Capítulo 08 - Promessas são necessárias para acalentar corações

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Jerry carregava um sorriso bobo no rosto enquanto conduzia Diana até a casa que ela residia, para então tomar o trem de volta para Avonlea. O rapaz não sabia como eles procederiam no futuro próximo, mas não queria romper a mágica do momento pensando em detalhes sobre como fariam daqui para frente. Afinal, o mais difícil ele conseguira.

O francês sentia a mão quente da morena em seu braço, enquanto eles andavam apressados e percebeu o quanto aquele momento parecia certo: Ele e Diana, caminhando juntos pela rua, sem encontros escondidos por detrás de árvores e barraquinhas de feira. "É assim que vai ter que ser pra sempre", ele pensava. Infelizmente, Jerry tinha hora para retornar à sua cidade natal, mas estava especialmente grato por ter tido a oportunidade de ajustar a sua vida.

Diana havia feito questão de se explicar – repetidas vezes, vale ressaltar – sobre a forma que ela o tratara meses atrás e Jerry, por sua vez, garantiu que apesar de ter ficado magoado a época, ele havia entendido que o fato de sua amada pertencer a família Barry havia pesado aos ombros da morena. Afinal, ela seria a herdeira de uma propriedade enorme e uma fortuna respeitável e os progenitores de Diana eram especialmente linha dura.

E, então, eles chegaram à pensão onde Diana morava com as outras meninas de Avonlea. O rapaz ficou levemente decepcionado com a rapidez que o tempo havia passado. O casal parou aos pés da pequena escada que levava a varanda onde Anne havia dado um sermão afiado em Jerry. Sermão pelo qual ele se sentia extremamente grato, pelos efeitos que desencadeara. Só de lembrar os desaforos que ouviu, o francês soltou uma risadinha abafada, o que fez os olhos da morena buscarem os seus em busca de explicação.

- O que houve? – ela perguntou já rindo, como se tivesse lido os pensamentos do garoto, enquanto soltava o seu braço e se posicionava em sua frente.

- Nada... – ele respondeu segurando o riso e contemplando as covinhas que se formavam nas bochechas de Diana quando ela sorria associada ao seu rosto corado, o cabelo que lhe emoldurava e tentava decorar tudo aquilo como se fosse a sua última oportunidade em vê-la. – Bom, chegamos.

Ele gesticulou em direção a casa que estava às costas de Diana e percebeu que ela abaixou os olhos.

- É... Chegamos... – Diana falou com um tom triste, deixando palpável no ar todos os questionamentos que os dois fingiram que não existia.

O francês entendeu que para ela era como se também estivesse prestes a acordar de um sonho. E, então, estendeu uma mão e colocou suavemente nos cachos da jovem, passando-o para trás da orelha dela, o que a fez erguer o cabeça e voltar a encará-lo.

- Diana, jamais duvide de que tudo o que lhe disse hoje é verdade e o desejo mais profundo do meu coração. – Ele falou sentindo a voz tropeçar. – Je vais le faire fonctionner. Eu prometo. Nós vamos funcionar, mesmo que seu pai tente colocar um touro para me perseguir, eu vou mostrar o meu valor. Nós vamos dar certo.

A jovem o olhava com uma expressão admirada, parecendo desacreditar dos seus ouvidos ou de que estivesse vendo o mesmo Jerry que conhecia há tantos anos. Ele a fitava tão intensamente, como se essa fosse a única maneira que fizesse com que ela acreditasse que ele estava disposto a difícil tarefa de enfrentar o clã Barry, mesmo em um futuro não tão próximo.

Então, ele se aproximou da moça e, voltando ao tom leve e despreocupado que carregara durante todo o trajeto que fizeram, sussurrou:

- Eu até te daria um beijo agora, mas temos companhia. Olhe para trás.

Quando a garota virou para o ponto onde o francês olhava: quatro rostos conhecidos, espremidos por trás da janela da casa, acenando constrangidas por terem sido pegas.

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