EM PERIGO

2.7K 225 15
                                    

Amanheceu e nenhum sinal de Manu. A polícia já tinha sido acionada e do portão da minha casa, dava para ver uma viatura em sua porta. Me sentia um lixo por não poder fazer nada. Entrei em crise a noite inteira. Minha mãe teve que me dopar e quando finalmente acordei, meu primeiro instinto foi perguntar por ela.

Não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Essas coisas são normais na TV, não parecia real estar acontecendo tão perto. Porquê justamente com ela? Meu desespero era tanto, que não consegui comer nada e ficava grudada no celular o tempo todo, sempre de olho no portão para ver se tinha alguma notícia. Vi a viatura sair e achei que seria por alguma notícia. Destranquei o portão e corri para até lá. Assim que cheguei, dei de encontro com seus pais já trancando  as portas.

_ Alguma notícia?
_ Nada. Estamos saindo para procurar também. Você não deveria estar aqui. 
_ Eu sei. Queria fazer alguma coisa.
_ Mas não pode.

Dona Adriana aparentava estar muito  abalada. Eu sabia que ela não gostava nada de mim, principalmente depois dos boatos, então nem estranhei suas respostas frias e rudes. Voltei triste e as lágrimas desciam silenciosas. Aquela angústia me sufocava. Só queria ser útil agora. Sempre em que precisei, ela estava lá por mim e agora que a situação inverteu, nem sabia o que fazer.

Cheguei em casa e entrei no banheiro. Eu não tinha condições de estar com a minha família. Sentada, ali, sozinha, chorei como nunca tinha chorado antes. E se alguma coisa muito grave tiver acontecido? E se eu nunca mais puder vê-la?

Depois de um tempo, minha mãe resolveu me chamar. Ela não tinha ido trabalhar justamente porquê sabia que eu não estava bem com tudo isso. E mesmo que ela não gostasse de Manu, aquele não era o momento pra implicar com isso.

Saí do banheiro com os olhos vermelhos e inchados. Peguei o celular novamente na esperança de ter alguma notícia e haviam dois SMS's. Senti o sangue gelar.

"Eu disse que ela pagaria. Se quiser vê-la de novo, vai ter que fazer tudo o que eu disser."

"Se pensar em avisar a polícia ou alguém, ela já era. Me encontra em 2 horas na estação de metrô. E pode apostar que vou saber se não estiver sozinha."

Lucas!!! Como eu não pensei nele antes? Rapidamente o sangue ferveu. Eu realmente não tinha noção do que ele era capaz, mas sabia que não podia bancar a heroína sozinha. Minhas mãos tremiam e eu mal conseguia falar, mesmo assim, fui até a sala e contei tudo para a minha mãe.

Rapidamente ela ligou para a polícia, mas como existia a possibilidade de ele estar nos vigiando, o policial resolveu nos orientar por telefone primeiro. Um caso de sequestro, quem iria imaginar!

Alguns minutos depois, dois detetives à paisana já estavam em minha porta e me deram mais instruções. Outros mais chegaram depois. Eles queriam ter certeza de que ela estava viva e bem, para que houvesse uma negociação. Colocaram um rastreador em meu celular e me fizeram responder a mensagem.

"Seu cretino! Como vou saber se ela está bem?"

Em alguns minutos, meu celular tocou. Quis atender de imediato, mas fui contida pelos detetives, até o localizador estar pronto. Assim que pude, atendi desesperada.

_ Não brinca comigo. Se tentar me enganar de novo, já era pra ela.

Em seguida, ouvi os gritos de Manu:

_ NÃO VEM NÃO VEM, ESSE CARA É LOUCO!!! CHAMA A POLÍCIA...

Em seguida, ouvi um barulho e um grito e a ligação foi interrompida. Caí de joelhos. Ele realmente estava com ela, aquele monstro!!!Eu só queria sair correndo e ir encontrá-la, mas não fazia ideia de onde eles poderiam estar.

A ligação não durou tempo o suficiente para ser rastreada, então o plano era ir ao ponto de encontro, já que havíamos confirmado que Lucas estava de fato com ela e que estava viva. 

Um rastreador, uma escuta e colete foram colocados em mim, pois não sabíamos se ele estava armado ou não. Eu estava muito assustada. Os detetives asseguraram que outros policiais também estariam presentes, à paisana, para não comprometer a operação e assim, me proteger e resgatar Manu. Mesmo assim, aquilo tudo parecia loucura demais. Só queria trazê-la de volta para mim.

Deu o horário e eu estava na estação. Haviam tantas pessoas circulando. Elas não faziam ideia do que estava acontecendo. Minha mãe me deixou ir somente depois que entendeu que a vida de outra pessoa dependia disso, mas estava de prontidão com todas as medicações, caso eu não conseguisse aguentar o tranco.

Quase uma hora se passou depois do combinado e nada de Lucas ou Manu. Eu já estava com o coração na mão. Mas consegui avista-lo do outro lado da estação, vindo em minha direção. Aquela era a hora e eu precisava conter o pânico e ser forte por ela. Tudo o que eu queria, era a minha Manu de volta...


{Se estiver gostando, deixa uma estrelinha e/ou comenta aqui pra eu saber, tá bom?😘}

PUTZ! Me Apaixonei Por Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora