28. QUEM PLANEJA, QUASE CONSEGUE

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"Você só pode estar brincando comigo, Leonard"

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"Você só pode estar brincando comigo, Leonard".

Depois de quase uma hora para chegar até aqui, onde nós dois, o assessor e alguns guardas reais tivemos de pegar um ônibus, ver que o tal lugar que o príncipe queria me trazer era um orfanato me deixa irritada.

"Você concordou com o choque de realidade", ele me lembra, e, apesar da máscara que usa, tenho quase certeza de que sorri maldosamente para mim. "Esse é o St. Louis, um orfanato que eu ajudo financeiramente e através de visitas periódicas", o príncipe me explica. "No entanto, ninguém aqui sabe quem eu sou, então não me chame de alteza ou mesmo de Leonard. E não peça para se referirem a você como lady Baumann".

"Você é inacreditável", bufo, cruzando os braços.

O orfanato é composto por três prédios de aparência muito velha e tem portões que rangem ao serem abertos por um dos guardas reais, que toma a dianteira do nosso grupo. Se não houvesse uma placa na fachada caracterizando-o como orfanato e o barulho infernal de crianças que se sobressai aos muros, qualquer um diria ser um lugar abandonado.

"Aqui todos me conhecem como Sam", Leonard continua, e então acena para um senhor, que presumo ser o vigia do lugar, que lê um jornal dentro da cabine de guarita. "Boa tarde, sr. Situ".

"Boa tarde, Sam. Boa tarde, Ed. Vejo que vocês trouxeram mais voluntários hoje", o velho observa a mim e aos guardas reais que nos acompanham.

"Quanto mais, melhor, senhor", Leonard lhe sorri.

"Tem razão", o sr. Situ concorda. "Assim vão poder ajudar a Sofya e o Shane a distraírem as crianças".

"A Sofya ainda está aqui?", Leonard parece dividido entre ficar feliz e apreensivo ao saber disso.

"Sofya, é?", provoco.

Não sei por quantas anda o relacionamento desses dois, mas o príncipe me fulmina e isso me deleita ainda mais. Quero só ver o que a tão amada Sofya vai achar de ele ter me trazido até aqui, que, aparentemente, é um território dela.

"Está sim", alheio ao clima tenso entre Leonard e eu, o velho o responde. "Ela veio porque a Anne está ausente esses dias. Infelizmente, a diretora do orfanato ainda não sabe lidar com a perda de seus meninos, mesmo que isso ocorra com certa regularidade por aqui".

"Como assim?", o príncipe franze as sobrancelhas, sem entender.

Eu, por outro lado, tenho minhas suspeitas confirmadas sobre o significado dessas palavras quando o sr. Situ as esclarece:

"A maioria das crianças que saem daqui sem serem adotadas acabam entrando no mundo das drogas, seja como consumidores ou como traficantes", os olhos do senhor expressam uma tristeza profunda, a ponto de parecerem opacos e sem vida. "Semana passada, uma dessas crianças foi morta por ter se perdido nesse mundo e a Anne assumiu todos os custos do velório para que ele não fosse enterrado como desconhecido. Ter perdido mais um a deixou profundamente triste".

SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora