Capítulo 32

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A presença de Peter Kavinsky no Clube de Leitura com certeza marcou aquela reunião na tarde de sábado.

Primeiro porque onde fosse, parecia que Peter carregava um crachá de garoto mais popular da turma em seu pescoço, então era de se estranhar a presença dele na reunião de um clube de leitura. Além disso, as outras garotas não costumavam levar os namorados para as reuniões. Não sei se eles não se interessavam em participar, mas Peter parecia bastante atento à discussão sentado ao meu lado.

Tiffany está discorrendo sobre um ponto que sempre me chamou atenção da estória de Romeu e Julieta, que era o fato de eles terem certeza absoluta de que haviam nascido um para o outro, mesmo tendo tão pouca idade.

- A questão é que eles tiveram um encontro fofo. – Peter diz de repente. Todos param e olham para ele.

- Um encontro fofo? – Tiffany pergunta. Eu estou me segurando para não rir, porque imagino o que ele vai dizer a seguir.

Eu mesma havia explicado a Peter o que era um encontro fofo quando assistimos ao filme Romeu + Julieta, na versão de 1996, que era o momento em que o mocinho e a mocinha se veem pela primeira vez.

- Sim. Quando eles se olham através do aquário... – Peter explica, de forma séria, como se estivesse recitando uma das falas dos personagens.

Nesse momento todos riem e ele me olha contrariado.

- Você é tão lindo, Kavinsky! – eu digo, apertando as suas bochechas. – Se não tivesse nascido teria que ser inventado.

Então me lembro de que o nosso encontro fofo também havia sido lindo porque Peter se lembrava de todos os detalhes da primeira vez que me vira naquela reunião do sexto ano.

- Eles tinham treze anos! O que as pessoas sabem da vida nessa idade? – Tiffany volta a falar.

- Treze anos? – Peter pergunta, parecendo chocado. – Por que colocaram atores tão velhos para fazer o filme?

- Alô?! Por que Leonardo Dicaprio é Leonardo Dicaprio! – uma garota fala e todos estão rindo novamente.

- Não sei por que acham aquele cara magrelo tão bonito... - Peter reclama, revirando os olhos.

A reunião parecia bem mais leve do que as duas últimas em que eu havia estado, sem Peter.


Estamos voltando para a república, caminhando de mãos dadas e noto que Peter está mais calado do que de costume.

- O que foi? – eu pergunto.

- Nada. Só estou pensando no livro...

- Romeu e Julieta?

- Sim.

- Por que?

- Eles tinham treze anos, Lara Jean. Treze anos. E se mataram no final... que história... bizarra...

Ele fala parecendo realmente afetado com a situação.

- Para o seu alívio a estória deles não aconteceu na vida real.

- Eu sei, mas... – ele começa e depois para de falar. – Por que se matar?

- Eles não viam como viver um sem o outro. – eu explico.

Embora para mim também parecesse um fim trágico, ao ler o livro ou assistir ao filme você realmente acredita que aquele era o único final plausível para a história dos dois.

- Que bobagem! – ele diz, e não sei por qual razão, mas aquelas palavras me incomodam.

Ele olha para o lado, parecendo perceber alguma mudança em meu humor.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora