-Capítulo 9-

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- Pois é... eu consegui a vaga na empresa e vou voltar para a faculdade.

- Eu sei docinho, sei de muitas coisas.

- Não é pra menos também.

As pessoas olhavam para ela quando passavam, conversava sozinha então achavam que era louca. Mas eu estava ali ao lado dela. Eu sabia da reunião que teria mais tarde, e estava levemente ansiosa para isso, não tanto igual ao os outros anos, mas era sempre bom.

- Eu sei que o seu avô começou um vício.

- É... ele não é o mesmo dês que a minha avó morreu.

- Então é assim que vocês afunda a dor? Com bebidas?

- Depende.

- Você? O que usa para esconder a dor?

- Não era você que sabia de tudo, coisinha insuportável?- eu me senti desafiada naquele momento e enquanto ela ria buscava antes daquilo algo que ela sempre fazia.

- Você fica com a cara no livro. Esse é o seu vício. Livros e mais livros.

- E o seu?

- Descubra sozinha.

Quando voltei, todos estavam reunidos na grande mesa, recebi um olhar meio irritado do meu pai e a única coisa que poderia ser feita por mim era tomar um rápido banhi e correr até a mesa. Os olhares de vários demônios estavam sobre mim, e me senti meio incomodada. As taças de sangue foram erguidas em oferecimento a mim e ao meu pai.

- Fico lisonjeado com a presença se todos vocês aqui mais uma vez. Precisamos nos preparar para a segunda guerra que terá entre anjos e demônios daqui pouco tempo, dessa vez minha filha lutará conosco.

Eu arregalei os olhos quando meu pai disso aquilo, sempre desejei, mas também sempre temi pela a minha própria vida, poderia acabar igual a minha mãe e eu não queria de jeito nenhum aquilo.

- Na primeira guerra perdemos muitos de nós, incluindo a minha mulher. Mas isso não vai acontecer novamente pois iremos usar as nossas armas secretas, o poder mais sujo que qualquer demônio possa usar. A manipulação. A mentira. E a ganância. Dessa vez, a vitória será nossa!

Estava sem apetite algum, beberiquei um pouco de sangue humano mas também não me agradou. Estava cansada, aquelas reuniões sempre acabavam com a minha energia e eu nem sabia o porque. Tomando coragem fui até o trono do meu pai, não sendo barrada por nenhum guardião e apenas seguindo até ele.

- Pensei que estivesse na cama, querida.

- Falta pouco para a batalha, pai?

- Por informações, muito pouco. Algo te incomoda?

- Sim. Eu não quero lutar.- ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas, surpreso ou provavelmente decepcionado.

- Como assim, Jane? Como não quer lutar?

- Não me sinto... a vontade, pai. Não sei, nunca fiz isso na minha vida.

- Mas saiba que sempre existe uma primeira vez para tudo. Quando eu for eliminado você vai assumir o meu lugar, então tem que ser a melhor até lá. As suas primas não são ninguém perto de você e vão te servir quando essa coroa aqui for sua. Seu treinamento começa amanhã.

Concentração era uma palavra muito usada por mim. Naquele lugar o foco era a base de tudo, nunca foi diferente. Ainda fiquei observando Lalisa quando entrei no seu quarto, estudando para a faculdade, seus fones no último. Me sentei ao seu lado encarando o seu rosto, acabei achando concentração ali, diferente ver um mortal tão concentrado.

- O que está fazendo?- ela deu um pulo para trás quando apareci, e o modo o qual ela perdeu o ar foi muito engraçado, tive que gargalhar daquela cara tão apavorada.

- Você não pode simplesmente aparecer assim! Assusta sabia?

- Sim, por isso que é maravilhoso.

- O que você quer?

- Hum... não sei. Só que é bom ficar aqui.- concluí depois pensando nas minhas próprias palavras.

- Aqui não tem nada de interessante, não mais que a sua própria casa. Você mora realmente no inferno?- eu assenti.- É realmente muito quente lá.

- Lalisa, a sua inocência me encanta.

Acaricei seu rosto e voltei a andar pelo o quarto enquanto respondia as suas perguntas bestas, a maioria me causando risadas, e por um momento até esqueci que teria uma batalha muito séria pela frente. Até que ouvi barulhos de vidro quebrando no andar de baixo junto ao olhar assustado dela.

- Meu avô está bebendo de novo...

Eu desci para ver o que estava acontecendo e encontrei aquela sala revirada. O velho estava esparramado em uma poltrona com três garrafas ao seu redor. Se não parasse teria uma overdose ou alguma coisa assim. Voltei correndo para o quarto de Lalisa quando ele se levantou, tranquei a porta e ainda fiz uma barreira ali caso ele tentasse entrar.

E foi questões de segundo até a porta começar a ser forçada e o homem começar a falar coisas desconexas. Me afastei devagar sabendo que barreira não quebraria tão facil, olhei para Lalisa que tremia um pouco, era preocupante.

- Ele já vez isso antes?

- Quando eu era pequena acho que tinha seis o sete anos ele tinha esse problema. Muitas noites eu e a minha avó ficávamos trancadas aqui com medo dele, que só parou quando foi levado pela polícia. Mas agora ele voltou com isso, falando que a culpa é minha pela morte da minha avó, e de alguma forma realmente é. A loja de conveniência está pra ser fechada e eu não aguento mais ficar aqui, não se for pra morar com ele.

- Você vai arrumar todas as suas coisas, e me esperar. Não poderei vir amanhã, mas sábado te levarei a um lugar.

Nós nos olhamos para logo depois voltar a atenção para a porta ainda tentando ser aberta.

Algo diferente começava a nascer em mim.

The Pact ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora