Era uma tarde fria de domingo. Estava na sacada, terminando de escrever um conto. Fico com sede, levanto e vou beber água na cozinha. Ao passar na frente da lavanderia vejo respingos de água sobre a máquina de lavar.
"Estranho isso! De onde vem essa água?" – penso, enquanto examino mangueiras e conexões.
Vejo que um pequeno filete de água escorria até o ralo.
"A conexão da mangueira está rachada... E agora? Quem poderá me ajudar num domingo?" – reflito, aborrecida.
Tento vedar o vazamento, mas é em vão. Ligo para o seguro: marcam uma visita para amanhã de manhã. Durmo preocupada. No dia seguinte... vem o moço do seguro:
- Achei que era a mangueira de saída da água, mas é a de entrada! É um trabalho para o encanador! Só conserto eletrodomésticos! – explica, segurando uma mangueira enrolada.
Fecha o registro e se vai. O seguro envia um encanador:
- Eu estava na rua e ligaram pedindo para vir para cá! Não tenho essa peça! – informa e se vai.
Lembro que o condomínio tem funcionários que fazem manutenção. Interfono para a administração, e logo chega um rapaz:
- O conector está rachado! Você tem essa peça?
- Não tenho.
- Muita gente tem em casa! – insiste.
- Mas eu não tenho.
- Compre uma que eu troco!
Abre o registro e se vai.
"Está tudo fechado por causa da pandemia. Onde vou conseguir essa peça?" – penso, aborrecida e com vontade de chorar.
Perambulo pela casa pensando, volto para a cozinha e abro um armário de pouco uso, e, para minha surpresa, vejo um conector novo, bem na altura dos meus olhos:
"Incrível! Como veio parar aqui?" – penso, admirada, enquanto o pego para ver se era igual ao rachado.
Chamo o rapaz da manutenção e ele faz a troca do conector. No dia seguinte:
- Déia, foi você quem trouxe a peça? – pergunto, ainda incrédula.
Déia é a senhora que me ajuda em casa.
- Não fui eu! O senhor Cícero deve ter deixado aí, quando veio instalar a máquina de lavar, no mês passado. – supôs.
- Só pode ser...
- Tenho certeza: nunca vi essa peça aqui! – afirma, veemente.
- Não me recordo, mas muito provavelmente eu devo tê-la achado e guardado no armário.
- Mas, por quê você colocaria nesse armário? – pergunta, surpresa.
- Eu não sei, não sei.
À noite, ligo para minha mãe, contando o ocorrido:
- A peça já estava aqui, antes da outra dar problema! É um detalhe tão pequeno, tão pequeno, diante de tudo que está acontecendo no mundo, mas a gente percebe que Deus sabe de tudo. Ele sabia que a peça ia dar problema, por isso tocou no coração daquele homem para deixar uma nova.
- Aconteceu para aumentar a sua fé, para que saibamos que Deus está em tudo. – afirma, minha mãe, com grande certeza.
- Eu tinha um problema, e a solução estava aqui o tempo todo! Só que eu não a via!
- Foi o Espírito Santo que fez você abrir aquela porta e ver. Ele trabalha sempre para nos abençoar.
- Verdade.
- Às vezes o Espírito Santo quer nos abençoar mais, mas não consegue porque não damos a oportunidade, então Ele fica triste. Sabia que o Espírito Santo fica triste? – pergunta, minha mãe.
- Não.
- Ele fica triste porque gostaria de fazer mais por nós! Sinto o seu calor... Glória a Deus! Aleluia! – clama, com fervor.
Ouço atentamente suas palavras sábias.
- Aquietai-vos, pois sou teu Deus! Aquele que protege, ampara, sempre pronto para abençoar! – profetiza, com fé.
Fecho os olhos, sinto a presença do Espírito Santo.
- O inimigo quer que você pare, Ana! Cria problemas para te tirar do foco! Mas o Espírito Santo fala: Basta! E, Deus cuida para que tudo fique bem.
- Amém.
- Deus precisa de pessoas que escrevam e que estejam vinculadas a Ele, ouvindo a sua voz. Poucos fazem isso! Milhões estudam, mas, quando oram não ficam em silêncio para ouvir, caso o Senhor queira falar. Oramos, mas temos que esperar o falar de Deus, para que haja comunicação. O Senhor trabalha no silêncio... – explica.
- Muitos oram, ouvem e não escrevem... – complemento.
- E mais... daqui para frente será assim: aquele que for bom, Deus abençoará! Aquele que for mau, vai auto declarar-se mau. Não haverá intermediário! Por outro lado, se o mau tiver sentimentos, Deus o chamará e haverá transformação. No outro dia um andarilho pediu água para meu vizinho, e ele respondeu: "Não darei água a ninguém! Peça para outro". Então, busquei água e o andarilho bebeu rápido, pois estava com muita sede. – conta.
- Não teve compaixão. – observo.
- Exatamente. Não viu que Deus estava provando o seu coração. Deus provou e ele não percebeu, porque aquele que percebe pede perdão a Deus, e Deus, por misericórdia, perdoa. São pequenas e imperceptíveis provas. Aí o Espírito Santo pergunta: "Por que não fez? Onde está sua compaixão?"
Fico pensativa.
- Ana, preciso desligar agora. Fique em paz!
- Ora por mim, mãe.
- Sempre oro. Deus te abençoe.
- Amém. Beijos.
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Revelações
Ficción GeneralPersonagens intrigantes, batalhas entre o bem e o mal, perdão e paixão marcam esse livro, que mais um leitor poderia desejar? "Revelações" é uma série de contos que narram aventuras e desventuras de Ana nos mundos espiritual e material, enquanto mis...