O silêncio do príncipe me faz sentir nervosa e, ao mesmo tempo, idiota. Nervosa por não fazer ideia do que esperar dele agora e idiota por ter dado a minha opinião como se fosse mesmo uma especialista no assunto "traição" e não uma completa leiga formada pela escola das novelas de Orion.
No fim, quando o silêncio se torna sufocante o suficiente para eu não mais suportar, sento-me no banco ao lado do de Leonard e lhe ofereço um dos cupcakes que preparei mais cedo para o aniversário de Seth, na desesperada tentativa de fazê-lo falar, seja o que for.
"Dinossauro?", o príncipe deixa uma risada baixa escapar quando pega o bolinho e analisa a "arte" da cobertura, feita com pasta americana verde.
Eu dou de ombros.
"O meu irmão gosta", digo.
"Quantos anos ele tem?".
"Estará completando treze amanhã".
"Garotos nessa idade ainda gostam de festas temáticas?".
"Não sei os outros garotos, mas o Seth sim. Dinossauros são para ele o que o balé é para mim", minha resposta parece deixá-lo confuso, então acabo por esclarecer as coisas: "o meu irmão tem autismo, vossa alteza. Isso faz com que ele tenha um desenvolvimento mais tardio que os outros garotos da idade dele".
Minha resposta parece deixar o príncipe sem-graça e ele acaba encolhendo os ombros:
"Sinto muito, Sofya".
"Pelo quê? Pelo autismo do meu irmão?", franzo a testa, sem entender. "Até onde eu sei, não tem como a culpa disso ser sua".
"Por ter sido invasivo, na verdade", Leonard explica, olhando-me com pesar.
Eu, no entanto, balanço a cabeça em negativa.
"Está tudo bem", digo. "Não é como se eu não vivesse me intrometendo na sua vida também, certo?".
Levanto-me de repente, dou a volta no balcão e torno a pegar a tigela em que bato a futura cobertura do bolo de dinossauro do meu irmão mais novo. Enquanto isso, observo pelo canto do olho quando Leonard prova o cupcake e parece aprova-lo o suficiente para logo não haver mais nada em suas mãos.
"Você cozinha bem", por algum motivo, ele parece admirado com isso. Quase como se não esperasse.
"Vossa alteza achou que eu assumiria a tarefa de fazer os doces da festa sem saber cozinhar, por acaso?", rebato.
Abrindo um sorrisinho repleto de vergonha, Leonard dá de ombros.
"Admito que errei", ele diz. "Você é mesmo uma boa irmã. Mesmo tendo dividido o útero com a Elisabeth, duvido que ela faria algo assim para mim ou qualquer um dos outros três".
"Vossa alteza não precisa que os seus irmãos façam nada quando têm cozinheiros excelentes à sua disposição", percebo.
"Você sabe que não é a mesma coisa, Sofya", de repente, o sorrisinho dele se torna algo triste.
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SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO]
Romance[Este é o segundo livro da saga da realeza de Orion, mas pode ser lido individualmente] Mesmo que disfarçassem, muitos eram os que sabiam na corte real sobre o romance de idas e vindas existente entre o príncipe Leonard Greenhunter e a Lady da casa...