Capítulo 11 - Situações complicadas requerem atitudes drásticas

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Diana gostaria de estar animada com a volta para casa. Afinal, o verão estava cada dia mais próximo e Avonlea estava estonteante. Além disso, havia a esperadíssima Feira do Condado, que deixava todos os jovens exultantes aguardando os dias de comilança, joguinhos bobos e competições sobre o tamanho dos vegetais recolhidos em cada uma das propriedades.

As circunstâncias, porém, eram desanimadoras. Avonlea tinha se tornado uma prisão e Diana era a princesa que seria aprisionada no alto da sua torre. Suas saídas, ela já fora informada, seriam extremamente limitadas e sempre acompanhadas da incorruptível Minnie Mae ou da sua própria mãe. Suas amigas poderiam visita-la em casa desde que a porta de seu quarto – ou qualquer que fosse o ambiente que elas estivessem – ficasse aberta. Eliza Barry sabia como frustrar qualquer pensamento de fuga que surgisse na mente da sua filha.

Ali estava Diana, sinalizando para Green Gables, assim como fazia há tantos anos, indicando que gostaria que Anne viesse em sua casa. O seu único consolo é que pelos próximos três meses ela teria a companhia da sua leal e inspiradora amiga. O que aconteceria quando setembro chegasse e todos retornassem para Queens e ela ficasse entregue a solidão em sua torre? A jovem não gostava nem de pensar.

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- Anne! – Jerry chamou com seu inconfundível sotaque francês, assim que avistou a jovem saindo pela porta da cozinha. A ruiva aproximou-se rapidamente do rapaz, que tinha um olhar encabulado como quem tinha acabado de por o dedo na cobertura de um bolo.

- Estou indo à casa de Diana, eu sei que é isso que gostaria de saber. – A ruiva falou prontamente, com um olhar travesso. Ela estava amando trabalhar como um cupido e manter os amantes desafortunados com certo nível de contato. Ela não saberia até quando conseguiria, é claro, já que a supervisão sobre Diana estava cada dia mais rígida. Mas, enquanto ela pudesse, cumpriria essa função com satisfação.

Os olhos de Jerry brilharam com a menção ao nome da jovem e ele, com certo nervosismo, tirou do bolso da calça um papel que outrora fora cuidadosamente dobrado, mas que naquele momento tinha um aspecto amarrotado, e entregou às mãos de Anne.

- S'il vous plaît, entregue isto a ela. – Ele pediu com um tom de voz baixo e aproveitou para perguntar: - Como você acha que ela está?

- Em termos de saúde, bem. Mas, emocionalmente, imagino que Diana está um caco. Afinal, ela é como um pássaro jovem... Tinha acabado de aprender a voar e tomou um tombo terrível. Eu não sei o que será dela, quando eu e as meninas voltarmos em setembro para Queens e ela tiver de ficar sozinha em Avonlea. – Anne falou filosoficamente e coberta de razão sobre o que dizia. – Espero que até lá as coisas se ajeitem para vocês...

- Estou me esforçando. – Jerry respondeu convicto. – Em breve eu pretendo tomar uma atitude mais arriscada. Mas, é a nossa última chance. Eu preciso tentar.

Dizer que estava se esforçando era muita modéstia da parte do rapaz. Desde que soube do que havia acontecido com Diana e sua mãe, ele vinha se desdobrando entre trabalhar em Green Gables e na fazenda de Gilbert além das aulas particulares que a Srta Stacy tinha se disposto a dar ao rapaz. Jerry chegava em sua casa para dormir (míseras quatro horas por noite) e saia antes do amanhecer. Ele se ocupava tanto também para tentar afastar dos seus pensamentos que ele tinha sido um tolo, e que a família Barry havia deduzido toda a situação entre ele e Diana quando o Sr. Barry o ouvira endereçando uma carta para a jovem.

O rapaz era grato a Anne por estar ajudando tanto quanto podia: lhe arranjando trabalhos novos, auxiliando na elaboração das atividades passadas pela Srta. Stacy e ainda repassando cartas e bilhetes para a jovem.

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