CAPÍTULO 17

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D U L C E   M A R I A


COLOQUEI A CAMISOLA QUE ANAHÍ aprovou, e até gostei de como era confortável e sexy ao mesmo tempo, mas não tanto. Chamei Christopher de volta, ele e sua santidade de bom moço.

-Christopher, já estou vestida. -Sussurrei pela porta entreaberta- Vem logo.

Ele entrou e me agarrou em seus braços.

-Parece que demorou uma eternidade, parece que fiquei quatro anos sem abraçar você. -Me apertou e riu.

Revirei os olhos.

-Muito engraçada a piada.

-Desculpe.

Ele olhou-me sério, tocou uma mexa de meu cabelo, e selou nossos lábios.

-Dulce, fiquei sem palavras mais cedo...-Deu-me outro beijo- Mas queria te dizer que você estava divina. você é muito linda, Dulce. -Tocou seus lábios em meu pescoço.- Está tarde. Tenho que ir.

Me abraçou outra vez.

-Não vá. -Enlacei seu pescoço com meus braços.

-Não me peça pra ficar, Dulce. -Riu, com sarcasmo. -Porque eu fico.

-Então fique. -Falei, óbvia.

Ele apertou minha cintura, e aproximou nossos corpos. Arfei pelo inesperado.

-Você estava linda com aquele vestido, mais ainda quando tirou ele...-Ele piscou- Desculpe.


O encarei séria.

-Não faça isso. Não haja como se não tivéssemos intimidade...como se o tempo tivesse apagado, como se nunca tivesse me visto sem roupa, odeio isso, Christopher.

-Desculpe.

-E pare de pedir desculpas.

-Certo, des...-Olhei brava- tá bom, tá bom.
Bem, é que...Algumas coisas mudaram, não é? Não podemos ignorar isso.

-Eu sei. -Falei, óbvia- Mas a que coisas se refere?

-Bem, seu corpo...vou precisar conhecê-lo de novo. Eu conhecia cada detalhe. Mas isso foi quando éramos mais jovens. -Pude vê-lo imaginando as imagens que se passavam em minha cabeça também.

-Bem, mas isso é bom, não é? -Questionei.

-É sim. -Suspirou- É que não quero deixar má impressão com seus pais, com o Fernando principalmente.

Bufei, era esse o problema?

-Christopher, eles o conhecem desde que era um bebê. Que má impressão poderiam ter de você?

Ele sentou-se na cama e me puxou para o seu colo.

-Vim jantar na sua casa sem um compromisso definido com você, e está claro pra eles que temos algo, mas não dissemos nada.


Enfiei-me entre o vão de seu pescoço e ombro, e inspirei seu cheiro.

-Christopher, isso são só rótulos, e não importam.

-Mas as pessoas vivem de rótulos, Dulce. Só entendem assim.

-Mas nós não precisamos ser assim. -Pausei- Meus pais sabem o que aconteceu, sabem de nós, meu pai principalmente. Quando voltei contei tudo, desde o começo. Fique calmo, Christopher.

-Tudo bem. -Suspirou pesado. -Eu quero que tudo dê certo dessa vez.

O apertei mais forte. Nem pense nisso, Christopher.

-Você está aqui, não está? -Voltei a encará-lo - Nada vai acontecer.

E olhou-me nos olhos também.

-Eu amo você, Dulce.

Dei-lhe mais um beijo demorado, descendo pelo seu pescoço, e ele riu.

-Você fica me provocando. -Passou a mão pelas minhas costas- Sabe que quero fazer tudo do jeito certo.

Eu já estava meio aborrecida.

-Do jeito certo ou do seu jeito? Que jeito certo é esse? -Perguntei rápido, exasperada.

-Lembra-se da nossa primeira vez? -Ele suspirou- Foi perfeito.

-Sim. -E não pude evitar não suspirar também.- Você quis esperar por tanto. Às vezes quase não nos controlávamos.

-Eu sabia de Natália muito antes. -Paralisei-me - Por isso eu não queria...

Cobri o rosto com as mãos.

-Não acredito. Christopher, poxa, por que não me contou?

-Eu não sei, me desculpe.

-Você sempre quis resolver as coisas sozinho. Isso é bem a sua cara.

Saí de seu colo e me sentei no centro da cama.

-Não quero mais falar do passado. -Tudo ficou quieto por um momento- E o que te impede agora?

Não sabia bem se temia a resposta.

-Não sei, quero algo definido, mesmo que você me diga que não importa. Quero que seja perfeito também.

-Christopher, o será. Não sabe o quanto te quero.

-Eu também, garota. -Fez um som estranho em sua garganta- Mas eu quero fazer uma coisa antes.

-O que seria? -Pensei um pouco e perguntei - Você quer namorar comigo, Christopher?

Ele riu.

-Eu quero mais que isso.

Ele se aproximou e me beijou.

-Mais que isso.

. . .

Os pequenos raios de sol que irradiavam da janela me forçaram a abrir os olhos, quando que por instinto, tateei meu lado esquerdo e pude senti-lo ainda compartilhando a mesma cama que eu, numa prova concreta de que não fora um sonho. Sua mão pesada descansava em minha cintura, e pude ver seu peito subir e descer no ritmo de sua respiração. A camisa amassada me trazia recordações vívidas da noite anterior, onde ela poderia ter dormido em qualquer canto frio e escuro que não fosse no peito quente dele, mas dessa vez ela se dera bem.     

 Aproximei-me mais de Christopher e o abracei, inspirando seu cheiro. Ele apertou mais sua mão sobre minha cintura, e me envolveu com seu outro braço, num abraço terno e preguiçoso. Enfiou seu rosto entre o vão de meu pescoço e distribuiu diversos beijinhos por lá, e com a mão que antes se apropriava de minha cintura, ele apertava outra coisa um pouco abaixo de minhas costas, enquanto eu jogava minha perna por cima de seu quadril.

-Bom dia, meu amor. -Ele sussurrou com a voz sonolenta.

-Bom dia. -Dei-lhe um beijo na bochecha.- dormiu bem?

-Como um bebê.- Riu com a voz rouca-  E você?

-Perfeitamente bem- Respondi, me espreguiçando. 

Ele me observou por um minuto, e como se saísse de uma espécie de transe, esticou seu braço e conferiu as horas em seu relógio. Levantou-se aturdido, passando as mãos pelos vincos da roupa.

-Dulce, nossa...- ele calçava os sapatos.

- o quê? o que foi? - não entendia sua pressa repentina.

-Como me esqueci? - berrou para si- eu tenho que ir...uma coisa importante...

-Se acalme, Christopher!

Ele veio até mim e me deu um beijo demorado, fazendo curvas com suas mãos em meu rosto.

- Tenho que ir. Eu amo você. 

E tão rápido como se levantou da cama ainda quente de seu calor, ele saira pela porta.

-Mas não vai nem tomar café? -Gritei, mas era inútil.


Do Outro Lado Da Chuva | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora