UMA VIDA SEM ELA?

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Um mundo inteiro passava em minha cabeça naquele instante. Uma ira imensa tomava conta de mim. Queria partir para cima dele e dessa vez não precisaria me conter. Mas onde estava Manu? Enquanto ele andava até a mim, procurei em volta para ver se a encontrava, mas nada. Desesperada, também fui ao encontro dele.

Quando estávamos a poucos metros de distância, não precisei fazer muita coisa. Muito rápido, os policiais já tinham agido e ele estava no chão, imobilizado. Me aproximei e gritei.

_ CADÊ ELA, SEU FILHO DA PUTA, CADÊ ELA???
_ Sua vadia. Você vai pagar caro. Nunca mais vai ver aquela sapatão dos infernos!!!

Ali, daquele jeito, dava para perceber o quanto ele estava fora de si. É loucura imaginar até onde o ser humano é capaz de ir, quando está com sede vingança. E se ele a tivesse matado? Como é que eu lidaria com isso?

Queria respostas! Um policial se aproximou de mim e me acalmou.

_ Vamos encontrá-la. Eu prometo. Agora venha aqui...

Estava catatônica, mas segui com ele até a um grupo maior de policiais. Logo já estávamos na delegacia e Lucas estava sendo interrogado. Minha mãe, dona Adriana e seu Fernando, pai de Manu, também estavam comigo na sala de espera. Eles dois nem olhavam na minha cara, provavelmente deviam estar me culpando por tudo o que havia acontecido, mas estávamos tão absortos na situação, que nem sequer nos demos o trabalho de tentar conversar.

Depois de 40 minutos, um dos policiais, que estava na sala de interrogatório, voltou avisando que haviam conseguido uma pista do paradeiro dela e que sairiam no mesmo instante para uma operação de resgate. Dei um salto e pedi para ir junto. Queria vê-la e ter certeza de que estava bem, contudo, minha mãe e dona Adriana, soltaram um quase uníssono "não" que me trouxe de volta para a realidade. Como elas podiam ser tão cruéis comigo? Não estavam notando a minha aflição?

A viatura saiu e com eles, os pais de Manu e eu tive que ficar na delegacia com minha mãe, aguardando retornarem.

_ Filha, você não pode passar por tantas emoções. Já se arriscou demais. Nós deveríamos ir para casa, já que tudo está sendo resolvido.
_ Eu não saio daqui sem ver ela antes. Você não entende? Isso tudo aconteceu por minha causa... _ Meus olhos se encheram de lágrimas novamente.
_ A culpa não é sua, sabe disso. Não tínhamos como prever o que ele poderia fazer...

Abaixei a cabeça em vez de tentar rebater. Me sentia culpada sim e nada do que falasse me faria mudar de opinião. Eu deveria ter previsto. Ele já tinha ameaçado ela antes. Obvio que ela tava em perigo também. Minha cabeça doía muito. Tudo o que eu queria era vê-la de novo, sã e salva.

As horas se arrastavam. Eu estava inquieta naquele banco. Levantava, andava alguns passos, olhava pela porta da frente, espiando se algum carro chegava. Nada! Sentava de novo, olhava o celular, tentava me distrair, mas logo já estava em pé novamente, com os olhos fixados na porta. Minha mãe já estava agoniada com a minha inquietação e me pediu para parar, mas quando fiz menção de sentar, avistei a viatura chegando. Eram eles...

Saí em disparada pela porta e quando ela estava descendo, corri em sua direção e me joguei em seus braços. Não conseguia dizer nada. Senti seu coração pulsando tão forte quanto o meu. Manu estava ali, com os braços em volta de mim. chorávamos desesperadoramente. 

Não queria soltá-la. Não queria deixá-la ir para nenhum outro lugar em que eu não estivesse. Ouvi vozes ao fundo, que me trouxeram de volta para a realidade. Me dei conta que estávamos na porta da delegacia, com policiais, os pais de Manu e minha mãe ao redor. Soltei-a mesmo contra a minha vontade.

Entramos na delegacia e agora era a vez dela passar pelo corpo de delito e dar o seu depoimento. Eu não queria desgrudar nem um segundo, mas minha mãe já me intimava a ir para casa, afinal, eu já a tinha visto.

Quando estávamos a caminho da saída, uma mão segurou meu braço e puxou. Virei e dona Adriana estava com os olhos fixos em mim.

_ Fica bem longe da minha filha. Você só traz problemas. Tudo isso é culpa sua!!! Nossa vida era bem melhor antes de você aparecer.
_ Quem você pensa que é para falar com minha filha assim? Pode ficar tranquila, porque eu mesma a proíbi de andar com más companhias.

Minha mãe respondeu tão rápido quanto e antes que ela pudesse responder de volta, segurou minha mão e saímos pela porta. Eu sabia que ela estava furiosa. Me doía saber que elas se odiassem tanto e que odiassem a nossa amizade também. Tudo por causa de boatos!

Mas graças a Deus tudo acabou bem e logo Manu estaria em casa. Para a nossa sorte, Lucas agiu por impulso e raiva, o que o fez não ter tanto tempo para planejar os detalhes do sequestro, tornando o resgate, mesmo que arriscado, uma tarefa mais fácil.

Em casa, me joguei na cama. Mas antes que tivesse meu momento de trégua, minha mãe entrou no quarto para sua última exigência do dia.

_ Você viu como aquela mulher falou com você? A filha dela é toda errada, sapatão, ainda por cima e ela vem e acha ter o direito de falar alguma coisa para a minha filha? Agora que tudo já se resolveu, vê se me obedece e se afasta dessa menina de vez. Não quero mais te ver envolvida com esse tipo de gente!

Exausta! Era como eu me sentia. Agora estávamos proibidas de nos ver. Parecia justo, depois do que ela passou por minha causa, mas eu era egoísta demais para sequer pensar em me afastar.

Mas eu estava aliviada. Ela estava bem e tudo passou. Foram os dois dias mais intensos da minha vida e nunca fiquei tão desesperada pela possibilidade de perder alguém. Eu amava Manu e isso era tudo o que eu tinha certeza. E mesmo que nossas mães não permitissem, eu não estava disposta a me separar dela nunca mais, a não ser que ela quisesse isso também. Mas para saber disso, eu só tinha uma opção: conversar com ela...

"Tive tanto medo de te perder..."

"Estou aqui, com você, sempre. Prometi, não foi?"

"Sim. Precisamos muito conversar. Mas antes, tenho que te dizer uma coisa..."

"Fala..."

"Eu te amo"

"Eu também te amo, muito..."



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PUTZ! Me Apaixonei Por Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora