-Capítulo 11-

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Chegamos em um apartamento gigante, absolutamente lindo e amplo. Eu não consegui esconder a surpresa ao ver os tamanhos dos quartos, e a vista ainda era de tirar o fôlego. Olhei para Jennie que se mantinha na porta de entrada, dando um sorriso bem satisfeito para mim, odiava aquele sorriso tão convencido. 

- Melhor que o seu sótão, não é?

- Realmente. Muito... lindo.

- É seu, docinho

- Agradeceria se você parasse de me chamar assim, coisinha insuportável.

- Estamos criando uma boa relação, docinho. Uma das melhores que eu já tive com os assinantes do pacto.

- Isso é bom? Deveria comemorar? Comprar um bolo?

- Você é tão divertida, Lalisa. Deveria ser comediante.

- E você deveria ser palhaça de circo.

- Lisonjeada, mas dispenso.

Eu peguei uma almofada que tinha ali e joguei na sua direção, ela era tão chata que chegava a ser engraçada e não incomoda como era antigamente, começava a suportar aquele ser tão insuportável, e eu acho que ela também. Incrivelmente, ela me ajudou a arrumar todas as minhas coisas, sempre fazendo uma piada sem graça, ou me irritando de algum modo.

- Como é o inferno?

- Acho que você já me fez essa pergunta.

- E você não respondeu.

- Não é muito diferente do seu mundo, tortura, violência, morte, roubo. Acho que a única coisa diferente são os demônios em si. Nem todos são iguais, como os assinantes. Você vai conhcê-lo um dia, não se preocupe. Adorei essa calcinha.

Arregalei os olhos quando ela levantou uma das minhas calcinhas no alto e a encarou, arranquei da sua mão colocando ela na gaveta e fechando a porta do guarda-roupas. Empurrei ela até a sala ainda muito constrangida por aquilo, agora sim desejando que ela fosse embora. Mas no fundo, melhor ela do que ninguém. 

- Tudo bem, eu sei que você quer que eu vá embora, eu vou se você realmente pedir.

- Tem algum compromisso diabólico? 

- Não,

- Então sente-se que eu vou preparar algo para comermos.

- Prefiro ficar com você na cozinha.

Eu dei de ombros, olhando a espaçosa cozinha ali na minha frente, era tão lindo e inacreditável aquele apartamento ser meu, então resolvi aproveitar ainda mais o que o pacto me fornecia. Todas as vezes que ela me olhava eu acabava me arrepiando, estranhando cada sensação nova, tudo passava a ser novo assim que Jennie entrou na minha vida, e de fato eu ainda não sabia se era bom ou ruim aquilo, pois a sua companhia agora poderia ser agradável sem eu perceber. Os seus olhos escuros mostravam o fogo, não literalmente, mas mostrava que ela não brincava com nada do que falava, eles não mentiam ela aparentemente também não. Era meio idiotice acreditar em um demônio, mas eu começava a achar um ponto meio seguro quando ela estava do meu lado, como um alívio, como um peso enorme tirado das costas, e era muito bom não se sentir tão pressionada. Mas ainda assim, estranhava algumas coisas, e odiava muitas coisas também, como aquele sorriso, ele era lindo, mas o jeito e a hora que ela o lançava me irritava, esperava em que algum momento me acostumasse com ele. Ela era linda, de fato, gostava do corte do se cabelo, nem muito curto e também nem muito longo, sua pele era meio delicada demais para um demônio na minha opinião, mas não deixava de ser presencial ao corpo. Outra coisa também que eu observava com frequência, suas roupas eram como de uma adolescente, mas já havia entendido a sua preferencia em calças moletons. 

- Sou intersexual, Lalisa, por isso a preferencia da calça moletom.

- Mas eu não falei nada...

- Mas pensou. Se perguntou mentalmente.

- Você já nasceu assim, ou escolheu?

- Nasci assim, vejo que está bem informada sobre as formas dos demônios, não é?

- Vi em um livro.

- Dessa vez, não está errada.

Foi a minha vez de sorrir satisfeita e fiquei ainda mais quando ela olhou para mim, para os meus lábios mais especificamente, acabei deixando o sorriso morrer adotando um queimação em meu rosto e eu pedi que não estivesse corada na frente dela, seria tão imbecil.

- Sim, você está corada, e não é imbecil, é bem fofinho até.

Comemos sem conversa alguma, nos encarávamos algumas vezes, mas eu desviava os olhos para outro lugar por estar com muita vergonha, ou por não querer corar mais uma vez e ela ter a oportunidade de tirar sarro de mim e me chamar de vários apelidos. Queria que ficasse do mesmo jeito que eu, assim me vingaria daquele momento tão... estranhamente bom para mim.

- Volto amanhã, docinho. Durma bem.

- Até.

Se aquilo era estranho, então queria viver e sentir sendo estranha para sempre.

The Pact ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora