Capítulo 21

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"There's just one life to live
And there's no time to wait, to wait"


Ontem eu passei o dia todo fazendo exames e mais exames, estava sendo sufocante as pessoas sempre em volta perguntando como eu estava me sentindo, não me deixaram um minuto sozinha, sempre tinha alguém comigo, hoje de manhã o doutor me prometeu que viria me dar alta, finalmente.

Como sempre o Guilherme tinha dormido aqui comigo, ficou combinado de eu ir embora com ele, já que seria mais fácil mesmo, ele estava muito pensativo ontem de noite, mas preferi não fazer muitas perguntas, até porque eu também só queria ficar em paz sem ter que conversar muito ou brigar também.

Fui tomar meu banho e saio já arrumada com um short jeans escuro e um cropped preto, me sento no sofá que tinha no quarto e encosto a cabeça no ombro do Guilherme.

- Ontem foi tão sufocante, eu queria mandar aquelas enfermeiras irem para o inferno e me deixar em paz - confesso fazendo um biquinho

- Nem pense nisso, você tem que colaborar com tudo que possa ser o melhor para você - reviro os olhos - e nem adianta revirar os olhos, da próxima eu mesmo te tranco no quarto - mostro língua

- Seu chato, devia ficar feliz que eu fui, e na verdade... - paro de falar por um tempo e fico pensando se devia falar

- E na verdade? - me incentivou a falar

- Eu prefiro passar essa dor um milhão de vezes do que ver alguém que eu gosto passar, não quero perder mais ninguém - falo meio cabisbaixa e encaro a parede tentando evitar o contato visual com ele

- Tu nunca me falou nada da sua família - dou de ombros

- Você nunca perguntou, não tem nada demais na minha historia

- Me conta então

- Curioso, mas bom, meu pai sempre trabalhou muito e queria que eu e meu irmão fôssemos igual a ele, mas eu me recusava, mimada demais, até que um dia minha mãe morreu com uma bala perdida, foi difícil superar, mas eu entendi que eu devia seguir o mesmo caminho que o meu pai, eu me afastei de tanta gente - desabafo omitindo algumas partes, me trazia várias sensações ruins falar do passado - Mas me conta, e os seus pais?

- Meu pai era um viciado de merda, se é que eu posso chamar ele de pai, ele chegava bêbado todo dia, batia na minha mãe e ainda se drogava, até que o dono do morro na época matou ele pelas dívidas, minha mãe se virou como deu, mas não conseguia dar conta de tudo em casa, até que eu resolvi entrar nesse caminho errado, fui crescendo aos poucos e hoje eu faço de tudo pela minha coroa, e tento também ajudar os moleques pra eles não terem que seguir sem escolha nenhuma - eu estava perplexa, eu poderia imaginar qualquer coisa, menos isso, ele sempre é tão fechado para assuntos assim

- Por que você faz isso? A cada minuto eu admiro mais as suas atitudes, está proibido de fazer isso! - falo fingindo estar brava

- Isso se chama amor, mas é de imaginar, gato como eu - dou um soco leve no braço dele

- Você é um idiota, isso sim - ele faz bico como uma criança mimada e eu roubo um selinho

- Isso é abuso sexual, vou te denunciar - começo a rir e empurro ele - Agressão, agora sim eu denuncio

- Deixa de ser tonto garoto, você é meio lesado - começamos uma mini lutinha no sofá mesmo até que escutamos o doutor entrar no quarto

- Como prometido, está liberada senhorita Beatrice, só precisa passar na recepção para assinar todos os papéis e pegar os exames

- Obrigada doutor - ele assente e sai do quarto, amém eu estou livre desse lugar

Deixo o Guilherme no quarto pegando minhas coisas para levar no carro e vou na recepção assinar tudo que devia, a recepcionista tinha uma cara daquelas mulheres chatas, ela nem me olhou na cara direito.

Resolvi ignorar isso e só assinei e saí o mais rápido possível, hospitais me deixam nervosa e eu sempre evitava ter que vir em um.

Saio do hospital vendo o carro do Guilherme parado bem na frente, vou até ele e entro no carro dando um selinho nele.

- Vamos ir almoçar? Eu tô morta de fome por uma pizza e um açaí - falo fazendo biquinho para ele

- Depende, eu vou ganhar um beijo? Tudo tem um preço morena - mostro língua

- Eu acabei de receber alta, é o mínimo que você pode fazer, vai logo vai - jogo meu cabelo

- Abusada - resmunga mas consigo ouvir

Fomos até o shopping comprar a pizza, estava um pouco estranho, nós estavamos parecendo um casal, e eu não sei se isso era bom, deveria ser, mas me deixa preocupada com meus sentimentos, resolvo ignorar e vou me sentar esperando o Guilherme trazer a pizza.

Demorou quase umas meia hora, eu já estava em ponto de ir lá e eu mesma fazer, nós sentamos juntos e começamos a comer conversando sobre vários momentos da nossa vida.

[...]

Depois de comer nós passeamos bastante no shopping, até comprei algumas roupas novas, nada mais renovador que fazer compras.

Já era quase 19:00 quando voltamos no morro, antes que eu esquecesse cutuco o Guilherme.

- Passa na barraquinha de açaí

- Você não pode comer tanta besteira junta, e não esquece do repouso, se eu ver tu batendo perna por aí eu te pego e levo pra minha casa e te tranco no quarto - reviro os olhos

- Passa por favor, prometo que deixo na geladeira e como só amanhã - tento convence-lo

- Ta bom, mas vou pedir ficar de olho nisso - assinto toda feliz

Passamos na barraquinha de açaí e como eu estava muito cansada achei melhor não descer, ele demorou um pouco mas logo voltou no carro me entregando o copo, vamos direto para a minha casa.

Desço em casa indo direto na cozinha guardar meu açaí, até porque prioridades, volta para fora e o Guilherme já havia guardado tudo no meu quarto.

- Vai dormir comigo hoje? - pergunto desejando um sim

- Não posso, mas a gente tenta se ver amanhã, ta bom? - assinto meio cabisbaixa e ele me da um selinho indo embora

Enteo de volta para casa e vou no meu quarto, decido ir dormir logo, estava cansada demais hoje e ainda sentia uma dor que ficava me incomodando.

Ice heartOnde histórias criam vida. Descubra agora