deixo para trás uma heroína

2.7K 256 89
                                    

Jack

Olá diário,

-An? – O que ela queria dizer?

-Me joguem lá, sou grande o suficiente para uma boa distração. – Ela tentou disfarçar, mas eu pude ver as lagrimas rolando sobre sua bochecha.

-Mãe, está louca? Não, você vai conosco. -eu disse firme, aproximando-me.

-Filho, eu te amo, mas se eu fosse seria um peso morto, convenhamos. -o misto de medo e choro afetava sua voz - Além do mais, não conseguiria passar por tudo isso, nunca. – ela gesticulou, engasgando com as lagrimas, olhos arregalados.

Minha mãe chorava, com as mãos no rosto. Eu entrei em pânico, apesar de tudo, bem lá no fundo eu sabia que era verdade, minha mãe não conseguiria sobreviver, eu mesmo tinha minhas duvidas.

Atrás de mim, os outros se entreolhavam. Minha mãe parecia tão frágil agora... Eu sempre a vira como uma guerreira, desde a morte do meu pai, ela criava-me bem, como se ser mãe solteira não fosse um grande desafio.

-Mãe, não. -Agora eu também chorava,soluçando,indo de braços abertos em sua direção.

Eu podia ouvir Mônica juntando-se a nós, num coro de lamentos e resmungos.

-Jack. -Rony colocou a mão em meu ombro - Precisamos ir, e rápido.

- não! - Rosnei.

Cheguei perto de mamãe e a abracei o mais forte que pude. Ela beijou minha testa e bochecha. Voltei a aperta-la, encostando-lhe a cabeça em meu queixo, ela sempre fora baixinha.

-Eu os amo muito, não se esqueçam disto. -Ela beijou meu ombro, fazendo menção a Mônica, que estava atrás de mim.

-Eu também. – Murmurei. Queria abraça-la para sempre.

Ela andou vagarosamente até a porta, enquanto eu me afastava,tremendo.

Novamente, eu Fechei os olhos. Mas antes de fazê-lo a vi olhando para trás pela ultima vez, com olhos piedosos.

-Mãe. - eu disse sem emitir som algum.

Quando abri os olhos novamente ela já não estava mais lá.

Mônica limpou o nariz na manga do suéter:

- Vamos. – Ela murmurou subindo no balcão.

Dina foi logo atrás dela, então Eric, que ajudou Dália a subir. Ela estendeu a mão para mim, e eu aceitei.

Apoiei o pé na borda da janela, tentando alcançar o telhado, Eric me ajudou e eu subi. Então eu e Dália puxamos Rony para cima.

-Agora a parte difícil... - Mônica disse.

Nós tínhamos que pular no teto da van e então entrar nela antes que os zumbis viessem para perto de nós.

Todos estavam cabisbaixos e o clima estava pesado, a maioria de nós possuía os olhos inchados.

Mônica e eu éramos amigos desde o sétimo ano, ela conhecia minha mãe havia tanto tempo quanto conhecia a mim.

Minha mãe esteve sempre pronta a ajuda-la:

Quando seus pais começaram a brigar – Dois meses antes de sua separação- e ela escapou de fininho, minha mãe estendeu a Mão e ajudou-lhe em tudo o que precisou: Abrigou-a, falou com seus pais, e esteve sempre ali.

Sempre que ela queria afastar-se de tudo, vinha para minha casa. Nós lanchávamos, jogávamos jogos de tabuleiro e,quando a coisa estava mais tensa,comíamos tortas de limão caseiras. Tudo para deixa-la feliz.

Dávamos-lhe carona, íamos ao parque depois da escola e competíamos para ver quem inventava a melhor história.

Fiquei ainda mais triste por saber que aquela época não voltaria mais, agora andando por aquelas telhas que rangiam, eu só pensava em como tinha sorte, pois minha mãe escolheu proteger-me, nem que isso lhe custasse a própria vida.

Rony foi o primeiro a pular, ajudando Dina e pegando-a no colo. Então foi a vez de Mônica, seguida por mim e Dália.

Eric pulou de uma só vez e, por um momento, eu achei que ele ia cair. Ele aterrissou na van com um barulhento BUM.

-Estamos quase. -Dália disse tão baixo que quase não ouvi.

Diário Zumbi [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora