Demolidor

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― Peter, tá tudo bem?

Deu um pequeno sobressalto, movendo a cabeça em busca de encontrar o dono daquela voz. A mão quente que apoiou suas costas o acalmou, fazendo-o virar a cabeça para o lado, vendo um par de olhos azuis olhando-o preocupado.

― Ah, Flash. ― deu um pequeno sorriso. ― Estou sim, por que pergunta?

As sobrancelhas loiras se juntaram quando franziu o cenho, enquanto arrastava a cadeira da frente para se sentar em frente a Peter.

― Você tá muito alheio. ― comentou. ― Terminou a prova sem se destacar como um dos primeiros a entregar e permaneceu aqui na sala, sendo que você gosta de ir tomar um ar e observar o pátio...

Flash apoiou os braços na carteira e cruzou-os, observando o moreno a sua frente que o olhava surpreso.

― Você tem me observado? ― Peter franziu o cenho, curioso.

Flash ficou em silêncio, enquanto suas bochechas ganhavam um leve tom rosado. Peter fico constrangido, e tinha certeza que também ficou vermelho.

― O―Okay... ― desviou o olhar à mesa. ― Eu não esperava por isso. ― comentou baixo.

― Uh, enfim... ― o loiro balançou o rosto, voltando sua atenção no assunto anterior. ― Se tiver algo o perturbando, qualquer coisa que queira desabafar... ― Flash se levantou e Peter o acompanhou pelo olhar. ― Eu estou aqui, cara. ― sorriu, dando um aperto amigável no ombro do moreno para então se afastar enquanto era observado.

Peter sorriu fraco, mas suspirou cansado, voltando a olhar o nada à sua frente. E permaneceu assim, até seu horário escolar terminasse.

― Peter, o que há com você?

Deu um pequeno sobressalto, se virando à tia May que o observava.

― Oi, tia May. ― deu um pequeno sorriso. ― Seu turno acabou mais cedo hoje?

― Mais cedo? ― ela perguntou. ― Peter, que horas você acha que são?

Franziu o cenho, olhando para os lados.

― Que horas são...? ― sussurrou.

― São nove e meia da noite. ― afirmou, se escorando na porta. ― O meu turno essa semana termina às nove horas, lembra?

― Ah. ― sussurrou, voltando o olhar ao copo de leite que estava em suas mãos.

― Que surpresa ver você por aqui nesse horário. ― comentou cruzando os braços, observando o sobrinho que apenas suspirou em resposta.

Em silêncio, a senhora continuou a observá-lo, notando alguns detalhes. Alguns pequenos ralados sobre a maçã do rosto quase imperceptíveis que sumiam aos poucos, o corte do acidente de carro cicatrizado, alguns arranhões e roxos nas mãos, Bandaids enrolados nos dedos e, o que mais se destacava, a feição cansada. Peter tinha duas bolsas pesadas embaixo dos olhos, carregadas de olheiras. Ele não esteve dormindo bem. Tinha certeza.

― O que há com você, Peter? ― voltou novamente à pergunta, observando o sobrinho fitar o copo quase cheio.

― Nada, tia May. ― deu um pequeno sorrisinho, sem desviar o olhar. ― Por que a senhora pergunta?

― Porque para mim, Peter, você é como um livro aberto. ― suspirou, descolando o ombro do Hall da cozinha, se aproximando do mais jovem. ― Há quanto tempo você está olhando esse copo?

― Não sei, na verdade... ― comentou vago, sentindo o copo sair das suas mãos. Tia May havia o pegado para deixá-lo sobre o balcão, reaproximando de Peter em seguida.

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