Capítulo 16: Constelações.

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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

-Clarice Lispector.

12/Junho.

Rafa.

       Após aquele dia que vi Bia chorar no terraço, sentada na sacada, a gente se afastou, na verdade ela que se afastou de mim, eu ajudei ela, fiz meu modo gay para ela rir e o que ela faz? começa a me evitar, cassete!! Nenhuma consideração com a minha pessoa, toda vez que nos esbarramos no prédio ela me evita, não deveria ligar mas eu ligo.
       Além disso tem o problema que é o novo vizinho, o Cezar Alexander filho dos donos, ele tem a mesma  idade que eu e dá em cima da Bia descaradamente.

         Arranjei um emprego, faço as compras dos moradores idosos do prédio. Hoje é sexta-feira eu faço as compras do primeiro andar, infelizmente eu até sei quais são os pedidos, como é Dia dos Namorados, aposto que comprarei flores, chocolates presentes bregas que as pessoas acham "bonitinho".

    Me vesti normalmente, calça jeans azul, uma camiseta vermelha e uma máscara de coração que Elly havia me dado, somente para dar a impressão de que estava feliz com aquilo, eu tinha um pouco de empatia ultimamente.

            Qual foi a minha surpresa ao abrir a porta do apartamento e ver Bia vestida de cupido, com asinhas de anjo, arco e flechas com corações na ponta e aureola, cachinhos de anjos, as armações dos óculos dela é em forma de coração, para quê tudo isso.

          -Oi Rafa, vou ajudar com as compras hoje!!- Ela disse empolgada, enquanto eu recuperava meu queixo caído, que por causa da máscara ela não tinha percebido.

         -Por quê dessa roupa? -Eu não via motivo para a vestimenta a caráter para hoje, nem carnaval era para tal.

        -Porque... eu tenho vários pedidos especias de presentes de namorados para hoje.-Ela parecia ter inventado essa desculpa agora.

        -Tudo bem!- Sorri fraco, mas me arrependi no mesmo segundo, Bia não podia vê-lo por causa da máscara. 

          Eu sai do apartamento primeiro e me dirigi ao elevador e apertei o botão para o primeiro andar, Bia entrou sem pressa alguma, ela parecia distraída, o que me deixou intrigado.

         -Bia.-Chamei a atenção dela.- Você...tá bem?-Eu não sei por que gaguejei.

        - Sim, não pareço está bem?-Ela se aproximou de mim e me olhou nos olhos, o que me deixou envergonhado.

       -Pa-parece que tá...-Que gagueira é essa Rafa?.

      -Que estou o quê? fale logo!- Suas sobrancelhas se uniram mostrando sua impaciência.

      -Distraída, é só isso.- Eu pensei que iria apanhar, mas por alguma razão isso não aconteceu.

     - Eu só estou pensando...nas coisas que vamos comprar, não se preocupa Rafa.- Eu sentia que não era isso, que a estava distraindo.

   - Ok.-Chegamos no primeiro andar, eu fui batendo nas portas e os vizinhos me entregavam uma lista e o cartão de crédito, percebi que eles não precisavam abastecer suas geladeiras e sim seus romantismos inatos.

  - Rafa eu conheço uma boa floricultura aqui perto vem comigo?-Eu não conhecia nenhuma então não tinha escolha.

-Claro, eu tenho cinco pedidos de flores que eu não conheço.- Ela riu.

-Vem!-Ela pegou na minha mão e puxou e eu senti uma sensação estranha no estômago, eu não sei o nome da sensação mas darei o nome de constelações, porque as sardas de Bia lembravam estrelas e eu me sentia leve como se estivesse no céu.

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O Inverso de Rafa e Bia(EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora