Não demoro nem dez minutos para voltar ao palácio, mas, quando chego, não encontro mais sinal algum de conflito, exceto pela presença de Taylor e de seu pai.
"Leonard", mamãe é a primeira a notar a minha presença, e logo noto que ela está inquieta. Não que isso seja perceptível. Como a rainha que foi criada desde cedo para ser, Irene sabe manter a pose. Mas sou seu filho, afinal.
"Enfim chegou, vossa alteza. E trouxe a cavalaria, pelo visto", a lady Baumann soa cínica ao se referir aos meus amigos, abrindo um sorriso para lá de bizarro. "Mas, sinto em dizer, a sua princesa já foi desmascarada".
"Eu não acredito em sequer uma palavra sua sobre a Sofya ter roubado algo, Taylor", faço questão de deixar claro.
"Assim me magoa, vossa alteza. Acha que eu inventaria algo do tipo?", ela sabe muito bem que sim e o meu silêncio a diverte. "Pode desacreditar do que digo, mas todos nessa sala viram a prova", ela abrange o seu pai, minha mãe e Elisabeth.
Eu me vejo recorrendo à minha família, angustiado, e meu coração desaba quando minha mãe discretamente assente e prova que, dessa vez, Taylor não mentiu.
"Tem de haver alguma outra explicação", simplesmente me nego a acreditar que Sofya faria algo assim quando se nega até a aceitar presentes meus. Simplesmente não faz sentido.
"Perdoe-me, vossa alteza, mas está nos ofendendo", o sr. Del Roux se manifesta. "A minha filha foi vítima da situação e o senhor ainda a desacredita na frente de todos, mesmo que as provas digam o contrário? A própria garota já admitiu...".
"A Sofya admitiu?", interrompo-o, sem conseguir aguardar que ele apenas conclua.
"Não foi bem assim...".
"Elisabeth", mamãe interrompe minha irmã, que lhe lança um olhar zangado, o qual Irene não percebe por estar me encarando. "A Sofya não disse com essas palavras, mas ela e os pais aceitaram a punição pedida pelo sr. Del Roux...".
"Punição?", meu coração acelera dentro do peito, perante à novidade.
"É óbvio que eles tinham de ser punidos, senão pela polícia, pela dona desta casa", o sr. Del Roux rebate.
"Mamãe... Que punição?", eu o ignoro e apenas me concentro na rainha, cujo olhar quase parece possuir um rastro de compaixão por mim.
"Os Tomlinson foram demitidos, Leonard".
Estou indignado e com raiva demais para sequer me expressar com palavras. Não acredito que ela apenas os demitiu e nem ao menos esperou que eu chegasse. Não acredito que isso está acontecendo com os Tomlinson quando, é claro, trata-se de um jogo de manipulação de Taylor.
Sofya jamais furtaria algo dela.
Taylor, por outro lado, armaria sim essa situação.
Mas não tenho provas e o decoro da realeza me impede de deixar que a raiva me domine e a acuse de algo. Acho que, em todos os meus dezoito anos de vida, essa é a primeira vez que não sinto apenas raiva de ser um príncipe e de pertencer à um mundo falso de cortesias. Eu também sinto nojo.
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SOBRE UM PRÍNCIPE E AMORES ARTIFICIAIS [COMPLETO]
Romance[Este é o segundo livro da saga da realeza de Orion, mas pode ser lido individualmente] Mesmo que disfarçassem, muitos eram os que sabiam na corte real sobre o romance de idas e vindas existente entre o príncipe Leonard Greenhunter e a Lady da casa...