14. SE EU ME PERMITIR ESTAR NO SEU MUNDO

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Passa das oito da noite quando saímos do orfanato, pegamos um ônibus e então saltamos próximo da avenida em que o palácio está localizado, em todo o seu esplendor que hoje me parece exagerado

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Passa das oito da noite quando saímos do orfanato, pegamos um ônibus e então saltamos próximo da avenida em que o palácio está localizado, em todo o seu esplendor que hoje me parece exagerado.

"Vai mesmo voltar lá, como disse para a Betty?", depois de um percurso feito em completo silêncio, a voz de Sofya me assusta ao fazer tal pergunta.

"Você não quer que eu volte?", por algum motivo, sua opinião nesse assunto me importa.

"Não é isso", Sofya desvia o olhar e retorce as mãos, quase como se não soubesse o que fazer com elas. "Na verdade, só fico preocupada com as crianças. Elas não são muito boas em lidar com mentiras, então se prometeu para a Betty que voltaria, é bom mesmo voltar".

"Não acha que deveria falar em um tom mais educado com vossa alteza, srta. Tomlinson?", também se pronunciando, Edwin questionou.

"Que eu saiba, ainda estou falando com Samuel Belmont e não com Leonard Greenhunter, príncipe do reino de Orion", Sofya não se deixa abalar, acabando por lhe fazer uma careta.

"Como se os dois não fossem a mesma pessoa!", Edwin soa ultrajado, ofendendo-se muito mais do que eu com tudo.

Acabo balançando a cabeça em negação.

"Está tudo bem. Deixe que Sofya fale comigo sem restrições", digo.

E ao passo em que Edwin parece bastante convencido de que eu enlouqueci, Sofya lança um olhar debochado para o meu assessor e em seguida me sorri, erguendo um polegar em aprovação.

"Pode não gostar disso, mas o Samuel é mil vezes melhor do que o príncipe", ela afirma.

E, por algum motivo sem sentido (considerando que Samuel e o príncipe são a mesma pessoa e que essa pessoa sou eu), concordo com ela. De alguma forma, pego-me entendendo a razão de Kyle ter se enrolado tanto com o seu pseudônimo no ano passado: o fato de que ele se sentia muito mais confortável como Sky começou a pesar e levou o meu irmão a uma série de acontecimentos que eu só sei por alto, mas que quase o fizeram perder a que acabou sendo a sua atual namorada. E se eu, assim como ele, estiver me sentindo muito mais eu quando sou Samuel do que quando sou quem deveria ser?

"Caramba, isso é confuso", balanço a cabeça em negação.

"O quê?".

Sem entender nada, Sofya me olha de lado e eu acabo engolindo em seco. Não sei o que é, mas há algo no olhar dessa garota que me faz acreditar que, se eu deixar que ela me olhe nos olhos, verá a alma.

"Nada", eu pigarreio, desviando o olhar para os meus próprios pés enquanto continuamos caminhando. "Eu só estava pensando...".

"Sei".

Depois que ela responde, caímos no silêncio de novo por um momento breve, até que Sofya para de andar de repente e me obriga a fazer o mesmo.

"O que foi?".

SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora