Capítulo 62

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No outro dia de manhã me acordo com o som da campainha da nossa casa. Espero até que alguém vá atendê-la, mas a campainha volta a tocar novamente.

Levanto-me da cama e vou até a porta. Ainda estou de pijama. Faço um coque nos cabelos para que ninguém se assuste ao me ver e percebo a porta da cozinha aberta. Provavelmente Kitty e Trina estavam no quintal. Meu pai havia saído logo cedo pela manhã. Não havia dia melhor para um parto do que o dia 25 de dezembro, ele sempre dizia.

Abro a porta e sinto um choque passar pelo meu corpo. Peter está lá, de pé, se equilibrando em suas muletas. Ele veste um casaco de frio cinza. Eu o olho sem saber o que dizer e pisco os olhos algumas vezes com medo de estar sonhando. Ele olha para mim e também parece um pouco desconsertado.

- Eh... a Kitty está? – ele pergunta, sem jeito.

Ele está aqui pela Kitty, não é por você.

- E-está. – respondo.

Viro de costas, mas antes que eu dê um passo, ele fala.

- Espera.

Olho para ele, sentindo meu coração acelerado.

Ele põe a mão no bolso do casaco e retira uma caixinha de presente.

- Eu já tinha comprado há muito tempo, e não tenho mais como devolver, então... – ele me oferece a caixa. Eu a pego, tomando cuidado para não tocar em sua mão.

- Obrigada! – eu digo e sinto meu rosto corar.

Ele dá um meio sorriso em resposta, mas não um meio sorriso debochado ou contente. Um meio sorriso triste.

- É melhor você abrir depois... – ele diz.

- Tudo bem.

Um silêncio constrangedor paira entre nós.

- Você não quer entrar? – eu pergunto.

- Não. Eu vim só deixar o presente... da Kitty. Minha mãe está no carro me esperando.

Então vejo a minivan da Sra. Kavinsky parada na rua, em frente à nossa casa. Ela não está olhando para nós, então não a cumprimento.

- Peter! – ouço o grito agudo de Kitty, enquanto ela vem como um foguete, atravessando a sala em direção a ele.

Ela se aproxima rápido e envolve os seus bracinhos finos na cintura de Peter, encostando o rosto em seu tronco. Peter abaixa a cabeça e a encosta na dela.

- Oi, gatinha!

Os dois permanecem assim por alguns segundos e sinto meus olhos cheios de lágrimas. Acho que se eu não estivesse aqui, Peter tinha vindo mais vezes visita-la. Mas em breve eu não estaria mais aqui, então eles poderiam matar a saudade que pareciam sentir um do outro.

- Eu trouxe o seu presente de Natal. – ele diz e tira uma caixa de presente do casaco. É uma caixa retangular e fina.

Eu queria muito dar privacidade a eles dois, mas estou curiosa demais para saber qual seria o presente de Kitty. Ela abre o embrulho e há uma coleira para Jamie Fox, azul com seu nome escrito com pedrinhas de cristal.

- Eu amei! – ela diz e o abraça de novo.

Peter dá um lindo sorriso em resposta e eu me sinto atordoada por alguns segundos. Então me lembro do presente que a minha avó havia deixado para ele.

- Espere. Tenho uma coisa para você também. É rápido!

Corro até o meu quarto e volto com o embrulho de papel azul escuro que a minha avó não deixou que eu abrisse na noite anterior.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora