Capítulo 09 - A felicidade vem acompanhada de turbulências

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Diana sentia as costas doerem; já faziam algumas horas que ela estava debruçada sobre a escrivaninha, tentando escrever uma resposta para a carta de Fred. Nada do que garota tentava elaborar parecia minimamente adequado para ser enviado, já que, apesar dela ter certeza de que não queria se casar com ele (ou formar um "time" como ele dissera em sua última correspondência), a jovem nutria um carinho pelo loirinho tímido que parecia ler sua mente.

Com certeza, se estivessem em uma realidade paralela, na qual Jerry e seu sotaque francês e olhar adocicado não existissem, ela estaria explodindo de alegria por ter recebido tal proposta.

Diana alisava as têmporas pedindo uma intervenção divina para que todos os seus problemas se resolvessem... Era inacreditável que ela não conseguia ter um pouco de calmaria.

- Você precisa sair para tomar um ar – Anne decretou, ao entrar no quarto e caminhar até o lado da amiga. E, com um tom leve, completou: – Você está aí há horas e tudo o que conseguiu foi uma pilha enorme de papeis amassados...

A ruiva estava coberta de razão. A mesa estava um caos de papeis amassados por todos os lados e Diana tinha uma cara péssima, que ela só costumava ter quando estava surtando ao resolver os problemas da disciplina de aritmética. A morena tentou abrir a boca e articular alguma resposta, mas Anne era implacável e a arrastou para fora de casa.

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Enquanto andavam pela praça que existia nas redondezas da casa onde moravam, as meninas conversaram sobre vários assuntos triviais. Anne, conseguiu o que queria: desanuviar um pouco os pensamentos acelerados e sem rumo da amiga. Era um pouco perturbador ter que acalmar Diana, a garota que sempre fora seu porto seguro. Mas, a ruiva sabia lidar com sua alma irmã.

- Anne, obrigada por me trazer aqui para fora – a morena agradeceu enquanto chutava com a ponta do sapato uma pedrinha que encontrara pelo caminho.

- Não há porque agradecer! Eu estou aqui, para te tirar dos seus devaneios... Às vezes você pensa mais do que eu, sabia? – A sardenta respondeu enquanto levantava o rosto na direção do sol – A vida é simples... Nós que inventamos com o que complicar. Eu, por exemplo, e questionei tantas vezes sobre minhas origens que, por muito tempo, eu me julguei muito sobre meu merecimento. Hoje eu vejo com clareza que eu deveria ter sido menos medrosa... A vida me deu muitas oportunidades e, muitas vezes, eu nem abri a porta para ver o que me esperava do lado de fora.

- Seu caso é diferente, Anne – Diana replicou – Você passou por muitas coisas antes de chegar a Avonlea... Era normal que agisse daquele jeito. E nós também não fomos muito fáceis com você.

A morena referia-se aos diversos episódios em que a comunidade de Avonlea foi um problema para a amiga. Bastava que Anne pisasse com um pouco para fora da linha para que todos da pequena cidade apontassem dedos para ela.

- É, não foram... – A ruiva riu brevemente ao lembrar-se de quantas enrascadas se livrou – Mas, o que quero dizer, Diana, é que nós dificultamos o que deve ser simples, sabe? Se você tem certeza do que quer, não deveria ficar se preocupando com o que vão achar... Você só deve ser educada com o Fred, afinal, eu sei que também gosta dele.

Anne olhou para amiga, que tinha o olhar fixo na pedrinha que chutava. Se a ruiva pudesse, transformaria Jerry em um multimilionário. Porque sabia que a falta de cifrões da família do francês era o que ainda impedia a amiga de viver a vida que desejava. Ela sabia que a família Barry, apesar de possuírem bons corações, se importavam muito mais com as aparências. A ruiva continuou:

- Porém, eu sei... O que te bloqueia é a mínima possibilidade de enfrentamento aos seus pais. Mas, lembre-se: As decisões da sua vida cabem somente a você.

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