Ela veio no outro dia e no dia após esse e eu amava sua presença mas, a vontade de beijá-la não saía de mim. Por vezes, estive bem próxima ao seu rosto e meus olhos percorriam direto até seus lábios. Eu tentava disfarçar e me afastava, mas ela não colaborava tanto, pois em algumas situações, fazia questão de estar bem perto de mim. Oh, Deus, como era difícil!
Mas seguimos assim, comigo abafando todos aqueles desejos e sentimentos, só tê-la por perto bastava. Ou eu achava que bastava, pois uma tarde estávamos em meu quarto, cantando musicas aleatórias, quando seu celular vibrou. Ela logo respondeu a mensagem e me disse que precisava ir, pois iria sair essa noite com um amigo. Foi impossível esconder meus ciúmes, que fez ela rir muito de mim.
_ Como assim? Cê fala isso do nada? E que amigo é esse que cê nunca me falou?
_ hahaha tá com ciúmes é?
_ Tô!!! Cê vai me deixar pra ir num encontro e depois vai me abandonar de vez, já vi tudo!
_ muito drama, meu Deus kkkk Não é um encontro, mas pode ser que ele esteja apaixonado por mim...
_ VIU??????????
_ você precisa se ver, rsrs está hilária. Calma baixinha, ninguém vai me roubar de você, prometo. Fica bem, te ligo quando eu chegar, pode ser?
_ Divirta-se, tchau...
Fiquei chateada mesmo sem motivos, afinal, eu não tinha nada com ela. Mas e se ela arranjasse um namorado? Com certeza iria passar menos tempo comigo. E se ele não gostasse de mim e me afastasse dela totalmente? Ele iria beijá-la, ahhh!!!
As paranoias não pararam por aí, talvez seja apenas uma mania de virginiana, mas eu realmente estava muito magoada com aquele encontro. Mas que motivo eu tinha para estar tão chateada? A resposta estava cada vez mais clara, eu só não sabia o que fazer com ela.
Já era noite e eu não aguentava mais ficar em casa. Vesti um moletom e saí andando, destino sabe-se-lá-onde. Queria refrescar as ideias e tentar entender tudo o que estava sentindo. Pensei em ligar para ela. Era isso que eu fazia quando estava mal. Mas lembrei que poderia estar atrapalhando o encontro e eu não queria isso.
Cheguei em uma praça, sentei em um dos bancos e fiquei olhando os pátios à frente: crianças andavam de patins, alguns skatistas faziam manobras, casais namorando... A vida seguia freneticamente seu rumo, mas só eu ali tinha a sensação de ter parado no tempo. Percebi que minha vida não andava e eu estava limitada as mesmas coisas de sempre. Algo precisava mudar e eu precisava me encontrar, mas como?
Talvez me permitir viver aquilo que eu tanto bloqueava, poderia ser um bom começo. Precisava dizer para ela, mesmo que não fosse correspondida, mas não tentar parecia injusto demais comigo. Fiquei sentada por mais um tempo, até perceber que a praça estava quase totalmente vazia.
Levantei e segui em direção a minha casa. Alguns pingos d'água caíram em meu rosto, me forçando a acelerar o passo. Estava tarde e as ruas já estavam com pouco movimento. Quando estava próxima a minha esquina, a chuva engrossou e eu já planejava correr, até que uma moto se aproximou de mim. Imediatamente temi ser assaltada, mas logo reconheci aquela voz.
_ Sobe aí, sua maluca. O que faz na chuva?
Subi apressada e seguimos. Em poucos minutos já estávamos em minha casa.
_ Você quer entrar e se secar?
_ Não precisa, estou perto de casa, lembra?
_ Mas eu não queria que você fosse... _Falei em um tom triste, de cabeça baixa.
Ela desceu da moto e veio em minha direção. A chuva não dava trégua e caía sobre nós. Senti sua mão tocar meu queixo e levantar meu rosto de leve. Ela me olhava fixamente.
_ O que há com você?
_ Preciso te contar uma coisa
A hora era agora. Eu estava nervosa. Respiração acelerada. Estava com muito medo, mas ali, com ela, tinha certeza que precisava dizer.
Só não precisei. Para a minha surpresa, quem tomou a atitude foi ela. Ainda com nossos rostos na mesma direção, ela se aproximou aos poucos ao ponto em que tudo o que eu precisava fazer, era ir de encontro a sua boca e não hesitei. Nossos lábios se tocaram lentamente e assumindo uma proporção gigantesca. Logo nossas línguas se juntavam àquele beijo ardente. Nossos dentes brindaram de leve, chocando-se uns contra os outros, em virtude da urgência daqueles desejos.
Naquele momento, meu corpo inteiro entrou em um perfeito êxtase e me vi completamente rendida à ela. Eu queria mais, mas ela se afastou, com um olhar assustado.
_ Me desculpa, eu não podia... _E virou apressada, Mas eu não a deixei partir, segurei em seu braço e virei-a de volta para mim
_ Eu queria...
Ela olhou para mim, um pouco confusa, mas segurou em minha cintura e me trouxe para mais perto e logo já estávamos em um segundo beijo. Aquilo parecia ser um sonho ao qual eu não queria despertar nunca, mas ela foi parando lentamente, me dando um selinho ao final, enquanto eu segurava seu rosto junto ao meu. Nossas testas estavam coladas e eu podia sentir seu hálito com um leve aroma de morango.
_ Estou apaixonada por você... _Eu finalmente disse
_ Eu também. _ Ela respirou fundo _ Mas isso é arriscado demais, alguém pode nos ver, estamos na porta da sua casa...
_ Tá bom. Vem me ver amanhã, por favor.
_ Prometo.
Ela me deu mais um selinho, bem devagar, depois virou e subiu na moto.
Entrei em casa quase dando pulos de felicidade. Finalmente aconteceu e ela disse que também estava apaixonada por mim!!! Corri para o quarto e fui tirar a roupa molhada. Enrolada em uma toalha, olhei meu celular na cabeceira da cama e peguei para ver se já tinha mensagem dela, mas para meu espanto, haviam 17 chamadas perdidas da minha mãe. Com certeza algo havia acontecido...
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PUTZ! Me Apaixonei Por Uma Garota
Ficção AdolescenteNatália é uma garota de 25 anos que sofre de ansiedade e depressão, decorrente de inúmeras desilusões e frustrações na vida. Após uma tentativa de suicídio, sua vida tem uma brusca reviravolta, principalmente quando se vê envolvida em um relacioname...