dia 1: acampados na escola

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Jack

Olá diário,

Finalmente conseguimos entrar na van, com Mônica na direção, Rony no banco do carona e o resto de nós distribuídos no resto do automóvel.

A nossa sorte era que a maioria de nós havia tido aulas caseiras de direção.

Eu estava ao lado de Dália, que, após certo tempo virou-se para mim:

-Eu sinto muito. -Seu semblante era triste, podia ver que estava sendo verdadeira em suas palavras.

Eu estava ocupado com meus próprios pensamentos, não conseguia tirar da minha cabeça a visão de minha mãe, com seus grandes e lindos olhos castanhos.

-tanto faz. -murmurei baixinho, ranzinza.

Eu encarei os meus sapatos, o caminho seria muito pior agora, pois, dessa vez, eu prestava atenção ao lado de fora:

Primeiro tudo o que vi foi uma maça cinzenta e verde que cheirava mal, depois, ruas vazias, o caos evidente, com algumas poucas pessoas correndo de um lado ao outro, gritando.

Peguei-me imaginando quais seriam suas realidades, como descobriram o que estava acontecendo - se é que descobriram - e por que estavam fazendo o que faziam.

Eu tirei um cochilo pelos próximos 10 minutos, sem sonho algum, apenas a imensa escuridão e o meu cansaço físico e mental.

Fui acordado pela voz de Mônica:

-JACK! ACORDA, A GENTE TEM QUE IR! –Ela chacoalhava meus ombros furiosamente.

Esfreguei os olhos e olhei em volta: Todos já estavam de pé junto à porta, que ainda estava fechada. Estávamos parados na frente do colégio.

-Como vamos passar?-perguntou Dina, ela parecia se dirigir ao namorado, Rony.

-Vamos correr. -Ele deu de ombros, os braços cruzados junto ao peito.

-ah, claro, por que isso é muito sensato. -Dália interveio.

-É nossa única OPÇÃO!-Rony rosnou numa mudança de humor repentina.

-então vamos morrer.

-Vamos morrer de QUALQUER JEITO Dália!-Agora ele parecia frustrado de verdade.

-PAREM!-Dina parecia que ia chorar a qualquer momento.

Eu, Mônica e Eric observávamos, com olhos arregalados.

Eles estavam mesmo discutindo AGORA?

A situação passou, deixando para trás uma nuvem espessa de clima tenso, que agora pairava entre todos nós.

Mônica respirou fundo:

-Rony e Eric vão à frente, depois eu e Jack e então Dina e Dália... -Eu parei de ouvir.

Aquilo tudo parecia uma missão suicida, mas não haviam tantos zumbis ainda naquela parte da cidade, estava tudo meio deserto,como se todos os zumbis estivessem sendo atraídos para o outro lado da cidade.

Ainda sim teríamos que passar por uma meia dúzia para chegar à escola e arrombar os portões.

Minha escola tinha uma aparência fantasmagórica, os grandes portões de metal fechados por um cadeado relativamente pequeno, seguido um corredor largo que levava à entrada principal, que tinha grandes portas de vidro pesadas de serem movidas. A estrutura branca parecia tilintar e ranger,as paredes sujas descascando,com marcas de tempo e infiltrações.

Ouvi suspiros. Eu não pude culpar ninguém, nós provavelmente não íamos durar muito... Assim como minha mãe. Mas eu não queria pensar assim, queria fazer o sacrifício dela valer a pena, e naquele momento, eu faria todo o necessário.

-1,2... -Eric começou.

-3! -Mônica gritou, alto até demais.

Deixei que Eric e Rony fossem à frente, então comecei a correr como nunca antes na minha vida.

Meus braços balançavam em frente ao corpo e eu podia ouvir barulhos altos, não muito distantes, percebi ser a arma de Eric. Arrepiei-me com esse pensamento.

Foi então que ouvi gritos agudos e desesperados.

Olhei para trás, e lá estava Dália, caída no chão com um zumbi em cima, ela lutava contra ele com sua faca, esfaqueando sem parar e gritando freneticamente. Pisquei, sem saber como reagir.

Sem pensar direito corri até ela, com medo de me arrepender depois, e meti a faca nas costelas do bicho, que caiu em cima de Dália.

Eu a ajudei a levantar e nós corremos, estávamos por último e o suor escorria pela minha nuca.

Perguntei-me porque Dina, que estava com Dália, não a ajudou. Ela não deu a mínima. Não sabia se ela não havia visto ou se não se importava.

Chegamos à porta e Eric e Dina a fecharam atrás de nós o mais rápido possível. Eu ainda não sabia como tínhamos conseguido.

Meu coração estava acelerado, eu estava ofegante,precisava desesperadamente controlar minha respiração.

Encostado na parede suspirei e escorreguei até estar sentado no chão. Fechei os olhos e permaneci ali durante os próximos 5 minutos. Até Mônica dizer que precisavam de mim, então murmurei um estou indo e me levantei,cansado.

Enchemos várias mochilas com garrafas de água, sanduíches gelados, pacotes de amendoim e novas facas.

Nós todos aproveitamos para tomar banho, não sabíamos quando teríamos essa oportunidade novamente.

-Acho melhor dormirmos aqui. -Rony, Mônica e eu conversávamos.

-Tem razão- Mônica assentiu.

-Não temos energia para continuar hoje – afirmei. Pelo menos eu não tinha.

-Certo. -Mônica assentiu novamente e foi conversar com o resto do pessoal.

+++++++

Eu estava arrumando um canto para me deitar, Rony, Mônica e Eric estavam conversando, Dália já havia se deitado e Dina havia ido beber água no bebedouro - Ela disse que não queria desperdiçar a água das garrafas.

Eu estava prestes a encostar a cabeça no travesseiro, exausto, quando ouvi:

PAF! A porta havia sido aberta com um estrondo. ONN ANN... Ouvi gemidos e me levantei assustado.

Era Dina, bem, não exatamente.

�CGDo

Diário Zumbi [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora