Capítulo 49

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Vou ao hospital no outro dia, lodo cedo pela manhã.

Entro no quarto de Peter. Ele está sentado na cama, segurando firme o lençol em volta da sua cintura, olhando de forma constrangida para uma enfermeira que está ao lado da sua cama. É uma senhora de cabelos grisalhos, que segura um aparador com uma das mãos, enquanto a outra mão está em sua cintura.

- Meu jovem, você sabe quantos iguais ao seu eu já vi em toda a minha vida? – ela pergunta de forma debochada.

Ele finalmente me vê e sua expressão é de alívio.

- Graças a Deus você chegou, Covey!

A enfermeira olha para mim e dá de ombros, depois entrega o aparador nas minhas mãos.

- Ele é todo seu, mocinha. - olho para ela sem entender. - Seu garoto quer fazer xixi.

Então dou uma gargalhada. A enfermeira revira os olhos, balançando a cabeça e sai do quarto. Estou olhando para ele tentando prender o sorriso.

- Você ficou com vergonha da enfermeira, Peter Kavinsky? – eu o provoco, enquanto me aproximo.

- Não estou acostumado a ficar pelado na frente de outras mulheres, ok? – ele diz enquanto eu o ajudo a posicionar o aparador. – A não ser na sua frente, é claro...

Percebo que ele já parece bem melhor do que no dia anterior. Seu rosto está mais corado e ele está sentado na cama, não deitado. Os monitoramentos de pressão e batimentos cardíacos também estavam desligados. Agora restava apenas um soro ligado ao seu braço esquerdo.

- Na minha frente e na frente das garotas da sua faculdade, não é, Peter K.? – eu acuso.

Afasto-me porque ele já havia acabado. Depois volto e fico de pé, ao lado da sua cama.

- Você mentiu para mim ontem... – ele observa.

- Menti?

- Sim. Você disse que não estava mais chateada comigo, por causa daquela foto, mas ainda está...

- Pelo que eu disse agora?

Eu não queria pressioná-lo a contar o que havia acontecido no dia em que a foto foi tirada, mas se ele estivesse disposto a contar, hoje eu não iria me opor...

- Não. – ele me puxa pela minha camiseta até aproximar o meu rosto do seu. – Porque você já me viu pelado hoje, mas ainda não me deu um beijo.

Então ele me beija, enquanto continua segurando a minha camiseta, como se quisesse me impedir de fugir.

Mas era exatamente isto que eu faria em menos de um mês...

Finalizo o beijo e me afasto. Viro-me de costas e finjo que estou observando o quarto. Na verdade, não queria que ele percebesse meus olhos marejados. A partir de agora cada beijo que ele me desse seria encarado como uma contagem regressiva até que estivéssemos distantes, pelo menos por um ano.

Sua mãe entra no quarto de repente. Ela olha para mim e sorri, mas o sorriso não chega em seus olhos.

- Você tem visita, filho. – ela diz e abre a porta.

É meu pai quem entra no quarto, se aproxima de Peter e o avalia, como se estivesse examinando uma das suas pacientes.

- Que susto você nos deu, garoto! – ele fala.

Peter parece sem jeito, e olha para mim. Eu vou até o seu lado e seguro uma das suas mãos entre as minhas.

- Já estou pronto para outra! – Peter fala.

Toda sua, Lara JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora