Novo lar

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Nos primeiros dias Aline estava muito empolgada em ter a ajuda da tia, mas os dias foram passando e suas esperanças foram morrendo.
- Já são três dias de espera! Devia ser só enrolação mesmo e agora o Will estará em mals lençóis. Todos devem pensar que ele está comigo.
- É, acho que você está certa pirralha.
- Por que a vida é assim? - Aline se jogou no sofá ao lado de Eric.
- Assim como?
- Tão injusta!
- Melhor não seguir por esse caminho. Tente ser positiva. Ainda pode ter uma saída. - Fez cafuné nos seus cabelos loiros naturais.
- É. Ainda pode.
- Ei! Chegou mensagem do Will!
- Será que é o que esperamos?- Aline ficou de joelhos empolgada pra ler a mensagem.
Tinha uma foto anexada. Era o termo de responsabilidade sobre Aline. A tia Maria havia conseguido.

Will: Qual o passo seguinte?

- Tive uma idéia. - Vibrou Aline. Em seguida digitou todo o plano pra Will.

- O que acha??

Will: É um plano tão maluco quanto você, mas que seja. Tô dentro.
- Eric, me empresta umas roupas suas e um boné.
- Não vai fazer o que penso que quer fazer vai?
- Me vestir de homem e ir até a casa do Will? Sim, acertou.  Não posso deixar nenhuma falha que possa levar até você. Então vou sozinha, farei o mesmo que você. Vou até a avenida e tomo um táxi. Paro perto da casa dele e continuo a pé. Ele vai me esperar no mercadinho lá perto.
- Deus ajude que funcione.
- E vai funcionar. - Aline sorriu cheia de esperanças. - E você, fique bem sem mim. Coma direito, não pule as refeições e não se preocupe comigo, vou fazer de tudo pra manter o equilíbrio caso eu tenha novos desafios pela frente. - Segurou o rosto dele com as duas mãos. A pele dele era um pouco morena e causava um contraste com a pele clara dela.
- Tá, mas nada de hospital, por favor.
- Você é um fofo quando tá preocupado comigo irmão. - deu um tapinha no ombro dele.
- Não enche! - Tirou as mãos dela e se afastou escondendo um sorriso.
Aline vestiu um jeans do irmão, mas não ficou como ela esperava
"Justa demais!" Então lembrou das roupas do seu pai e acabou encontrando uma calça adequada. Antes de colocar a camiseta, pegou uma faixa e passou em volta do tórax comprimindo os seios, calçou tênis e por último escondeu os cabelos sob o boné.
- Estou pronta irmão.
- Boa sorte pirralha. Por favor consiga um novo chip e me manda um oi.
- Com certeza farei isso.
- pega aqui esse dinheiro. Pode precisar.
- Não te fará falta?
- Não. Estou bem, agora que você tá indo, a comida vai render mais.
Aline deu um tapinha no ombro dele.
- Valeu irmão. A gente se vê logo tá?
- Claro. Manteremos contato.
Aline havia organizado uma mochila com alguns pertences e pôs nas costas. Deu um tchau pro Eric e saiu portão afora.
Caminhou as duas quadras até a avenida e pediu um táxi. Desceu no local combinado e encontrou Will a sua espera. Não pode deixar de lembrar da escola, onde ele sempre a aguardava na parada da van escolar. Abraçou seu amigo cheia de saudades.
- Meu ruivinho amado! Senti tanta sua falta. Você não faz ideia!
- Eu também Aline. Senti muita saudade. .
- O que faremos agora?
- Vamos pro condomínio. Um cara viajou uns dias atrás e deixou a chave do apartamento com minha mãe, a idéia é dizer pra ela que te escondi lá.
- Não vai dar BO pra você Will?
- Claro que vai! Conhece minha mãe. Mas de jeito nenhum vou deixar você não mão.
- Eu sabia que poderia contar com você! - O abraçou mais uma vez.

O apartamento era minúsculo. Uma sala com cozinha americana, um banheiro social e um quarto.
- Que bizarro esse apartamento. Só um quarto?
- Pois é. Tudo nesse bloco é assim, afinal todos foram feitos pra serem alugados, achei top pra morar sozinho.
- Tá,  eu tô aqui e agora?
- Você fica aqui e espalha alguma coisas suas pela casa. O quarto está trancado, então você tecnicamente estava dormindo no sofá.  Suje algumas louças, sei lá. Seja criativa. Quando minha mãe chegar do trabalho contarei a ela.
- Deixa comigo! Ah! E o meu chip? Comprou?
- Claro, taqui! - Lançou o objeto na direção dela antes de sair.
Ela colocou o novo chip e mandou mensagem pro seu irmão

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