Indiferença

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Há dias em que eu acordo querendo falar em registro, deixando tudo que eu tenho para o que vier depois. Há dias em que eu acordo não querendo falar nada. Em outros eu queria, mas não tem o que dizer... Há dias em que eu acordo não me importando se alguém me escuta, em outros eu sinto a amarga necessidade de ter alguém para me escutar. Eu preciso mesmo de alguém para me escutar? Ou eu só preciso falar?

Às vezes eu acho presunção pensar que o que eu falo é importante. Mas o que é importante? Quem decide o que é importante? Cada pessoa não tem o seu direito próprio de registrar suas palavras para o que vier depois? Mas aí me vem o medo: medo de não ter importância, medo de não fazer sentido, medo de passar uma vida sem nunca ser ouvida uma única vez. É medo da indiferença. Não importa o que eu faça, não importa o que eu pense, não importa o que eu escreva, o resultado é o mesmo: um gigante tanto faz que a vida me dá todas as noites.

O medo da indiferença não bloqueia minhas ações, não desfaz meus pensamentos, não apaga o que eu escrevo. É até irracional temer o que se recebe todos os dias, talvez por isso me seja tão comum sentir medo... Talvez eu não tenha só medo da indiferença, talvez eu tenha aversão a  ela, mas quanto mais eu a sinto, mais me torno sua semelhante, vou ficando indiferente com tudo e tendo aversão até de mim mesma.

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