Conto 41: O rei dos ocultos

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Dois dias depois... Alex chega animado:

- Oi, como está sua mãe? – indago, preocupada.

- Está bem melhor! A infecção está sob controle, e, logo vão tirá-la da sedação.

- Graças a Deus! – respiro aliviada.

- Obrigada pelas orações, Ana!

- De nada! E vamos continuar orando!

- Sim! Muito, muito obrigado pelo carinho!

Alex me pedira que o ajudasse, em oração, pela sua mãe adoentada. É um velho amigo...

- Vai conseguir viajar no carnaval?

- Vou com o Cássio e os meninos...

- Legal! Até lá sua mãe estará restabelecida.

Cássio aproxima-se, cumprimenta a todos e senta com Alex para combinar os últimos detalhes da viagem.

Na sexta, chega, enfim, o carnaval! Fico feliz pelo feriado prolongado! Vou descansar muito!

Na volta do feriado... ele senta do meu lado, enquanto digito na minha sala:

- Oi, meu amor! – diz Cássio, passando a mão num pedacinho de cabelo meu.

- Oi! Como foi a viagem? – pergunto seca.

- Foi muito bem! Essa blusinha fica muito bem em você... – fala, olhando para meus seios, e continua: - Vamos conversar mais tarde?

- Vamos. – concordo, pensando no que ele poderia querer.

Pela sua fala sedutora, percebo que a mágoa passou. A ferida do orgulho cicatrizou. Mudo de assunto:

- Você ainda está indo na igreja? – pergunto zombando.

- Todo domingo, firme e forte.

Levanta, também levanto para cumprimentá-lo, ele põe sua mão nas minhas costas e me puxa, abraçando meu corpo... abraço gostoso! Acaricio sua bochecha com a boca, e dou-lhe um beijo quente.

À noite me pergunto: "Meu Deus, o que estou fazendo? Depois de tudo o que aconteceu, como ele tem coragem de se reaproximar? E por que aceitei o seu abraço?"

No dia seguinte, reencontro Cássio na sala de café. Apesar da vida desregrada, tentava se consagrar a Deus:

- Ana, orei por você neste final de semana, lá na igreja e de joelho no chão! Meus anjos disseram que você deseja o meu bem, e que, a sua oração é forte! Continue orando por mim, é muito importante!

- Tinha parado, mas vou voltar a orar por você. – falo ressabiada.

- Obrigado! Preciso ir, tenho uma reunião daqui a pouco. – despede-se, com um beijo no rosto.

Numa dessas noites, enquanto orava por ele, vi, com a mente, um espectro alto do seu lado. Ele vira a cabeça, olha-me, e vem na minha direção.

- Vá embora, em nome de Jesus! – repreendo-o.

Pensei que tivesse ido, mas, na madrugada seguinte, acordo com alguém erguendo a minha perna:

"Não quero ver! Mudei de ideia, quero ver sim!" – penso rápido.

"Não quero ver! Mudei de ideia, quero ver sim!" – penso rápido

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O espectro tinha dentes aparentes. Olhava-me, enquanto segurava meu tornozelo. Fiquei com receio que se deitasse sobre mim. Viro para o lado e tiro a perna da sua mão.

- Você tem que orar! – bradou um anjo.

- Não! Tô muito cansada, vou dormir! Deus, cuida de mim!! – suplico.

No dia seguinte, percebo que o espectro me ronda; ele está sempre oculto, nos móveis, nos quartos, nas sombras...parece que espera algo. Ligo para minha mãe:

- Por que esses espíritos são de cor preta? – pergunto curiosa.

- Eles não são de cor preta! São espíritos sem luz, então nós os vemos assim, Ana! – explica.

- Entendi!

- Deus é amor! Eles não têm luz porque não têm amor! Não têm amor porque não têm a Deus! – complementa.

- O espírito que tem amor ilumina, não é?

- Sim, o amor de Deus produz luz neles e em nós também! Não conseguimos ver, com os olhos de carne, mas nossos espíritos vêm!

Lembrei-me de quando Zarú foi para a luz: o amor que nasceu nele o fez brilhar, e, ele foi recolhido pelos anjos. Essas recordações ainda me emocionam.

- Mudando de assunto, lembra-se daquele novo dom que Deus me deu? – pergunto animada.

- Não lembro, qual?

- O que era uma arma para defesa!

- Sim, agora recordo-me.

- Depois que recebi esse dom, meu espírito se eleva quando alguma entidade se aproxima.

- Com ele você consegue se defender das ciladas do mal. É um dom maravilhoso!

- Fiquei feliz! Vou dormir, mãe, ore por mim! Beijos.

- Sempre. Bons sonhos. Fica com Deus. Beijos.

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