O PLANO DE FUGA

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Peguei o computador e fui acessar a nossa conta para checar quanto tinhamos disponível. Enquanto isso, Letícia ligava para sua amiga, para tratar do aluguel da casa. Era real, eu estava planejando fugir e ainda levar Manoela comigo. Era muito maluco, mas não haviam tantas alternativas para nós: era isso ou desistir de tudo e fingir que nada aconteceu. Mas como ignorar e apagar tudo o que sentíamos uma pela outra?

Tudo adiantado, passamos o dia espionando o portão para ver se os pais de Manu saíam, mas nunca coincidia os dois saírem juntos, então tivemos que aguardar mais um pouco. O dinheiro na conta seria suficiente pra nos manter por uns seis meses, então se eu quisesse fazer durar, teria que arranjar um emprego o quanto antes. Contudo, isso não seria um problema, eu acho.

Checamos até oportunidades de emprego no lugar pra onde iriamos. Estávamos empolgadas olhando tudo e Let já fazia planos de nos visitar o quanto antes. Eu nunca me imaginei saindo de casa, principalmente nessas condições, mas a expectativa de andar com minhas próprias pernas e seguir a minha vida estava além de tudo.

Depois de algum tempo, vimos os pais de Manu saírem e corremos lá. Eu sei que eu ir era muito arriscado, mas eu precisava falar com ela, mesmo que super rápido. Ao chegar lá, ela abriu de imediato.

_ Meus Deus, o que fazem aqui? Eles podem voltar...

_ Eu precisava te ver...

Abracei-a e logo recordei a sensação de paz daquele abraço. Como era maravilhoso!

Let: _ Tá, eu sei que as pombinhas estão com saudade, mas precisamos nos apressar. Manu, já resolvemos quase tudo. Vamos comprar as passagens já já. Cê ainda tá de pé né?

Manu: _ Meu Deus, que loucura. Já? Quando?

Let: _ Em três dias. Te aviso o horário.

Manu: _ Tá bem. Fico aguardando. Agora vão, eles podem voltar...

Dei um beijo nela e saímos. Era muito bom estar com Manu e logo isso seria permanente. Cheguei em casa super animada e fomos ligar para a agência de voos para trocar as milhagens e comprar as passagens.

Agora era definitivo! Só havia apenas um problema: Como ela faria para sair de lá, sem que ninguém percebesse? Para mim seria bem mais tranquilo, já que a minha vigia era Let. Mas ela, além de estar de castigo, ainda tinha seus pais que estavam quase o tempo todo em casa. Até arrumar as malas seria uma coisa muito complicada.

Tentei controlar a ansiedade, enquanto aguardava finalmente o grande dia chegar: Quarta-feira, dia 14 de novembro de 2018, às 17h00, o dia em que minha vida finalmente começaria. Letícia me dava muito apoio, mas eu sabia que ela estava muito preocupada com tudo.

Não tínhamos como dimensionar as consequências exatas, mas por base, já sabíamos que nossa mãe passaria um longo, mas um longo tempo sem falar comigo. Tenho certeza que isso também iria me machucar por um tempo, pois eu a amo muito, contudo, eu não posso deixar de seguir a minha felicidade só por ela simplesmente não aprovar a minha escolha. Era o preço e eu estava disposta a pagar. Let me garantiu que iria continuar tentando conversar, até ela aceitar.

Três dias se passaram e finalmente chegou a tão esperada quarta-feira. Eu não pude avisar pessoalmente, mas Let conseguiu correr lá na casa dela para avisar sobre os horários e tudo mais. Acordei bem cedinho e vira e mexe, checava as minhas coisas para ter certeza de que não estava esquecendo nada. Mal conseguia comer de tanta ansiedade.

O combinado era sairmos no máximo às 15h00, para dar tempo de fazer o checkin e embarcar sem imprevistos e contratempos. Manu só ainda não sabia como fazer para sair, e a essa altura do campeonato, isso estava me deixando muito aflita. E se ela não conseguir?

Deu 14h20 e eu já estava banhada e vestida, com as malas prontas e tudo a postos. Meu coração estava tão apertado por deixar minha família. Mas eu precisava partir. Os minutos se passavam e nada! Minhas mãos estavam trêmulas e frias. Manu não aparecia e eu já começava a imaginar uma serie de coisas acontecendo e ela não podendo ir comigo.

_Calma, Nat. Ela vai conseguir. Ainda temos tempo...
_ Mas e se...
_ Nada de "mas". Pensamento positivo, mocinha!
_ Tudo bem...

14h50 e nada de Manu. Definitivamente eu não sabia o que pensar e naquele momento, eu tive a ideia mais maluca de todas: ir na casa dela. Let tentou me convencer do contrário, mas ela sabia que eu estava decidida, então relutante, decidiu me acompanhar.

Em algum momento das nossas vidas, temos que encarar nossos maiores medos. Eu amava Manu e nosso maior e principal empecilho eram os nossos pais. Não podíamos simplesmente fugir e esquecer que eles existiam, então naquele momento, decidi encarar dona Adriana e seu Fernando e contar a nossa decisão. Somos adultas e na minha cabeça, o que eles poderiam fazer de pior seria expulsá-la de casa.

Totalmente convicta, saí pelo portão, com Let atrás de mim, indo de encontro ao terreno inimigo...

PUTZ! Me Apaixonei Por Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora