava indo para a França em busca de alguém que me merecesse mais do que ele, como ele havia me acusado.

Tudo o que eu queria era poder dizer a ele o que não havia conseguido dizer na noite anterior. Queria dizer que eu estava indo embora para poder dar uma chance no futuro para nós dois, que eu queria evitar que o nosso relacionamento se desgastasse com a distância ou que a gente se ferisse muito mais do que ele já havia se ferido.

Mas agora era tarde demais...

Levanto-me da cama e vejo que ainda estou vestida com a sua camiseta, aquela que eu havia vestido porque a minha blusa estava molhada. Essa eu não iria devolver.

Desço até a cozinha e vejo as sobras dos biscoitos em algumas vasilhas no balcão. Esperava que a nossa briga não tivesse estragado o festival, já que eu não havia saído do quarto até agora desde que ele tinha ido embora.

A porta do meu quarto havia sido aberta algumas vezes durante a noite, mas eu não me virava para ver quem estava me observando.


Mais tarde a campainha toca e corro para atendê-la. Meu coração está acelerado, com a esperança de que seja Peter que esteja esperando do outro lado da porta, mas quando abro a porta, é Josh quem vejo. Não consigo esconder a minha decepção. Ele dá um sorriso triste e me oferece os seus braços para um abraço e eu aceito. Ficamos abraçados por alguns minutos, enquanto descubro que eu ainda tinha algumas lágrimas nos olhos para serem derramadas.

Josh está sentado no sofá e eu estou deitada ao seu lado. Estou agradecida internamente por ter alguém comigo nesse momento, alguém que compreenda exatamente o que estou sentindo.

- Como você conseguiu, Josh? Como conseguiu seguir em frente? – eu pergunto.

Ele respira fundo antes de responder.

- Caramba, Lara Jean... não posso mentir para você. Foi muito difícil no começo! Principalmente por que você se afastou de mim na mesma época, então eu me senti muito... sozinho...

Enquanto Josh fala, me sinto um pouco culpada pela confusão que eu havia feito na época em relação ao que eu sentia por ele, o que acabou nos afastando.

- Mas depois... depois essa tristeza vai passando com o tempo... até que fica só, não sei... uma saudade...

Eu não imagino como o buraco que eu estava sentindo no meu peito pudesse se transformar simplesmente em saudade.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora