Falhei com tudo. Não conheci pessoas, não visitei os lugares, não li livros, não fui às bibliotecas, não frequentei festas, não fui a jantares, não conheci poetas, não conheci mártires, nem heróis, nem depravados. Não pensei, não penso, talvez nunca pensarei. Tudo o que vivi foi como um sonho rápido e curioso, que você mal se lembra quando acorda, mas que mesmo assim te faz pensar que talvez você não o tenha aproveitado direito.
Falhei com tudo. Não vi o suficiente, não fiz o suficiente, não disse o suficiente... Mas o que é suficiente agora? O que me preenche, o que me sustenta? O que faz diferença? Se tivesse feito tudo isso, se não tivesse falhado com tudo, estaria mais satisfeita agora? Estaria mais completa ou incompleta? Estaria mais esperta ou alienada? Seria mais humilde ou mais hipócrita? Seria mais, seria menos? Haveria recompensa? Eu estaria livre? Se eu não tivesse falhado estaria livre? Seria qualquer coisa que não sou agora?
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Foto de capa: fotografia de Tim Cavandini
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Mentiras Do Tempo Fugido
AcakLiteratura é mentira. Mentiras são histórias. Mentiras do tempo fugido são histórias do tempo que não se perde, mas do tempo que escapa, passa, que nasce e morre. Estas são histórias ansiosas, desesperadas e apaixonadas, escritas durante o isolament...
