Capítulo II

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William tinha que admitir que aquele era um fruto proibido muito tentador. 

Quando seu pai o avisou que havia arranjado um casamento para ele, com uma moça cujo dote os tiraria da situação financeira difícil que se encontravam- a que Will fez questão que estivessem, com os gastos que o garoto dava em suas viagens e idas aos clubes- William imaginou tudo, menos que a garota teria a cabeça adornada com perfeitos cachos loiros, nem que seria dona de grandes e inocentes olhos castanhos. Na verdade, tudo no rosto dela era muito agradável, não era uma beleza de ficar deslumbrado, mas ainda assim...até o vínculo de irritação que havia se formado na testa de Margaret era adorável, espera, vínculo de irritação?

_E Vossa Graça poderia me dizer o porquê eu não sou boa o suficiente?- Ela perguntou com certo sarcasmo na voz e William piscou, pego de surpresa.

_Como?

_Deve ter algum motivo para eu ser rejeitada sem nem ao menos termos trocado três palavras um com ou outro- Ela cruzou os braços e o fitou esperando uma resposta.

_Você tem me evitado desde que eu adentrei o salão de baile- Ele apontou se sentindo um completo idiota, parecia tão fácil...Ela não parecia ter o menor interesse nele. Com sorte, ele havia pensado, estaria interessada no homem que a convidou para dançar, como era mesmo o nome dele? Will havia imaginado que ela ficaria aliviada com o esclarecimento dele, ele certamente não havia imaginado essa situação.

_Não tenho não-murmurou ela com teimosia e Will suspirou.

_O problema não é você, eu não tenho interesse em me casar- Ele mentiu. Não era nem perto da verdade, ele tinha interesse em se casar sim, só não com a mulher que o seu pai escolhera, por mais adorável que fosse a aparência dela.

_Se é o que o senhor diz-disse ela, não parecendo acreditar nem um pouquinho nele. 

Céus, como isso era difícil.

_Não tive a intenção de ferir seus sentimentos- acrescentou ele educadamente visto que a garota estava o encarando, não, fuzilando com o olhar, em silêncio.

_Vossa Graça não feriu meus sentimentos, nem um pouquinho- disse ela com firmeza e Will suspirou novamente.

Como ela conseguia colocar tanto sarcasmo em apenas duas palavras? William precisava desesperadamente dar um jeito dela chamá-lo pelo primeiro nome.

_Fico feliz por isso. A senhorita não precisa ser tão formal comigo, pode me chamar de William e espero que eu possa te chamar de Margaret.

_Para que tal intimidade? O senhor não acabou de falar que não tem interesse em se casar comigo?- perguntou ela com doçura. 

Meu Deus, como alguém tão pequena podia ser tão irritante?

_Como quiser, senhorita- murmurou ele entre dentes e olhou para os lados procurando qualquer brecha para sair daquela conversa. Will sentia o olhar avaliador da menina em sua nuca. Por que aquelas mães casamenteiras nunca apareciam na hora que se precisava delas? Por Deus, ele nem devia estar sozinho com Margaret!

_Acho que vi o meu pai, se Vossa Graça me der licença, sabe como são os pais, se ele me ver aqui sozinha com o senhor imagina...pode até pensar que o senhor quer se casar comigo -Ela abriu um sorriso dissimulado diante do olhar incrédulo de Will- Espero que o senhor tenha uma ótima noite.

Ah ela não parecia esperar, não parecia esperar nem um pouco.

E sem mais um olhar ela se virou e foi embora. William encarou estupefato o lugar onde Margaret havia estado há apenas alguns segundos. Ela podia tratá-lo assim? As consequências seriam muito graves se ele a estrangulasse? A ideia parecia perigosamente tentadora. 

O Diário de Sir WilliamOnde histórias criam vida. Descubra agora