Capítulo III

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Margaret lançou um olhar penetrante a Edward enquanto se virava e caminhava na direção onde a bola havia caído. O garoto lançou para ela um de seus sorrisos irônicos e apontou com sua raquete na direção de uma árvore. A maldita bola estava presa em dois de seus galhos.

_Está presa nos galhos, como você espera que eu suba na árvore em um vestido?- indagou Maggie, cruzando os braços.

_Confio nas suas habilidades atléticas minha irmã-falou ele com doçura. 

Maggie se perguntou mentalmente se havia alguma maneira de atirar a raquete de tênis nele sem parecer uma tentativa de homicídio.

_Mas não fui eu, irmão, que demonstrei meu porte atlético no último baile. Você claramente é muito menos franzino do que parece-alfinetou Margaret, referindo-se ao último baile, em que Edward teve a brilhantíssima atitude de atingir o Barão Galesmith com um soco. O motivo ainda era um mistério, mesmo após o interrogatório de seus pais, mas Margaret lembrava do rosto vermelho e ofegante de Charlotte com certa desconfiança. 

_Eu não sou franzino, nem de longe-Ed falou ofendido-E não espere cavalheirismo da minha parte, decerto que ficarei calmamente sentado esperando que você recupere a bola. 

_Eu não esperava nada menos de você, seu ogro -sibilou ela.

_Ai, estou ofendido, muitíssimo ofendido- Edward colocou as mãos sobre o peito de forma dramática e dessa vez Maggie realmente jogou a raquete nele, que por pouco não o acertou em cheio na testa.

_Ah, parece que eu cheguei bem a tempo de presenciar um assassinato-  disse Charlotte se aproximando dos dois.

_Escorregou da minha mão- disse Maggie, um sorriso inocente nos lábios.

_Você tentou me assassinar!-gritou Edward apontando para a garota.

_Não é para tanto, mutilar talvez, mas assassinar é um exagero.

_Vocês poderiam matar um ao outro mais tarde? Eu e Harriet queremos jogar, mas vocês não terminam essa partida nunca-Charlotte disse apontando para Harriet sentada na grama a alguns metros deles, a menina não parecia nada feliz.

_Não é minha culpa se a amável Margaret joga a bola toda hora em uma árvore- resmungou Edward.

Charlotte olhou para a árvore onde a bola estava alojada e deu um sorriso.

_Suponho que seja a vez dela de recuperar a bola.

_Sua suposição está correta querida irmã, já tive que subir duas vezes em duas árvores diferentes, e até precisei mergulhar no lago- Ed sacudiu sua camisa molhada e, por reflexo, as duas irmãs se afastaram dele com uma careta.

_A do lago foi culpa sua- murmurou Margaret infeliz e lançou um olhar para Lottie- Suponho que você não queira me ajudar a recuperar a bola.

_Sua suposição está mais do que correta, ficarei radiante em observar essa sua proeza.

Resmungando uma vasta quantidade de palavrões Margaret marchou até a árvore e fitou a pequena bola verde alojada entre dois galhos com uma careta. Segurando o vestido acima dos tornozelos com uma das mãos- sem se preocupar com os empregados que já estavam bem acostumados a falta de modos de seus patrões -a garota investiu em uma série de tentativas de subir a árvore, e como sendo uma garota ela nunca havia tido o costume- a menos que quisesse ser o motivo dos gritos horrorizados de sua mãe e sua governanta, o que ela havia feito apenas algumas vezes para só para se deleitar com o ato- de subir em árvores a menina escorregou e arranhou os braços e pernas diversas vezes, para por fim conseguir agarrar a bola. Animada a menina tentou pular do galho em que estava para o chão, o que foi uma ideia estritamente horrível, pois faltando-lhe certo equilíbrio ela se esborrachou no chão.

O Diário de Sir WilliamOnde histórias criam vida. Descubra agora