Capítulo 63

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Faltam dois dias para a minha viagem e estou terminando de comprar o material que preciso levar para o curso. Se deixasse para comprar tudo na França, o pagamento seria em euros, então seria muito melhor gastar alguns dólares aqui na Virgínia e pagar um pouco de excesso de bagagem.

Vou com Josh até a livraria McCalls procurar alguns livros que estavam faltando. Esperava que o fato de ele ter trabalhado lá por tanto tempo me fizesse conseguir algum desconto.

Josh está guardando as compras na mala do seu carro enquanto eu abro a porta do passageiro. É inevitável não olhar para a Linden & White, que é o antiquário da mãe de Peter. A loja fica ao lado da livraria, na rua de paralelepípedos do Centro.

A Sra. Kavinsky está organizando a vitrine da loja. Eu a observo de longe e ela olha de repente para mim. Sinto-me constrangida, por ter sido flagrada. Ela dá um pequeno sorriso e acena com uma das mãos para mim, como se estivesse me chamando.

Sinto-me um pouco insegura, mas vou até lá. Pelo que eu me recordava, tudo o que a Sra. Kavinsky queria era me ver bem longe do seu filho, então eu não fazia ideia do que ela pudesse querer comigo.

- Feliz Natal atrasado, Lara Jean! – ela diz enquanto se aproxima de mim. Estamos dentro da loja.

- Feliz Natal, Sra. Kavinsky. – eu digo, ainda me sentindo desconsertada.

- O Peter me disse que você vai fazer um curso de confeitaria em Paris. - eu balanço a cabeça afirmativamente e ela dá um meio sorriso. – Isso é muito... espero que seja muito bom para você.

Eu fico em silencio, sem saber o que dizer. Olho para a rua e vejo Josh escorado em seu carro, olhando para nós duas. Olho para a Sra. Kavinsky e percebo que aquela era a última oportunidade que eu teria para saber notícias de Peter.

- Como ele está, Sra. Kavinsky? – eu pergunto. Meus dedos estão mexendo de forma nervosa na barra do meu casaco.

A Sra. Kavinsky dá um sorriso triste antes de responder.

- Ele está... está bem, Lara Jean. Na medida do possível, está bem...

Tento forçar um sorriso para ela, mas não consigo.

Ela se afasta um pouco, mexe em uma prateleira e depois volta com um objeto nas mãos. É um fuê com designe vintage. Seu cabo é rosa e tem pequenas flores esculpidas. Eu já o tinha visto na loja. Na verdade, já havia paquerado com ele algumas vezes, mas o seu valor era muito alto para um utensílio de cozinha.

- Tenho uma lembrança para você... – ela diz e caminha até o balcão. Retira a etiqueta e começa a embrulhar o fuê em um papel de presente.

- Sra. Kavinsky, eu... eu não posso aceitar...

- Por favor, Lara Jean. Não faça essa desfeita comigo! É um presente de boa-sorte para o seu curso.

Ela se aproxima de mim e me entrega o presente. Não consigo olhar para ela, porque meus olhos estão cheios de lágrimas.

- Obrigada! – eu digo. Ela sorri e me abraça.

- Minha querida, eu quero que você saiba que... saiba que eu não tenho nada contra você, Lara Jean. Na verdade, gosto muito de você. Não tenho como não gostar de uma pessoa que se importa tanto com o meu filho... – enxugo uma lágrima que escorre dos meus olhos. – Mas acho que esse tempo separados vai fazer muito bem a vocês dois. O Peter vai poder se dedicar totalmente à universidade e ao lacrosse, você vai poder aproveitar seus dias em Paris...

Como eu diria para ela que um dia com Peter na sua casa valia muito mais do que um ano inteiro na França?

- Sra. Kavinsky, eu só queria que a senhora soubesse que... eu sinto muito... sinto muito mesmo por tudo que aconteceu... se eu pudesse, se pudesse voltar no tempo... teria feito muitas coisas diferente.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora