SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO]

07. O MEU VÍCIO

Voltar para o meu quarto depois de procurar pela pirralha da Lana e não encontrar Leo onde o deixei, deitado e completamente rendido na minha cama, me deixa irritada. Sinto-me idiota, mas ajo por impulso e simplesmente resolvo arriscar procurá-lo nos seus aposentos, descobrindo através de uma criada que o príncipe não está.

"Algum problema, lady Baumann?", ouço alguém questionar quando estou prestes a sair da ala da família real.

Ao me virar, encontro os irmãos de Leonard usando roupas de montaria, príncipe Kyle e princesa Elisabeth.

Forço-me a sorrir para os dois.

"Nenhum, alteza", inclino a cabeça um pouco, em sinal de respeito. Posso ser bastante próxima do irmão deles ao ponto de levá-lo para a cama, mas Kyle e Elisabeth são apenas superiores para mim. Pessoas a quem, mesmo contrariada, ainda tenho que me curvar. "Estava apenas passeando e acabei aqui".

"Caminhar sozinha pelo palácio deve ser sinal de que, talvez, a estadia não esteja muito boa", reconheço a falsidade no rosto da princesa quando ela também sorri. É surpreendente o quanto Elisabeth e Leonard são diferentes, mesmo tendo dividido o útero por nove meses. Quando se trata do príncipe, ele não sabe fingir. Enquanto que a princesa, apesar de não ser tão boa nisso, faz o possível para ao menos tentar ter uma máscara. Se não houvesse tido o azar de possuir dois irmãos mais velhos, ela seria uma boa rainha para Orion.

Tentando manter a farsa, faço o possível para ampliar minha expressão de simpatia.

"É claro que não, alteza. Não há nada o que reclamar. A sua família, como sempre, está sendo bastante acolhedora", respondo.

"Isso é ótimo", fazendo-se presente na conversa pela primeira vez, príncipe Kyle comenta. Ao contrário da irmã, o seu sorriso para mim parece verdadeiro. De todos os irmãos Greenhunter, ele é o que mais se parece com o meu Leo em termos de personalidade. "Mas, se por acaso se sentir sozinha, sempre pode se juntar a nós, lady Baumann. Estamos indo aos estábulos agora mesmo, para encontrar nossa prima Antonella".

Não tenho o menor interesse no convite, mas noto que Elisabeth não parece concordar muito com o irmão quando torce o nariz e isso me faz querer ter um pouco de diversão às custas do seu claro desgosto por mim.

"Será uma honra, alteza", respondo. "Sempre ouço os rumores sobre os senhores serem ótimos na montaria, mas nunca tive o prazer de comprovar isso com os meus próprios olhos".

"E você sabe montar?", Elisabeth questiona, arqueando levemente uma das sobrancelhas. Como alguém esnobe que sou, reconheço um semelhante pelos seus gestos mínimos. Tudo na princesa grita o quanto ela é como eu e talvez seja por isso que não nos damos bem. Polos iguais costumam se repelir, não é mesmo?

"Sim, alteza", respondo, apesar de não ser exatamente uma verdade. Morar na cobertura de um prédio, por mais ampla e luxuosa que seja, não me permite ter um estábulo em casa como eles. No entanto, os irmãos não precisam saber.