Capítulo XI - Conto 40: Teodoro

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Entro no escritório. Atarefada, ligo o computador e sento. Chega Cássio:

- Oi amor, tudo bem? – pergunta sorrindo, esperando um abraço.

- Tudo bem. – respondo seca.

Levanto, cumprimento-o com um rápido beijo no rosto e sento. Percebe meu distanciamento e faz uma feição de choro.

Vira-se e segue para a sua sala. Liga o computador a procura de passagens aéreas. Todos os anos, viaja com amigos durante o carnaval. Uma colega bate na porta:

- Oi Cássio, posso entrar? – pergunta sorrindo.

Sem esperar a resposta, entra trazendo papéis. Cássio, rapidamente, procura uma cadeira macia para ela. Enquanto dialogam, ele arruma a sua gola, e ela o olha sorrindo. Essa conversa me incomoda...

Enciumada, envio uma mensagem: "Percebi que você brincou com meus sentimentos, não gostei. Você não tem autorização pra colocar a mão em mim. Daqui pra frente, só profissional. Não precisa vir pra conversar sobre este assunto".

Inconformada com meu sentimento, coloco fones e me concentro no trabalho. Ele não responde.

Depois de algumas horas, vou até a sala de café, e, lá estava ela, debruçada no balcão... minha chefa...Sibila!

- Oi Ana! Lembre-se de me enviar aquela apresentação para o novo cliente.

Aproximando-me dela, respondo solícita:

- Já terminei! Vou rever e envio...

- Você já reparou? – pergunta rindo, aproximando o seu rosto do meu.

- No que? – indago curiosa.

- O Teodoro te fulmina com os olhos pelas costas! Não percebeu? Teodoro te adora!

Ela solta uma gargalhada, seus olhos brilhavam sarcásticos. Achei seu comentário desnecessário.

- Não, Sibila! Nunca! – respondo surpresa, levantando os ombros.

Almoçava com Teodoro todos os dias! Fiquei espantada, pois era um homem casado e nunca percebi interesse por mim.

Chegam Cássio e um amigo nosso, o Alex. Começam as risadas... Sibila joga o seu corpo no do Cássio; depois passa seus dedos no braço de Alex, inclinando a cabeça para o lado, com um sorriso lascivo.

Sento numa das mesas para tomar meu café:

"Postura horrível, para uma chefa!" – penso indignada, enquanto sopro o café.

- Vamos almoçar? – convida-os Sibila.

- Vou levar minha mãe ao médico. Semana que vem dá ... – desculpa-se Alex.

- Vamos! Depois tenho uma reunião com um cliente. – aceita Cássio, meio desanimado.

- Cássio! A mulherada tá falando que você virou gay! Elas dão em cima, e você não faz nada! – fala alto e dá uma gargalhada escandalosa.

Todos olham para eles. Cássio fica sério e não responde. É nítido que odiou o comentário. Volto para minha sala em silêncio.

Mais tarde, chamo Teodoro para almoçar:

- Tive um sonho com você, Ana! – confessa, enrubescendo.

- Foi bom?

- Foi legal.

- Conta!

- Nós estávamos passeando de gôndola e você encostava sua cabeça no meu peito. Bem bonito.

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