Vinte E Dois

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—Heyoon? Como conseguiu entrar aqui? —pergunto trancando a porta atrás de mim —Se Noah lhe achar aqui estamos ferradas! —corro até ela.

—Relaxa, ele e Josh terão algo pra resolver na boate... —ela responde calma.

—Como você sabe disso? —pergunto desconfiada.

—Dei meus pulos para distrai-los —piscou divertida e me chamou para sentar ao seu lado —Conseguiu achar o documento que te pedi?

Eu realmente deveria dizer que sim, mas o que pode acontecer se eu a entregar esse tal documento?
Qual é Any? Tenho que arriscar!

—Só um instante... —digo e pego a cadeira da mesa indo em direção ao armário.

Subo e vou direto ao cofre em que achei a pasta da última vez.
Droga!

—O desgraçado trancou! —bufo me virando para Heyoon.

—Desgraçado? —Heyoon tampa sua boca para conter o riso.

—O que foi? —pergunto confusa.
—Nada... Agora deixa eu tentar abrir—ela se levantou.

Desci da cadeira e observei Heyoon subir, três tentativas depois ela desceu com a pasta em mãos.
Ela não disse nada, apenas se sentou rapidamente e começou a ler os papeis.

—O que está escrito nesse documento? —perguntei me aproximando.

—O papel diz respeito a Acsa e suas propriedades —Heyoon diz concentrada.

Ela pegou uma espécie de câmera e começou a fotografar.

—Acsa? Então na verdade esse é o nome de uma mulher? —me sentei ao seu lado.

—Sim,ninguém sabe muito sobre ela, e é por isso que eu precisava ler este documento... Sina me disse que era essencial —Heyoon guardou sua câmera e começou a guardar os papeis de volta na pasta.

Lembrar de Sina ainda me dói um pouco, será que isso realmente é para me proteger ou é so fachada?

—Você sabe se Sina está bem? —perguntei com esperança de obter uma boa resposta.

—Eu não tive mais contato com ela depois do que aconteceu, procurei informações e... —ela engoliu a seco —Ela foi executada...

Senti uma lágrima saltar de meus olhos

"ela foi executada"

Uma única frase que me fez perder o chão novamente, agora eu estava sozinha neste mundo, foi como perder minha mãe novamente.
Todos os nossos momentos juntas, nossas risadas, lembro-me de a ter contado sobre meu primeiro beijo com um garoto do colégio e ela ter surtado com a notícia, no dia em que minha mãe me deixou e ela estava lá, junto comigo deitada em minha cama, secando minhas lágrimas e dizendo que iria ficar tudo bem... Ela foi tudo que tive durante todo esse tempo, ela era minha esperança de sair daqui, mas eu a deixei ir e não fiz nada para impedir!

Escorreguei Até o chão frio e me encoli, como uma criançinha comecei a chorar.

—Eu sinto muito Any —ouvi Heyoon dizer, sua voz estava embargada, provavelmente segurava o choro.

Ela se agachou até a mim e me abraçou forte, ela tentava passar segurança mais sei que queria expludir e chorar como eu.
O motivo de ela estar assim eu não sei, já que desconheço sua relação com Sina, mas provavelmente deve ter sido algo que a marcou, Sina era uma garota de ouro!

Heyoon se afastou lentamente, ouvi ela guardar a pasta no cofre e depois pular a janela, continuei chorando por algum tempo depois que ela saiu.

(...)

Uma voz apavorada me chamava e eu não conseguia ver quem era, estava tudo escuro até que um farol forte me fez cair e tampar minhas vistas, para impedir que me deixasse cega.

—Any? Querida eu estou aqui... —uma voz doce e suave disse.

Abri meus olhos e o local era totalmente diferente, havia flores por todo lado, uma cachoeira cristalina e uma pequena mesa com dois acentos, um estava vazio mas o outro estava ocupado por uma jovem mulher de cabelos louros, pele morena e olhos caramelados.
Seria dela a voz suave?

—Venha Any, Sente-se comigo! —a mulher sorriu e me chamou com uma das mãos.

Caminhei calmamente até ela, me sentei na cadeira e a observei.
—Quem é você? —perguntei.

—Eu sou você Any e você sou eu! —ela sorriu e me estendeu a mão.

Involuntariamente segurei a palma de sua mão e me senti alegre, uma felicidade imensa, a qual eu nunca senti anteriormente.

—Eu te completo... Consegue perceber isso? —ela pergunta com animação.

Sinalizo que sim com a cabeça e desfruto o quanto posso daquela sensação, de repente as flores começam a muchar, o riacho se torna escuro e a mulher é apressada para longe de mim.
Olho para todos os lados, tento entender o que está acontecendo mas a escuridão se aproxima cada vez mais de mim.

—Não! —grito e me levanto.

Noto que estou no quarto de Noah, tudo o que vi anteriormente não era real e sim um sonho!
Tomo um leve susto quando vejo Noah no canto do quarto me observando... Delicadamente? Essa seria a palavra?

—Um pesadelo? —ele pergunta serio.

—Não é da sua conta! —respondo bruta.

Não sei quando exatamente tomei tanta raiva de Noah, nem de onde está surgindo coragem para confronta-lo, mas sei que ultimamente não estou tolerando nem que respire perto de mim.

—Desde quando tem a língua tão afiada? —sua frase veio com uma boa quantidade de deboche.

—Você nunca provou minha língua para saber o que ela é ou deixa de ser —respondo no mesmo nível e vejo seu olhar mudar.

Me levanto e dirijo até seu banheiro, Noah barrou a entrada com seu corpo.

—Acho que estou te dando liberdade demais, você não era tão atrevida —ele disse seriamente.

—Quer uma solução? Me mata! Assim como fez com Sina, me executa! Até o inferno é melhor que aqui —praticamente berrei.

Eu estava preparada para mais um grito, um tapa ou até mesmo uma punição, mas a realidade foi diferente... Noah abaixou sua cabeça e simplesmente se retirou do quarto.

Será que isso é hora para criar teorias sobre ele gostar de mim?

Não Any, ele é um mafioso! Com certeza é inteligente o bastante para me driblar....

Mas não vai conseguir!

Como relâmpago passou em minha mente o anel, onde eu devo ter deixado?
Preciso acha-lo e procurar saber sobre, talvez essa seja minha chance de mudar o rumo da história.

^_^

Wrong Target-NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora