Jack
Olá diário,
Fazia 3 horas que tínhamos saído da escola, eram 10h00min da manhã e Mônica disse do banco do motorista:
-To quebrada, quem vai assumir meu lugar?
Rony trocou de lugar com ela.
Já havíamos entrado na rodovia, mas estávamos longe de estar em algum lugar onde não havia infecção. Como eu sabia? Bastava olhar pela janela e ver os zumbis que apareciam vez ou outra ao longo da estrada.
Pelo canto do olho, pude ver Dália retirando um lanche da mochila. Ela retirou o plástico com um desnecessário cuidado e o mordeu como se fosse sua ultima refeição. Talvez fosse, de fato.
Resolvi imita-la, meu estomago estava roncando a algum tempo. Tirei da mochila um lanche de frango, muito parecido com o dela.
Devorei meu sanduiche com uma rapidez extraordinária.
Logo todos estavam almoçando, embora ainda fosse cedo:
-Rony, quer almoçar?-perguntou Dália- Eu dirijo para você.
-Certo. – Ele respondeu e freou.
Eles trocaram rapidamente, para que os zumbis não se aglomerassem em volta do carro.
Mônica cochilava no banco do carona, sua cabeça escorregando para fora dele. Logo o sono pós-almoço me pegou também.
+++++++
Assim que abri os olhos o pânico me contagiou, eu estava coberto de sangue, preso pelo cinto de segurança.
O QUE diabos havia acontecido?
Olhei em volta: Todos estavam em situação parecida, Eric estava se soltando do cinto e ia em direção a Mônica, que gritava por ajuda. Dália estava desmaiada no banco do motorista. Eu não via Rony.
Comecei a me debater, lutando contra o cinto de segurança e contra o próprio banco.
Se não saíssemos todo logo dalí os zumbis chegariam, e então não teríamos chances.
Mônica veio até mim e me ajudou a me soltar, os olhos dela estavam arregalados, grudados nos meus. Em questão de minutos a nossa alegria de almoço coletivo e fuga foi transformada em terror e desespero.
Olhei para fora do carro,não tínhamos muito tempo.
-RÁPIDO! -gritei e fui até Dália, ela estava presa entre o banco e o volante, estava inconsciente, mas respirava.
Com uma pressa gigante a soltei e peguei-a no colo, apoiando sua cabeça em meu peito. Então peguei minha mochila e me juntei à Mônica e Eric numa corrida feroz:
Eric e Mônica abriam caminho, eliminando vários zumbis que estavam à nossa frente e cortando o mato com as facas enquanto eu corria desajeitadamente com Dália no colo. Ela tinha um corte preocupante na testa e sangrava.
Eu não sabia para onde estava indo, eu apenas corria e rezava para que nenhum zumbi nojento nos alcançasse. Se acontecesse, seria meu fim.
+++++++
Depois do que pareceu uma eternidade, Eric gritou:
-Ali!
Desaceleramos, havia poucos zumbis em nosso encalço, os pés de Dália batiam contra meu peito, ela gemeu:
-Jack? O quê?
-Eu é que pergunto: O que você fez com a van?-não consegui evitar o tom alarmado
-Tinha uma... Uma vaca enorme que surgiu do nada... Desculpe-me. -ela se encolheu com rosto choroso.
Não tive reação, apenas achei aquilo tudo muito mal contado.
Vaca? Como assim uma vaca? No meio de um apocalipse zumbi? Sério? Mas não questionei nada, estávamos todos confusos, afinal.
Agora não tínhamos mais locomoção, estava tudo indo lentamente por água abaixo.
Chegamos a uma casa abandonada no meio do nada:
Tinha grafite e não possuía portas ou janelas. Parecia que estava ali desde sempre, que havia encarado os zumbis como nós. Dentro havia vidro quebrado e muita sujeira.
Coloquei Dália no chão, os zumbis próximos não eram grande perigo agora.
-Espere, - disse Dália, olhando em volta. -onde está Rony?
-Não o vemos desde o acidente. -disse Mônica, pesarosa.
-Merda, -Eric disse o que todos pensávamos - ele já era.
Demos um enorme suspiro coletivo, cada um indo para um lado, arrumar suas coisas.
++++++++
Encontrei um bom lugar em um canto da casa, estávamos todos exaustos, mas não podíamos dormir, o dia estava apenas começando, exatamente 12h20min.
Eric ajudou Dália com o ferimento na testa, aparentemente, ele havia sido inteligente o bastante para pegar curativos na escola.
Mônica e eu ficamos lá fora, de guarda.
Conversamos sobre as estratégias, como ficaríamos ali, o sistema de guardas, a segurança da casa. Não havia uma solução cabível, estávamos ferrados.
Sentamos-nos, e eu lembrei-me de perguntar:
-Você se machucou?
-Não muito. - ela respondeu com um sorriso de lado, enquanto dava de ombros.
Estávamos todos sujos e o cabelo de ambas as meninas estavam bagunçados, mas em Mônica, aquilo ficava bonito.
Passei o dedo em cima de um corte em seu braço, ela fez uma careta de dor em resposta.
-Todo nosso plano já era. - Lamentei.
-Tem razão. -ela parecia triste, porém depois de um tempo seu rosto se iluminou - Deveríamos usar aquelas taboas lá dentro para tapar as janelas. Deve ter ferramentas aqui em algum lugar.
Era estranho como eu me sentia quando Mônica falava comigo daquele jeito, como uma "líder". Ela era como uma irmã mais nova, de quem eu tinha de cuidar a todo custo.
-Isso é tão estressante, Jack. - ela continuou- Depois de hoje sinto que não temos mais chance. - ela olhou ao longe.
-Não diga isso- levei o dedo indicador à minha boca, pedindo silêncio. Em resposta, ela sorriu - não vamos morrer, -continuei, também sorrindo- não ainda.
Nós rimos. Um pouco por causa de meu gesto de "pare-de-dizer-o-obvio" e um pouco porque estávamos nervosos. Fazer piadas sobre nosso destino cruel era a melhor escapatória.
Então Eric surgiu na porta e disse que era a vez dele e de Dália de vigiar.
Eu e Mônica nos levantamos, caminhando lado a lado:
-Nós vamos tapar as janelas.
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Diário Zumbi [em revisão]
Science FictionJack é um adolescente excluído de 15 anos que passa todo seu tempo livre jogando video game. Ele nem imagina que sua experiência de gamer level expert em jogos de zumbi será tão útil...