38. PUNIÇÃO

161 35 11
                                    


As pessoas sempre reservam dois destinos para aqueles que causam mal aos outros: os chamados "vilões" podem ser julgados eternamente por seus erros ou morrer por causa deles

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As pessoas sempre reservam dois destinos para aqueles que causam mal aos outros: os chamados "vilões" podem ser julgados eternamente por seus erros ou morrer por causa deles. Aparentemente, arrependimento por parte dos "vilões" não existe e redenção é piada. Por causa disso, eu não levei muita fé em mim mesma e tampouco no "conselho" dado por Leonard em nossa discussão. Eu apenas aceitei a realidade onde fui jogada sem escolha em uma clínica de reabilitação assim que retornei para o condado Stella, sentindo como se a vida houvesse perdido qualquer significado possível para mim.

E talvez houvesse mesmo.

No primeiro mês na clínica, quando a desintoxicação começou, eu desejei morrer.

Meu corpo implorava tanto por droga e os efeitos da falta dela eram tão devastadores que eu passava a maior parte do dia deitada, choramingando como um cachorro que foi chutado na rua.

Acho que, à essa altura, posso admitir que, se não fossem pelos funcionários da clínica que me auxiliavam, eu sequer comeria e teria escalado o muro e fugido, me perdido para sempre em troca de algumas horas inebriantes entregues pelo primeiro "repassador" que encontrasse.

No entanto, isso não aconteceu.

Passei noites sem conseguir dormir, perdi quase dez quilos (o que me deixou tão fina quanto um mastro de bandeira), meu cabelo ficou opaco, tive de começar a frequentar terapias e rodas de conversa extremamente humilhantes e de lidar com as consequências de quando eu gritava e perdia o controle (o que, basicamente, levava-me a ficar isolada por um tempo dos outros). Era como estar em um inferno.

Eu ainda tinha muita raiva dentro de mim no segundo mês. Raiva o suficiente para não querer os meus pais por perto e tampouco os meus irmãos. Raiva para ignorar qualquer tentativa de contato do mundo externo ou de quem convivia comigo na clínica. Quando a desintoxicação já não doía tanto, eu me joguei no modo automático. Participava do que tinha de participar, comia o que tinha de comer.... Até que, um dia, meus pais vieram de surpresa.

Eu estava no meu quarto, que, de modo privilegiado, eu não era obrigada a dividir com ninguém, quando a enfermeira Frankie apareceu com o seu típico sorriso discreto e me pediu que a acompanhasse.

"Minha hora com a Laurentis é só amanhã", eu havia dito, desconfiada.

"Apenas me acompanhe, querida. Pode fazer isso?", o tom dela era gentil, mas eu sabia que, se recusasse, talvez o enfermeiro que viesse falar comigo depois não fosse tão calmo assim.

"Tudo bem", eu respondi.

Segui Frankie até o bloco administrativo da clínica, localizado no primeiro andar, e montei várias teorias sobre para onde ela poderia estar me levando e para quem. Mas nenhum dos absurdos em que pensei contemplava ver Johannes e Bastian na sala do diretor, os dois visivelmente tensos em me ver.

SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora