Capítulo 35

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O Halloween era uma das festas mais esperadas do ano. Eu e Peter havíamos planejado como seria nosso primeiro Halloween juntos na UVA como universitários. Havíamos escolhido até mesmo nossas fantasias de casal. Mas eu estava aqui, na UNC, há quilômetros de distância, enquanto ele estava na Virgínia.

Só que o Halloween desse ano seria em uma quinta-feira. Ou seja, se eu saísse da Carolina do Norte no ultimo ônibus à tarde, chegaria a tempo das festas de Halloween da UVA à noite, e só perderia um dia de aulas, que seria a sexta-feira. Além disso, minha ida à Virgínia já estava planejada para aquele final de semana. Então comecei a planejar uma visita surpresa à Peter no Halloween.

Convencê-lo de usar uma fantasia de casal, mesmo estando separados, foi a parte mais difícil. Ele não via sentido algum nisso, mas eu insisti que podíamos fazer a montagem das nossas fotos depois no photoshop, e que eu queria muito fazer um scrapbook da nossa vida na universidade no futuro. Apesar de ser uma desculpa, a ideia do scrapbook era muito boa.

Antes de passarmos em universidades diferentes, tínhamos planejado usar as fantasias de Romeu e Julieta, da versão do filme com Leonardo Dicaprio, no nosso primeiro Halloween, mas depois que Peter havia ficado abalado com o fato de os dois serem adolescentes que cometiam suicídio, eu nem sequer mencionei essa fantasia como opção.

- Que tal Chun Li e Ryu? – eu pergunto. Estamos conversando ao telefone

- De Street Fighter? – ele pergunta.

- Sim.

Ele fica em silencio como se estivesse avaliando aquela opção.

- Não. – ele diz de forma firme.

- Por que não?

- Chun Li é muito sensual, Lara Jean. Os caras da UNC vão ficar babando em cima de você e eu vou estar aqui na Virgínia pensando nisso o dia inteiro. – ele explica, e sua voz está um pouco contrariada.

- Não precisa ser uma fantasia sensual. Eu posso ajustar para ficar mais comportada. – eu peço.

- Não, Lara Jean!

- Você sabe como é difícil encontrar fantasia de personagem asiática? – eu pergunto e ele não responde nada. – Você não vai estar aqui, então vai ser muito mais difícil para mim não parecer um anime se escolhermos um casal que não seja asiático.

Eu sabia que era um golpe baixo apelar para a exclusão racial, que, na verdade, eu sentia em alguns momentos, mas pelo menos consegui convence-lo a usar a fantasia que eu queria.

Para Peter foi muito fácil montar a sua fantasia de Ryu, bastou rasgar as mangas de um quimono velho e amarrar uma faixa vermelha na cabeça.

Já eu, tive que recorrer a Kitty para que alugasse uma fantasia para mim. Eu não estava disposta a viajar vestida de Chun Li por quatro horas dentro de um ônibus, então me arrumaria na nossa casa, na Virgínia, assim que chegasse.

Durante o dia, Peter me manda uma foto sua vestido de Ryu, na clássica posição segurando as duas pontas da faixa da cabeça e com cara de mal. Ele estava muito lindo daquele jeito, como se fosse possível não estar.

Estou esperando a sua foto, Lara Jean.

Ele manda a mensagem.

Ja-já.

Eu respondo, mas sabia que ele teria que esperar um pouco mais para me ver vestida de Chun Li e deveria estar um pouco aflito por isso.


Eram quase 21:00 hs da noite e Kitty estava dando os toques finais no meu figurino. Olho para o celular enquanto vejo mais uma ligação perdida de Peter.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora