SÉRIOS PROBLEMAS COM SEXO

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Eu sabia que não podia contê-lo. A urgência dos seus movimentos me deixava paralisada, desejando apenas que aquilo acabasse logo. Definitivamente, eu tinha sérios problemas com sexo.

Atribuía isso aos meus traumas. Sempre foi difícil namorar alguém que não quisesse aquilo. No começo, resisti, mas com o tempo, fui cedendo. Tentei diversas formas de sentir prazer, mas nada funcionava. Um dia, descobri que a bebida facilitava tudo. Sob efeito do álcool, eu conseguia fingir melhor e, às vezes, até esquecia do que tinha acontecido na manhã seguinte. Perfeito!

Lucas se jogou ao meu lado, passou o braço sobre minha barriga e adormeceu. Ele não se importava se eu tinha gostado ou não, contanto que suas necessidades estivessem satisfeitas.

"Fico feliz em ajudar!" Pensei, ironicamente.

Por que eu ainda me submetia àquilo? Esse era o segundo motivo pelo qual queria terminar. Não suportava mais fingir e, para ser sincera, nem valia a pena. Ele era o tipo de homem que não se importava com o prazer feminino, que via o sexo apenas como algo unilateral. Queria que ele sumisse da minha vida. Mas como dizer isso, depois de tudo que ele largou para "cuidar" de mim?

O sono não veio. Meus pensamentos giravam em torno das mesmas angústias. Noites de insônia já eram comuns. O vazio dentro de mim se expandia, devorando qualquer resquício de paz. Manter uma aparência de felicidade era exaustivo.

Mas então, lembrei da tarde no cinema. Por algumas horas, eu fui eu mesma. Pela primeira vez em muito tempo, não precisei fingir.

Peguei o celular. Queria conversar com alguém. Será que ela ainda estava acordada? Abri a conversa e chequei seu status: offline há um tempo. Suspirei e desisti da mensagem. Bloqueei a tela e me forcei a dormir.

Os dias passaram, e minha rotina seguiu inalterada. As coisas com Lucas não melhoraram, mas eu o tolerava porque sabia o quanto isso significava para minha mãe. Por tanto tempo, eu fui um fardo para ela. Nem agora, ela conseguia parar de se preocupar comigo.

Mas o que aconteceria se ela soubesse a verdade? Se soubesse que, por trás daquele sorriso gentil, Lucas era machista, controlador e intimidador?

Para ela, ele era um rapaz exemplar: sempre atento às minhas necessidades, prestativo, cuidadoso com minhas medicações, trazendo chocolates e flores de vez em quando. Mas bastava ser contrariado... ou beber... para que se transformasse em outra pessoa.

Eu passei a ter medo dele. Mas minha mãe parecia mais tranquila e feliz. Pelo menos ela estava bem. Isso bastava.

Manu e eu não nos vimos desde aquela tarde. Mandei algumas mensagens, mas ela não respondeu. Achei estranho. Ela parecia ser a única amiga que eu tinha. Então, por que estava me ignorando?

Não era algo novo para mim. As pessoas sempre sumiam da minha vida tão rápido quanto apareciam. Mesmo assim, aquilo me deixou mal. Não era raiva... era uma saudade inexplicável.

Passei o dia inteiro no meu quarto. Eu ficava tanto tempo ali que, às vezes, me sentia parte da decoração.

Meu celular vibrou. Olhei a notificação: Mensagem de Manu. Meu coração disparou.

"Desculpe, não posso mais te ver. Não mande mais mensagens."

Fiquei paralisada.

Depois de todo esse tempo, era assim que ela escolhia se despedir?

MAS QUE DROGA ESTAVA ACONTECENDO?

Meu rosto ardeu de raiva e indignação. Eu quis confrontá-la. Eu queria gritar. Mas, em vez disso, as lágrimas desceram sem permissão.

Como ela podia ser tão cruel? Já não bastava todo o resto?

Respirei fundo e, com os dedos trêmulos, respondi:

"Tudo bem. Adeus."

Bloqueei a tela.

Havia tantas coisas que eu queria dizer, mas estava exausta.

Enterrei o rosto no travesseiro, sufocando um grito de frustração. Sentir tudo aquilo sem conseguir expressar doía de um jeito que ninguém entenderia.

Meu celular vibrou novamente.

"Não fica chateada comigo. Estou sendo obrigada a isso. Me disseram que seria para o seu bem."

Obrigada? O que ela queria dizer com isso?

Um estalo na minha mente.

Lucas.

Será que ele tinha algo a ver com isso?

Eu precisava saber.

"Se vai me deixar, ao menos me diga o porquê. Podemos conversar?"

"Tudo bem, é justo. Mas não na sua casa. Passo para te buscar depois."

A inquietação tomou conta de mim. O que diabos estava acontecendo?

Esperei.

Sentei no sofá da sala e fiquei atenta a cada ruído.

Até que ouvi um som familiar.

A buzina.

PUTZ! Me Apaixonei Por Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora