Tragédia

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Apesar do cansaço, Peter uma boa prova de física, sendo outra vez o primeiro a entregar a avaliação. Tinha certeza que, em exceção de uma questão que lhe apresentou algumas dúvidas, acertaria tudo.

No final, fez bem para Peter ter saído para descansar a mente. Sabia que se tivesse ficado em casa, revirando na cama, ficaria indisposto e exausto mentalmente, o que provavelmente o atrapalharia no desempenho escolar. Mas sabia também que o motivo da sua melhora não foi ter saído para dar uma volta, muito menos cantar uma das suas músicas favoritas.

Bom, talvez, mas só talvez, o motivo tenha sido aquela companhia que se mostrou surpreendentemente agradável.

Se naquela madrugada achava que aquela companhia fora inesperada, agora Peter acreditava que era algum tipo de alucinação. Deadpool que o perdoe, mas esperar que um tagarela biruta como ele sentasse ao seu lado e o escutasse, dando-lhe apoio e não falando merda, era no mínimo inacreditável.

Peter até tentou culpar a maconha que alguns estudantes fumavam ali perto. Mas, ao se lembrar das últimas ações ao lado do mercenário, tinha certeza do que realmente havia acontecido. Era fácil até demais se lembrar dos atritos feitos pelo couro da roupa de Deadpool.

Na verdade, aquela mão calorosa sobre sua cintura, que havia o feito arrepiar até a ponta dos cabelos, o fazia acreditar que não se esqueceria tão cedo daquele toque, pois, mesmo sendo uma lembrança, sua pele insistia em tratar aquilo como presente. Mesmo depois de horas, ainda sentia os pelos dos seus braços arrepiarem só de se lembrar.

Poxa, foi apenas um toque de leve na cintura.  Estava tão carente assim? Sequer sabia que ali era um ponto sensível seu. E aquele beijo na testa? Diferente do típico beijinho estalado que ele já tinha dado, fazendo graça, dessa vez foi tão espontâneo que havia pego os dois de surpresa.

Bom, a surpresa maior não foi um beijo fofo vindo de Deadpool, mas sim o tanto que Peter havia gostado daquele beijo.

Mas infelizmente para Peter, sentir um pressentimento tão ruim quanto o que sentia não era muito motivador; e o pior é que sabia que não era coisa atoa, afinal, os dois eram quase opostos. Enquanto o Homem Aranha era um herói, o Deadpool era um mercenário. E todos sabem que mercenários não são heróicos, e muitas das vezes fazem o completo oposto do que um herói faria.

Mesmo que no início da sua carreira o Homem Aranha não focasse muito em heroísmo, depois de salvar aquele garoto do Largato passou a levar muito a sério sua responsabilidade heróica. Sendo assim, respeitava as pessoas e seus direitos, assim como não abusava das suas habilidades para o seu bem, nem mesmo usá-las para decidir algo tão definitivo como a morte.

Se fosse capaz de traduzir o que esse pressentimento ruim lhe dizia, provavelmente seria para manter distância daquele homem.

Entretanto, Peter não conseguia seguir seus próprios conselhos, se pegava relembrado como Deadpool fora gentil e amigável consigo. Podia até dizer que achou um resquício de humanidade quando viu o mercenário demonstrar preocupação consigo. Talvez nem fosse grande coisa, mas aquela fala não parava de repetir na sua cabeça:

“Ei, garoto. Eu não faço ideia do que tenha acontecido. Mas eu espero que eu esteja realmente certo em pensar que isso é uma “fase” e que vai passar logo.”

Um sorriso tímido nasceu nos lábios de Peter enquanto fingia prestar atenção na aula, o que não era muito comum.

Por ser muito tímido, geralmente Peter se sentia incomodado quando alguém lhe dava atenção ou preocupação demais. Mas, se feito de uma forma que o agradasse, não importava o nível da atenção ou da preocupação, passava a gostar, a admirar e se sentir grato. E não era muito difícil agradá-lo com isso, já que era solitário demais. Bastava demonstrar que seus sentimentos eram reais, não por algum tipo de interesse.

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