Uma hora depois, Manoela voltou com um rapaz que eu não conhecia. Minutos mais tarde ele já havia concluído seu trabalho que, diga-se de passagem, ficou muito bom. Manu o trouxe para instalar uma câmera em um ponto escondido do quarto, com ampla visão para o cômodo. Perfeito!
_ Pegue, isso aqui é pra você. Deixe na cabeceira da cama, para captar melhor o áudio.
Peguei uma caneta prateada de sua mão e logo entendi que se tratava de um mini gravador.
_ Genial! Obrigada mesmo...
_ A ideia é a seguinte: se quiser coletar provas, você vai ter que conversar com ele sobre o que aconteceu. Faz ele relatar tudo, mas por favor, não deixa ele se alterar. Se ele confessar, teremos as provas que precisamos. Acha que consegue?
_ Acho que sim
_ Vou estar acompanhando tudo pela câmera. Qualquer sinal de agressividade e eu chamo a polícia. Te deixar aqui vai ser a coisa mais difícil que vou fazer, mas preciso ter certeza se está pronta pra isso...
_ Estou. O quanto antes ele sair daqui, melhor...
_ Combinado então. Vou indo tá? Qualquer coisa, me liga que eu venho correndo.
_ Okay. Valeu. Te adoro...Ela levantou e saiu. Agora era comigo. Só precisava saber como conduzir a conversa pra não acabar mal. Talvez não fosse tão difícil, mas como lidar com um temperamento tão volúvel quanto aquele? Eu tinha que arriscar.
Lucas chegou mais cedo que o habitual. Veio direto a mim com algo nas mãos, me entregou o pequeno embrulho e esperou por minha reação.
_Uau. Um cordão. Lindo. É seu pedido de desculpas? _ Eu disse, sentando na cama, próximo a caneta.
Ele se aproximou e sentou ao meu lado._ Achei que a gente ia zerar isso.
_ Olhe para o meu pescoço. Como acha que vou esconder essas marcas? Você me machucou.
_ Sinto muito. Podemos tentar maquiagem. Cê tem?
_ Nem é essa a questão. Estou com medo de você. Como terei certeza que não vai me bater de novo?
_ Eu não vou. Tô muito arrependido. Juro...O plano parecia estar indo bem. Pela primeira vez ele realmente estava cooperando. Até meu celular tocar. Ele virou e o pegou mais rápido que eu. Leu a mensagem. Era a minha mãe perguntando como eu estava. Ele virou para mim e perguntou.
_ Você contou para ela???
_ Não, eu juro.Mas minha palavra não foi o suficiente. Ele continuou a mexer no celular procurando por alguma prova de que eu estava mentindo. Não achou nada na conversa com minha mãe, mas olhando logo abaixo, havia a mensagem que mandei para Manu. Senti ele irar-se tão rápido quanto pegou o celular. Levantou e começou a andar de um lado para o outro.
_ VIU? COMO CÊ GOSTA DE ME PROVOCAR? LEMBRA DA PORRA DO COMBINADO? O QUE SIGNIFICA ISSO AQUI???
_ Sério, calma, não precisa ficar assim. Eu só queria conversar com ela, sobre nos afastarmos...
_ TÁ ACHANDO QUE SOU IDIOTA POR ACASO? VAI QUERER CONTINUAR MENTINDO PRA MIM?
_ Sério Lucas, pára. Cê tá me assustando...
_ Tá com medo agora é? CÊ GOSTA DE ME VER ASSIM... CONTOU O QUÊ PRA ELA???
_ NADA!!! EU JÁ DISSE...Não tive tempo de dizer mais nada. Ele veio em minha direção e me deu um tapa muito forte. Caí deitada na cama. Meu peito começava a doer. Tudo o que eu queria era sair dali.
Ele não se importou em ver como eu estava e pra ser sincera, melhor assim. Vi quando ele entrou no banheiro e fiquei aliviada. Não fazia ideia do que aconteceria, mas pelo menos ele saiu de perto de mim. Depois de alguns minutos, voltou e se vestiu. Virou-se para mim e disse:
_ Eu te avisei. Só não te mato agora, porquê não tô afim de estragar o resto da minha vida. Mas pode apostar que sua amiguinha vai ter exatamente o que merece. Quis pagar pra ver né? Então veja!
Ele saiu, trancando a porta pelo lado de fora. Eu não sabia aonde ele ia ou o que ia fazer. Procurei meu celular e não achei, provavelmente levou consigo. Chorar parecia ser minha única alternativa. Era difícil respirar, mas eu precisava me acalmar. Tentei escutar pela porta algum sinal dele pela casa e ouvi a televisão da sala. Menos mal, ele ainda estava lá. Mas o que eu faço agora? Para a minha sorte, não precisei fazer nada.
Alguns minutos depois ouvi sirenes se aproximando. Lembrei de Manoela e meu coração quase explodiu de felicidade. O que aconteceu a seguir eu não posso descrever com clareza, mas quando vi a porta se abrir e Manu correr até a mim, senti que aquilo era o fim de tudo. Nós havíamos conseguido!
Lucas foi levado algemado pelos policiais. Também tive que ir, para prestar o depoimento e fazer o exame de corpo de delito. Estava desolada com tudo, porém, me sentia mais forte. Eu não precisaria ter que vê-lo novamente.
Em todo o tempo, Manu estava ao meu lado e aquilo era reconfortante. Após todas as diligências, ela me trouxe de volta para casa. Quando chegamos, fui banhar e ela foi preparar algo para comermos. Terminei e fui encontrá-la.
_ Quando seus pais chegam?
_ Amanhã. Nem avisei eles ainda...
_ Liga agora, você não pode ficar só
_ Não quero explicar tudo por telefone. Fica comigo essa noite...
_ Fico. Só preciso avisar minha mãe...Assim que terminamos, ela pediu para tomar um banho. Peguei um pijama meu limpo, com certeza caberia, já que vestimos o mesmo número. Logo já estávamos deitadas na cama e finalmente me dei conta de tudo o que aconteceu. Mas eu não queria conversar. Só queria esquecer aquilo tudo e acho que ela me entendia, pois não puxou assunto. Me aproximei e deitei em seus braços, com minha mão sobre sua barriga. Eu estava bem. Ela me fazia bem. Então adormeci...
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PUTZ! Me Apaixonei Por Uma Garota
Teen FictionNatália é uma garota de 25 anos que sofre de ansiedade e depressão, decorrente de inúmeras desilusões e frustrações na vida. Após uma tentativa de suicídio, sua vida tem uma brusca reviravolta, principalmente quando se vê envolvida em um relacioname...