LEVOU MAIS TEMPO do que eu esperava para conseguir comprar as passagens via Internet. O vôo para Londres estava quase esgotado, para minha sorte -ou azar?- consegui comprar uma para daqui a três dias.
Se eu já tinha ficado frustrado pelo vôo para a Espanha ter sido adiado por dois dias, que dirá ter de esperar vinte e quatro horas a mais.
Pensando pelo lado positivo de tudo, Dulce não estava na Espanha, portanto o bem que fizera sobre o adiamento do vôo foi imensurável.Decidi ir ao jornal, afinal eu não estava oficialmente despedido. E o trabalho sempre fora uma válvula de escape para distrair a maldita ansiedade.
Quando cheguei, tudo ocorreu como de costume, tomei um café expresso, fui recebido com um sorriso simpático e um bom dia de minha secretária e adentrei o escritório, como todos os dias na semana.
Sentei-me na cadeira giratória e busquei no meu bolso a melancólica caixinha de veludo e, como deja vú, me vi novamente abrindo-a e fechando-a frenéticamente, num movimento uniforme.
Fiquei um tempo sem piscar, olhando o anel brilhante.
E meus olhos marejaram. Mas era porque eu estava sem piscar, certo? Ou eram simplesmente as lembranças?Dulce encarava o céu nublado, encantada.
De repente, voltou-se para mim, perguntando:-Será que do outro lado da chuva é onde nasce o sol?
As gotas da chuva pingavam de suas marias chiquinhas para o seu rosto angelical.
Acompanhei cada uma das gotas, até que terminassem na linha de seu queixo.-Eu acho que sim. -Respondi, sem ter certeza, apenas admirando-a.
Ela não se contentou com uma única pergunta.
-Será que o arco-íris tem fim também? Porque ele parece bem grande, infinito. -Ela encarou-me com o rosto repleto de dúvidas.
-Eu acho que ele é infinito. -Afirmei, balançando a cabeça.
E ergui os olhos por um minuto para encontrar o arco-íris, quando ela voltou a falar.
-Que nem o céu. -Afirmou.
Eu confirmei com a cabeça outra vez.
-Um dia, quando eu crescer, eu vou viajar de avião até o céu e vou seguir o arco-íris. -E suspirou, sonhadora, as bochechas rosadas.- Ah! E também vou ver onde nasce a chuva e onde nasce o sol.
-E vai me deixar, Dul? -Perguntei, a voz num fio.
-Nunca! -Ela exclamou- você vem comigo também. Juramos nunca nos separar, lembra?
Eu balancei a cabeça pela terceira vez.
-Lembro. Mas você promete de novo?
Ela ri, sua risada melodiosa e infantil em contraste com o som da chuva caindo no gramado.
-Eu juro juradinho! -Ela cruzou os dedos e os beijou como juramento.
Meu deu um beijo na bochecha esquerda e voltou a admirar as gotas da água fria que caía das nuvens carregadas.
Ela se encantava com coisas que para mim, até então, eram banais.
Até a chuva ganhar outro significado.Fiz o mesmo, algumas gotas caíam em meus olhos e ela ria. E então, algum tempo incontável depois, ela disse:
-Eu amo você arco-íris. -Murmurou.
Eu olhei para o céu outra vez, mas nele não havia nenhum arco-íris visível para mim.
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Do Outro Lado Da Chuva | VONDY
FanfictionDulce Maria e Christopher Uckermann mantinham um romance em segredo, até ele ser obrigado pelos pais de ambos a se casar com a irmã mais velha de Dulce, para poder realizar seu sonho de comandar a impresa da familia. Desde então, Dulce tem vivido um...