Margaret e William caminharam em silêncio pelos corredores estreitos da mansão Davies até o jardim. Will havia feito algumas tentativas de iniciar uma conversa, as quais Maggie respondeu com palavras monossilábicas e diretas até por fim o garoto desistir.
Margaret estava tentando controlar toda a raiva e mágoa que estava sentindo e ser fria e ríspida com William parecia a opção mais viável no momento. A menina conseguiu manter a postura orgulhosa durante todo o caminho, mas assim que adentrou o jardim, tudo foi por água abaixo.
Se tinha algo mais bonito que um jardim bonito e bem cuidado, era um jardim bonito e bem cuidado a luz do luar.
Margaret soltou o braço de Sir William e antes que desse conta do que estava fazendo se inclinou para sentir o cheiro de uma flor.
_Essas flores são...
_Eustoma Grandiflorum, mais conhecidas como lisiantos, eu sei-Ela o interrompeu- Florescem no final da primavera e no início do verão.
_Impressionante, não sabia que a senhorita se interessava por botânica.
_Eu não me interesso, mas meu pai sim -Margaret revelou olhando para a flor branca com as bordas de um tom violeta lindíssimo com admiração- Desde quando éramos pequenos ele sempre gostou de levar eu e meus irmãos para o jardim e nos ensinar os nomes das flores, acabei os decorando sem nem mesmo perceber.
_Ele parece um bom pai- comentou Will gentilmente e Margaret deu de ombros.
_Ele é.
Margaret passou a mão pelas pétalas de uma flor de açafrão e suspirou, aquelas flores eram tão absurdamente caras, mesmo seu pai-que possuía uma riqueza considerável-teve de se esforçar bastante para conseguir um broto.
_Essas são flores de açafrão-falou Will, se aproximando da garota e também observando a flor.
_Eu sei- Margaret o fitou por um instante se perguntando seriamente se ele tinha algum retardo mental- Acredito ter acabado de dizer que decorei o nome das flores que existem na minha casa, e posso ver com bastante clareza que o seu jardim é bem menor que o meu, não acho que haja qualquer flor aqui que eu já não saiba o nome.
Um longo silêncio pairou entre os dois. Margaret olhou para todos os lados menos para o lugar onde estava Sir William, fitando-a com a testa franzida.
_Margaret...
_Senhorita Walsh -a menina o corrigiu com firmeza.
_Srta.Walsh, eu fiz algo de errado?-perguntou ele. A sinceridade em sua voz e a expressão confusa em seu rosto foram as únicas coisas que impediram Margaret de o estrangular, vontade era o que não faltava.
_O senhor é um asno?
_O que?-William perguntou boquiaberto.
_Porque ou o senhor é um asno ou tem algum prazer estranho em me humilhar não importa a situação em que nos encontremos.
_Te humilhar?-Sir William repetiu parecendo ainda mais confuso.
_Coloque-se no meu lugar por um instantezinho que seja. Imagine que a garota a qual você foi prometido nem ao menos acabe de se apresentar e já diga que não tem a mínima intenção de se casar com você- a garota sibilou irritada. - Imagine que após isso você vá a um jantar na casa dela e ela comece a compará-lo de formas inalcançáveis com outro rapaz, que todos sabem que é mais bonito e talentoso que você, mas por educação e pelo mínimo de respeito a você ninguém diga nada. Você por um minuto que seja duvidaria de que essa garota esteja tentando humilhá-lo?
_Vendo por esse lado- William balbuciou tendo a decência de parecer constrangido.
_Pois é.
_Não tive a intenção de constrangê-la ou ferir seus sentimentos, srta.Walsh.
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O Diário de Sir William
RomanceMargaret, filha mais velha do visconde e da viscondessa Walsh, acaba de completar seus 18 anos e seus pais anseiam mais do que nunca ver a menina casada e feliz. Quando sua família acaba arranjando um acordo com o Conde Davies, pai do irresistível e...