Disputa entre mercenários

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Aquela frase não saía da sua cabeça, não importa o quanto se esforçasse para tirá-la.

Passou o restante do domingo pensando na conversa que teve com Demolidor, assim como pensou na segunda, durante a faculdade.

“Porque ele está apaixonado por você.”

Estava dividido entre acreditar nas palavras de Matthew que vieram de um contexto analisado por sua habilidade radar, e negá-las por se tratar de Deadpool. Afinal, ele era um mercenário assassino, louco e pervertido. Talvez o radar do Diabo de Hells Kitchen estivesse com defeito, ou não servisse para analisar esquizofrênicos.

Sim, talvez fosse isso. Lembrava-se bem das palavras de Matt: “Deadpool é mais complexo do que uma análise pode dizer.” Então certamente aquela análise estava errada. Não fazia sentido um mercenário assassino se apaixonar por um herói que não consegue nem mesmo ignorar um inimigo baleado.

Pousou sobre um prédio, analisando a paz que se instalava em Nova Iorque. Já fazia pouco mais de uma hora que rondava a cidade, mas não via nada fora do lugar. E isso era muito bom para Peter ultimamente, já que ainda tinha muito sono para pôr em dia. Mas, antes que pudesse rumar à sua casa...

— Veja só se não é o amor da minha vida! — Deadpool exclamou em claro e alto som, tirando toda a tranquilidade do herói.

Incapaz agir normalmente, seja respirar, piscar, ou qualquer outra coisa que fosse, o pequeno Aranha permaneceu estático, sentindo a batedeira do seu coração rumá-lo ao colapso.

— Estive com saudade, docinho. — sentiu os braços grossos e musculosos do mais velho agarrarem sua cintura, puxando-o ao encontro do seu corpo. — Me diz, você dormiu bem esses dias? Só vou perdoar o seu sumiço se você me responder que sim!

Peter fechou os olhos, sentindo suas emoções a flor da pele. Seu coração batia tão forte que não conseguia se mover ou dizer alguma coisa; parecia até que o seu cérebro havia congelado, e só o coração estava trabalhando.

— O que foi, Araínha? — Deadpool colou os lábios cobertos sobre o rosto mascarado. — A aranha picou sua língua? — sussurrou provocante, arrancando um arrepio do menor.

— Di— Distância, Deadpool!! — o herói gritou, desconcertado, empurrando o mais velho para trás.

Fechou os olhos, ainda perdido na bagunça de seus sentimentos. Ouviu um pequeno riso de Deadpool, fazendo-o abrir os olhos para observá-lo.

— Acho que alguém está começando a cair sobre meu encanto. — o herói tinha certeza que o mais velho sorria provocativo. — Você está com reações atrasadas, você percebeu?

Peter mordeu o lábio, fechando os punhos. O pior é que ele não estava conseguindo nem se concentrar o suficiente para cortar aquela situação, nem para anular sua confusão mental. Respirou fundo.

— Uau. — Deadpool deixou os ombros caírem, surpreso. — Eu estava só zoando, mas... — a sobrancelha arqueada marcou na máscara. — Você realmente está aflorando alguma coisa por mim? — se aproximou, com um gingado corporal lascivo, com luxúria estampada naquela máscara vermelha.

O menor sentiu suas bochechas enrubescerem a ponto de salpicar e, sem reação, apenas se moveu um pouco para trás, se esbarrando contra o parapeito do prédio. Sentia seu coração bater tão forte que estava tonto, colaborando com sua barriga que não parecia estar muito boa devido aos seus sentimentos fortes.

Prendeu a respiração quando sentiu a reaproximação do maior, o prendendo contra o parapeito, mantendo-o no meio das mãos apoiadas na construção.

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