Por baixo da máscara

392 52 39
                                    

Pela falta de equilíbrio graças aos machucados, a aterrissagem de Peter em seu quarto rendeu um barulho estrondoso que ecoou por toda a casa, fazendo sua tia gritar da sala, preocupada com o que havia acontecido. Apesar do desespero, conseguiu a convencer que apenas tinha caído da cama por estar distraído com um filme.

Seu nervosismo estava tão forte que não conseguiu fazer mais nada além de correr ao banheiro, arrancando toda a roupa pelo caminho, deixando tudo espalhado, e ligar o chuveiro na temperatura mais fria, em uma tentativa falha de limpar seus pensamentos e clarear sua mente.

A água estava tão fria que parecia congelar sua pele, e a situação ficava ainda pior quando sentia o vento frio da janela alcançar seu corpo. Mesmo que tremesse e arrepiasse, nada desviava sua atenção do acontecido.

Por mais viva que fosse sua memória, não conseguia acreditar no que havia acontecido. Mesmo sendo o mais cuidadoso que conseguia ser, havia vacilado, expondo sua identidade ao perigo.

Não devia ter confiado tanto em Deadpool, não devia ter lhe mostrado suas fotografias, sua câmera, muito menos usado seu celular para tirar foto deles. Graças a isso, ele havia desvendado o mistério de Peter Parker.

Mas será que poderia tirar proveito dessa situação? Quer dizer, Matthew saber sua identidade não o atrapalhou em nada, muito pelo contrário, provavelmente não morreu com uma infecção graças ao seu conhecimento. Talvez fosse assim com Wade também? Afinal, já conhecia nome e sobrenome do mercenário, tudo bem ele saber os seus também, não é?

Não, não, não, não, não! Não seja idiota, Peter, Wade Wilson é o Deadpool, lembra? O Deadpool é um mercenário! Como se pode confiar em um mercenário? E se colocassem preço na cabeça do Homem Aranha? Deadpool teria consciência o suficiente para resistir à tentação do dinheiro?

— Droga, Peter… que droga…! — urrou, escorando a cabeça nos ladrilhos da parede.

O banho não adiantou nada para Peter, a confusão ainda perturbava sua mente. Não comeu nada, já que não estava com fome, apenas quis deitar o quanto antes e dormir para sonhar com alguma solução.

Infelizmente não sonhou com nada, apenas com Deadpool lendo e relendo aquele jornal.

Na manhã seguinte Peter acordou cansado, sem querer levantar e enfrentar suas responsabilidades. Queria apenas continuar deitado, sem lidar com a situação que se encontrava.

Mas infelizmente não era assim que funcionava.

Peter reuniu toda sua coragem para se levantar e se higienizar. Assim que esteve vestido e com a tipoia no braço, desceu para tomar café da manhã com sua tia.

— Bom dia, tia May. — foi direto no bolo de carne tirar um pedaço enorme pra si.

— Peter, calma! — sua tia estapeou sua mão para que largasse a faca. — Senta lá que eu sirvo você, desse jeito você vai destruir o bolo todo!

— Hmmm. — grunhiu preguiçoso, pegando um copo para encher de leite, esperando sua tia lhe servir.

— Pronto, aqui. — Peter pegou os dois pedaços que sua tia havia cortado e a olhou com um sorriso amarelo. — Você quer mais? — acenou positivo. — Meu Deus, não sei como você não engorda!

Peter assistiu sua tia colocar mais dois pedaços para então se deliciar com o bolo e o leite. Aproveitou para tomar seus remédios que pareciam agir cada vez melhor em seus machucados.

Sentiu o seu celular vibrar, e assim que desbloqueou o aparelho, sentiu seu coração voar pela garganta.

Era Deadpool. E havia lhe enviado um áudio.

Just a HabitOnde histórias criam vida. Descubra agora