Conto 37: O fim.

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- Oi, Ana, tudo bem? Vou resolver uns problemas do escritório, aí na cidade. Gostaria de te ver, se não se importar.

- Oi, você não vem pra me ver, você vem pra trabalhar, e quer uma cama pra dormir.

- Se pensa assim... – diz ele.

- Não vou discutir. – nego aborrecida, pois estou cansada dele.

Daí para frente, conversávamos de vez em quando. Decorrido um mês, escrevo:

- E como foram as reuniões de hoje?

- Foi tudo bem, só tive que ir a mais uma.

- E conseguiu resolver tudo o que precisava?

- Acho que sim. Estou perto de você...

- Não o receba! – grita o anjo, e continua. – Ele está contaminado!

Escrevo "risos" para ele e não o chamo.

Depois disso não falou mais comigo, acho que ficou chateado. Estou curiosa para saber como vai acabar essa história:

- Oi Thor, o que está fazendo de bom? – escrevo, cinco dias depois.

- Estou de férias há seis horas. Vim pra encontrar alguns amigos. Vamos almoçar e ver o jogo.

- Poxa... pra ver a sua amiga, você não vem...

- No outro dia falei que estava perto de você e só deu risada.

- Você não disse que poderia me ver, apenas que estava por perto. Achei que iria embora. Tantas vezes você vem, e não tomamos nem um café, como agora, por exemplo.

- Não tenho ido tantas vezes. E também propus te ver quando fui a trabalho e disse que não queria assim. Por isso não me chateei. Nesse ano, é a primeira vez que vim para fazer algo pessoal, não se sinta em segundo plano.

- Não me sinto em plano nenhum. Não tenho importância pra você.

- Não vou discutir.

- Não estou discutindo. Estou expondo o que tenho como verdade. E nem tenho por que discutir...

Parece que este relacionamento acabou. Chateio-me com a sua falta de interesse. Não preciso disso. Vou deletá-lo do meu celular, não quero mais ver a sua foto. Três dias depois, manda uma mensagem...

- Oi, Ana, tudo bem! Feliz Natal!

- Feliz Natal! – respondo surpresa.

- Estou com muitas saudades de você... volto dia seis e queria te ver. Gostaria de passar uns dias com você...

- Vem sim, estou com saudades. Vou adorar ficar com você! – respondo, com a certeza de que não vem.

Trocamos mensagens, amigável e calorosamente, todos os dias, até o dia três de janeiro. Depois disso, nunca mais conversamos. Nem sequer dissemos: adeus. Com dor no coração, deleto seu contato do meu celular, mais uma vez.

Passei dias de tristeza, de saudades, introspecta. Ele foi embora, não sei o porquê, só sei que terei meses de solidão pela frente...

Algumas semanas depois... encontro minha mãe no shopping:

- Vamos almoçar? Estou com muita fome! – pergunto.

- Vamos. Não tenho fome, mas vou comer um pouco.

Sentamos na praça de alimentação:

- Ele se convidou para vir, conversamos normalmente durante dias, e, de repente, parou de falar comigo. Não o chamei mais, porque cansei das decepções. – conto, entristecida.

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