CAPÍTULO 14

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SAIR AO SHOPPING COM Anahí pode ser a coisa mais agradável e desgastante que alguém pode fazer, simultaneamente, e nesta ordem. No segundo seguinte em que adentramos o recinto abarrotado de mulheres consumistas desenfreadas, puxei urgentemente Anahí por seu delicado braço para que não tivéssemos -Anahí não tivesse- distrações e fôssemos direto ao que eu queria.

Não queria que Anahí ficasse hipnotizada pelos manequins nas vitrines envoltos pelos vestidos mais caros que você possa imaginar. 

Com muita força de resistência da parte de Anahí que me prometeu que não iria cair na tentação de vestidos de galas mais uma vez, chegamos à loja que eu planejara.

Ela me olhou boquiaberta quando viu o letreiro acima de nós, brilhando em néon vermelho com a forma de uma silhueta feminina no lado.

-Não achei que você fosse esse tipo. -Ela disse, parecendo exageradamente pasma.

-Que tipo? O tipo que usa calcinha e sutiã? -Retruquei com humor.

-Não, o tipo ousada.

-Anahí, você me ofende. -imito um tom de voz magoada.

-Ora, Desculpe. 

-Vamos entrar. -Digo, sem mais delongas.

Entramos e disse para Anahí usar sua apurada observação e não deixar passar nenhum pedaço de renda sequer. Precisava encontrar a lingerie perfeita.

-Não acredito que estou aqui com você. -Disse Anahí, inspecionando conjunto por conjunto numa espécie de cabide giratório. -Essas não. -E foi para o próximo.

-Achei que você seria a pessoa perfeita pra isso. -Dei de ombros enquanto a seguia.

-E sou. Em qualquer coisa que envolva shopping e sensualidade, eu sou especializada. -Ela disse e eu sabia disso-  só não esperava que estaria em um Sex-shop com Dulce Maria. Por essa realmente eu não esperava.

-Não é um Sex-shop, Any. É uma loja de lingerie, apenas! -Sussurro.

-E um Sex-shop.

-Any! 

-Se você quer fingir que é uma loja de lingeries inofensiva, tudo bem. Mas também é um sex-shop inofensivo.- Ela dá uma risadinha.

-Certo, tudo bem. -Meu rosto começava a ganhar uma cor escarlate, pelo menos estava com Anahí e a vergonha não seria tanta.

-Espere. -Anahí parou de movimentar suas mãos hábeis entre as rendas e me olhou como se uma lâmpada tivesse acendido em seu cérebro. -Não acredito que está aqui porque deixou suas calcinhas em Paris. Quer uma lingerie para Christopher? -Ela me olhou com a pura maldade no oceano azul que eram seu par de olhos.

Olhei para ela, por um segundo desconcertada. Eu sempre fora muito conservadora com minha vida íntima, entretanto, aquela mulher à minha frente ainda era Anahí, minha melhor amiga. Era como se os anos não tivessem passado, ou não foram suficientes para cortar a ligação que tinha com ela, de repente me dou conta disso e fico feliz.

-Eu o convidei para jantar, e que depois passasse a noite comigo. -Falo, dando um sorriso sapeca.- Hoje.

Anahí arregala suas jóias azuis e o sorriso de dentes perfeitamente alinhados e brancos se escancara.

-Ai, meu Deus. Por que não disse logo!?

E me puxou pelo braço em direção a uma vendedora que ela parecia conhecer pela forma que a cumprimentou, sorri para ela meio sem graça e ela me devolveu o sorriso, suspeito que já tenha passado por isso várias vezes.

Do Outro Lado Da Chuva | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora