Diana estava com os olhos arregalados, ela buscava no fundo da sua memória algum momento em que sua mãe estivera tão brava quanto ela estava ali na frente. Eliza estava tão enfurecida que dava para notar a veia saltando para fora da sua testa.
- Quanta desonra, Diana! – Ela vociferava – Como ousa dispensar um Wright?
A jovem até gostaria de replicar com alguma boa frase que desmontaria os argumentos acalorados de sua mãe, mas não o fazia por dois motivos: Eliza não parava de falar por um segundo sequer e, principalmente: Diana não sabia como argumentar
- O que vão falar de nós? Que a nossa primogênita dispensou um casamento com um rapaz bem apessoado, de família tradicional e que lhe garantiria um futuro seguro depois da morte de seus pais... – Eliza falava a maior quantidade de palavras que uma pessoa poderia dizer em um segundo – Minha Nossa, a Sra. Lynde vai se deliciar com uma história dessas. Que DESONRA.
Os lábios de Diana tremeram quando sua mãe praticamente cuspiu a última palavra... Ela havia tentado tanto não decepcionar os pais, mas era incapaz de assumir um compromisso tão grande em nome da honra da família. Fazer o que seus pais desejavam era o mesmo que abrir mão do que a jovem julgava que lhe traria a felicidade duradoura, para que sua mãe se vangloriasse durante os chás com as mulheres da igreja de Avonlea.
Isso era tão injusto... A morena tentava pensar em algum argumento para dar fim àquela discussão, mas sabia que o único possível seria voltar atrás e aceitar a proposta de Fred. Pensar no rapaz a fez subitamente pensar: como sua mãe sabia disso?
- Mãe, por que estamos discutindo esse assunto? – Diana finalmente falou, interrompendo a fala da Sra. Barry, tentando, com pouco sucesso, usar o tom mais manso que conseguia – Não me recordo de ter contado nada sobre o Fred para ninguém....
- Ora, não se faça de sonsa! Qual é a importância disso?
- Toda! Se eu não falei com a senhora e nem com ninguém, como sabe o que aconteceu a ponto de vir para cá? – Diana falou cruzando os braços diante do corpo e com uma expressão acusadora no rosto. Finalmente, ela estava se sentindo um pouco corajosa para tal.
- Qual é o problema no fato de que Fred nos escreveu para contar isso? Isso realmente importa para você? – Eliza andava de um lado para o outro dentro do quarto, impaciente com o questionamento da jovem. – Ele escreveu para nós falando que tinha feito a proposta, mas que infelizmente você não tinha aceitado... E, o pior: que estava apaixonada por outro rapaz.
Diana estava enfurecida com o Fred. "Como ele pôde?", ela pensava, sentindo a raiva percorrer cada pedaço do seu corpo. Como se isso não fosse o suficiente, Eliza disse:
- E como se não bastasse: ainda está "apaixonada" – a senhora fez aspas com as mãos quando pronunciou a última palavra e continuou nervosamente – pelo francês que trabalha em Green Gables! Um jovem que não tem onde cair morto. É um absurdo, Diana Barry! Como você ousou?
A jovem ficou estatelada com a revelação. Sua mãe não só sabia sobre a negativa que ela dera a Fred como também sabia sobre Jerry. Sua cabeça só tinha um questionamento: "como?".
- O que você sabe sobre o Jerry? – Diana questionou, tentando disfarçar a voz trêmula.
- O suficiente para saber que ele andou escrevendo cartas para você! – Eliza respondeu. – E, o suficiente para decidir que você não voltará a Queens no próximo ano.
A jovem levantou-se da cama, onde estivera sentada desde o momento que a sua mãe invadiu o seu quarto e expulsou a sua amiga. Sua vontade era gritar de volta, mas sabia que não daria certo. Como se lesse seus pensamentos, sua mãe emendou:
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Est Toi
Genç KurguDiana e Jerry tomaram rumos opostos, mas seus corações ainda permanecem conectados. Enquanto Diana tenta adaptar-se a vida em Queens ao mesmo tempo que busca agradar seus pais, Jerry continua trabalhando em Green Gables e ajudando na sobrevivência d...