Wrong Target-Noany

Vinte e Sete

Por fim eu me sentei na cama, com o livro em minhas mãos e olhando para o nada.

- O que acabou de acontecer?- perguntei para mim mesma.

Era estranho pensar que por um momento ele estava sendo "amigável", Noah havia acabado de tentar melhorar a minha convivência nesta casa, com um livro.
Mas por quê diabos ele não poderia me tocar?

Fiz com que meu olhar encontrasse meu reflexo no espelho, me analizei dos pés a cabeça.

- Será que ele me acha feia?- me perguntei fazendo caras e bocas para o espelho.

Eu sei que é totalmente idiota pE ensar nisso...
Já que eu decretei odiar Noah para minha pessoa, eu não deveria estar estranha e sim feliz, contente!
Não era isso que eu queria?
Que ele não me tocasse?
Então por que estou desapontada?

Ainda confusa abri o livro, as folhas pareciam bem velhas, como se o livro tivesse séculos de existência.
Na segunda página estava o título do livro: A Metade De Mim
E logo abaixo sua sinopse...

"Fomos predestinados a isso, não há outra explicação para a nossa tamanha atração, é em vão se afastar de mim, o destino sempre a trará de volta para os meus braços...
Você foi assinada como minha e assim será porque eu também sou seu, nada irá nos impedir de amar já que você me completa e eu também te completo, somos o tamanho perfeito um para o outro minha querida."

Isso parecia mais uma declaração do que uma sinopse, mas com certeza não deixa de ser sofisticada.
Quem escreveu isso provavelmente estava apaixonado, ou tentando provar para sua parceira que eles formam o conjunto ideal.

Folheei as páginas até chegar na capa traseira e estava em branco, ou seja, o autor da obra era desconhecido, não havia deixado sua marca para constar sua autoria.

- Você bebe?- Noah perguntou assim que abriu a porta.

- Nunca provei- respondi quando avistei as duas taças em sua mão.

Deixei o livro de lado e me virei para ele, era até engraçado de ver Noah fechando a porta com o pé direito e tentando se equilibrar apenas com o esquerdo.

- Era mais fácil pedir para Rosa trazer não?- espiculei assim que ele conseguiu fechar a porta.

- Não há ninguém em casa além de nós dois -ele disse sentando na outra ponta da cama.

Observei a taça menos cheia ser trazida até mim com uma de suas mãos, isso significa que o plano está indo para a trilha certa...
Mas porque não estou mais tão confiante?

- Vamos brindar?- Noah disse me oferecendo um meio sorriso.

Assim que os vidros se tocaram produzindo o som de "trink", imediatamente ele levou a taça a sua boca, inclinando cada vez mais o recipiente para que o vinho derrame em sua boca.

- Você tem música?- perguntei e ele me olhou curioso retirando a taça de seus lábios.

- Música? - ergueu uma das sobrancelhas.

- Estou afim de dançar...-disse a primeira desculpa que me veio a mente.

Tudo bem que era apenas um sonífero que havia dentro daquele vinho, mas ele estava sendo ou pelo menos tentando ser agradável, o que poderia me acontecer se no dia seguinte ele descobrisse que alguém sabotou seu vinho? E que eu sabia disso?

A verdade é que eu não estou afim de apanhar logo pela manhã no dia seguinte, então preciso fazer com que as consequências não sejam tão graves!

- Pode colocar alguma música por gentileza?- perguntei e ele me analizou.

A taça que estava em sua mão foi acentada em cima de uma cômoda, a essa hora ele já estava em pé mexendo em algo no celular.

- Que tal essa?-  ele perguntou e sorriu brevemente.

(Para entrar no clima, sugiro que escutem a música que deixei separada na mídia enquanto lêem)

Fui até onde ele estava e coloquei minha taça ao lado da sua.
A música que ele havia escolhido não era tão ruim, mas combinava perfeitamente com uma dança mais sensual, sem me importar eu comecei a mover meu corpo, movimentos lentos porém sexys, eu sentia o olhar de Noah em mim, então chamei ele para que se juntasse a mim.

- Não, obrigado...minha especialidade é apenas apreciar- ele disse se sentando na cama novamente.

Seus olhos estavam vidrados, nem se quer piscavam direito, eu poderia me sentir desconfortável com isso...mas não!
Eu estava achando aquilo ótimo, porque isso siguinifica que ele não me acha tão feia.

Mas que merda de pensamento é esse Any?

Levantei minhas mãos para o alto e cantei o refrão, ironia era cantar aquele trecho sabendo que se tratava de "uma boa moça que se apaixonou por um criminoso"...isto era realmente ridículo!

Novamente me deixei levar pela melodia sem me importar com o que a letra dizia, eu estava indo bem até ouvir um tiro alto.

Tão alto que parecia até ter saído do quanto.