Capítulo 23

161 11 8
                                    

"And you say: As long as I'm here, no one can hurt you"


Acordo com aquele barulho chato na minha cabeça, e por incrível que pareça era o idiota do Arthur gritando no meu ouvido, tentei de tudo, colocar o travesseiro na cabeça, empurrar ele, gritar mais alto ainda, e o idiota não parava, então a única opção que restou foi acordar de vez e levantar.

- Puta que pariu Arthur, eu nunca mais durmo com você cara, por que me acordar assim? - falo revirando os olhos

- Porque você é uma amiga maravilhosa e a gente vai ir correr hoje, você ta se transformando em uma sedentária - jogo o travesseiro nele

- Você vai ver, só vou para te mostrar quem aqui precisa de exercício - falo emburrada e saio de volta para o meu quarto

Eu posso ser uma grande trouxa depois de fazer isso, mas vou passar na boca para conversar com o Guilherme, claro que somente é pela missão, não iria correr atrás se não fosse por isso, pelo menos eu estou repetindo bastante isso.

Vou até o meu closet e coloco um short de malha e uma regata preta, pego meu tênis e calço ele amarrando depois meus cabelos em um rabo de cavalo alto. Desço direto para a garagem e entro no carro com o Arthur.

- Passa na boca antes por favor, eu quero falar com um Guilherme - ele me olhou meio desconfiado mas só assentiu

Ele deu partida direto e eu tentei me concentrar na rua e as pessoas passando, vejo o carro parar e olho vendo que estavamos na frente da boca.

- Me espera aqui, volto rápido - desço do carro e vou até os dois vapores que estavam fazendo segurança na porta, por sorte eu conheço um já que ele é conhecido da Alicia

- Eu preciso falar com o GM, é rápido

- Ele ta com visita - aquilo me deixou um pouco brava

- É rápido, ele me chamou - eles e olham meio desconfiados mas me dão passagem

Entro e vou direto na sala dele, dava para ouvir uma conversa, era voz de mulher, e era muito familiar mas eu não consigo lembrar de onde eu conheço, volto a ouvir a conversa e começa a ter alguns gemidos, isso já bastava, ele tinha a cara de pau de nem ir me ver e estar transando com outra agora, um idiota.

Saiu correndo e entro no carro o mais rápido possível, eu estava bem, não iria jamais admitir que não gostei de ouvir aquilo.

- Vamos correr por favor - percebo que seu olhar estava preocupado, mas eu queria evitar esse assunto

Ele assente e dá partida para a orla, é exatamente isso que eu vou fazer, correr e esquecer o que eu ouvi, eu briguei para continuar aqui e não vou voltar correndo agora.

Chegamos na orla depois de uns vinte minutos e deixamos o carro próximo do lugar que íamos correr, havia bastante gente correndo também, aproveito para colocar os fones e um alarme só quando desse umas duas horas e meia de corrida, hoje eu vou esquecer essa merda toda.

[...]

Já estava exausta de correr quando o alarme finalmente tocou mostrando que já havia dado as duas horas e meia, Arthur estava pior que eu ainda, teve até algumas voltas que ele sentou e ficou me esperando porque não tava aguentando, decidimos ir até uma das barracas e pedimos uma água de coco, a moça logo vem nos entregar o pedido.

Arthur estava a todo momento me olhando desde que chegamos, ele sabia que havia algo errado, e eu não queria conversar com ele sobre isso, ele sempre consegue fazer com que eu me abra com ele, por isso estou me fazendo de sonsa.

Almoçamos uns salgados pela orla mesmo e decidimos ir na praia ficar olhando o mar, e com a vontade que eu estava de voltar no morro eu ficaria até para correr mais se me oferecerem.

- Vai me contar o por que de você estar assim? - Arthur me questiona enquanto eu estava com os olhos focados no mar, resolvo não responder e ficar quieta - Vai Bea, você sabe que pode confiar em mim - eu queria sentar no colo dele e chorar igual um bebê, mas infelizmente esse não era um privilégio que eu tinha

- Só estou pensando demais, podemos não falar disso por favor? - ele bufou irritado e me puxou para sentar em seu colo de frente para ele

- Desculpa, mas dessa vez você vai me contar sim, estava estranha ontem, e não gostei de como você ficou hoje de manhã, ou você me conta ou dou um jeito de descobrir - se fosse qualquer outra pessoa eu ia mandar tomar naquele lugar e sair correndo, mas com o Arthur era diferente, ele estava preocupado, e não iria me julgar ou fazer gracinhas

- Você sabe que eu sempre evitei tudo isso, eu não queria sentir nada por ninguém, muito menos fazer novas amizades - suspiro evitando olhar para ele - E agora, olhando nossa vida, eu gostei, gostei de estar aqui, dar uma de louca com as meninas, dançar, beijar, como se eu realmente não tivesse um peso enorme nas costas, eu gostei dele... - sinto meus olhos marejados - e isso acabou, ele não se importa, eu só quero acreditar e provar para mim mesma que é só uma crise idiota, você concorda né? Isso é coisa da minha cabeça e eu ainda sou aquela garota chata que todo mundo fala né? - pergunto olhando para ele sentindo algumas lágrimas caírem

- Calma meu amor...calma - ele deitou minha cabeça em seu peito e ficou me fazendo cafuné - Eu não posso te falar que isso é só coisa da sua cabeça, me desculpa por não conseguir fazer nada - ele suspira um pouco frustado - Mas olha, eu prometo que assim que eu puder eu bato nele, depois dessa missão eu prometo que nós vamos para um lugar bem legal, vamos para Paris? Que tal ir no Canadá morrer de frio? - acabo dando uma risada e assentindo - De um jeito ou de outro nós vamos para bem longe daqui, vamos aproveitar cada minuto que conseguirmos antes de ter que voltar - assinto e o abraço bem forte

Eu amava o Arthur por isso, ele não me julgava nem nada disso, somente me entendia e tentava melhorar o meu dia. Ficamos um bom tempo assim, era tudo que eu precisava, um dia de paz com ele.

Ice heartOnde histórias criam vida. Descubra agora