Capítulo IX

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Will assobiou distraidamente a música que ouvira no recital no dia anterior, mais especificamente a música que Margaret havia tocado. Ele não conseguia esquecer ela nem por um segundo, a música e a garota pareciam invadir a mente dele com uma frequência assustadora.

O conde Davies pigarreou irritado do outro lado da mesa, William conseguia ver a expressão furiosa do pai atrás do jornal que estava lendo. O conde odiava que o filho ficasse assobiando, na verdade, Will desconfiava que o pai odiasse qualquer coisa que ele fizesse.

William voltou sua atenção para a torrada solitária em seu prato, era realmente muito pedir alguns ovos mexidos ou um pedacinho que fosse de presunto? Bem ele sabia que a situação financeira difícil dos dois era excessivamente culpa dele, mas ele não achava de fato que teria de desfrutar de um café da manhã anêmico desde que voltara de viagem. As comidas francesas nunca fizeram tanta falta antes.

_O clima está particularmente muito bom hoje, não é mesmo?-comentou William, mais do que tudo para irritar o pai. O céu estava nublado e feio como a maioria dos dias de inverno em Londres. Seu pai se limitou a enfiar o rosto ainda mais no jornal.- E essas torradas...acho que nunca provei torradas tão gostosas antes.

Era claramente mentira, as torradas estavam muito molengas, provavelmente não culpa da cozinheira, Will ponderou, o pão devia ser de má qualidade. Seu pai não deu o menor sinal de que o havia escutado, então Will voltou a assobiar. Ele observou a mão que o conde Davies usava para segurar o jornal começar a se fechar subitamente e amassar o jornal.

_William você quer calar essa sua b...-Seu pai começou a vociferar abaixando o jornal, mas foi interrompido por Nithercott, o mordomo da família, que entrou hesitante na sala de jantar.

_Lamento interrompê-lo, Vossa senhoria.

_O que foi, Nithercott?-O conde Davies perguntou, rabugento.

_Uma mulher acabou de chegar, Vossa senhoria-respondeu Nithercott formalmente e William fitou curioso o mordomo. Uma mulher? Ele certamente não estava esperando nenhuma mulher hoje. Como se lesse seus pensamentos o conde olhou furioso para o filho.

_Você ousou chamar uma de suas prostitutas para nossa casa?-vociferou ele adquirindo um tom muito vermelho. William lhe direcionou um sorriso afável e deu de ombros.

_Estou tão surpreso com essa visita quanto você.

_Não me teste William, seu comportamento nos últimos dias tem sido deplorável...

_Vossa senhoria...

_Eu esperava uma atitude menos imatura da sua parte, além da sua reputação você está jogando a da srta.Walsh na lama...

_Vossa senhoria, eu tenh...

_Você deveria se envergonhar, trazer mulheres para cá, onde já se viu? Você perdeu completamente o juízo? Onde...

_Vossa senhoria, eu...

_O que foi, Nithercott?-O conde Davies esbravejou encarando enfurecido o mordomo, que se encolheu imediatamente. 

Will olhou de um para o outro com a testa franzida, não era comum Nithercott interromper seu pai.

_A mulher deseja ver o senhor-revelou o mordomo após engolir em seco. 

Will arregalou os olhos e fitou seu pai perplexo. Seu pai? Como isso era possível?

_Ela quer me ver?-O conde Davies repetiu parecendo tão surpreso quanto o filho.

_Sim-Nithercott estendeu o bilhete para o conde, que o leu e imediatamente empalideceu. Will se inclinou sobre a mesa curioso, por que seu pai de repente parecia prestes a vomitar?-Onde ela está?

O Diário de Sir WilliamOnde histórias criam vida. Descubra agora